XXII

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Oi, vidinhas.
Desculpem a demora.
Espero que gostem. 🩷


Segundo a psicologia jurídica, muitos relacionamentos amorosos começam com paixão e idealização, ou seja, idealizar é, em suma, enxergar no outro o que você deseja — e não as reais qualidades que a pessoa apresenta naquele momento.

Jungkook saiu do quarto sentindo que seu coração havia ficado para trás, junto aos cacos e móveis quebrados, junto às lágrimas de Taehyung. O moreno sentia um vazio inexplicável dentro de si, somente a dor fazia morada no lugar do seu coração.

Era pra doer tanto?

Havia pago uma cadeira de psicologia jurídica, na época da faculdade e, agora, enquanto dirige com a não enfaixada porcamente e as lágrimas embaçando sua visão, tem flash's de memórias sobre a idealização do amor.

Ele idealizou Taehyung?

A culpa era sua por colocar expectativas?

Não!

Não era.

Sentia-se um idiota, os pensamentos de que, se o homem tivesse sido sincero desde o começo e lhe falado as reais intenções, talvez, apenas talvez, ele teria perdoado e seguido em frente.

Sua garganta estava fechada, como se uma adaga estivesse pressionada em sua traqueia — chorar já não fazia o efeito que deveria fazer; o de colocar para fora toda a dor.

Pelo contrário, quanto mais as lágrimas insistiam em cair, mais ódio ele nutria.

Seu peito se contraía, mas não pôde identificar se era por causa da cirurgia recente ou se os seus sentimentos lhe deixavam a mercê de todo aquele clichê de um término mal resolvido.

Dirigiu por cerca de três horas, parando somente ao avistar as enormes palmeiras da propriedade de seus avós — o vento gélido lhe fazia tremer de frio, afinal, estava apenas com uma bermuda de tecido fino e uma regata preta. Estacionou a Mercedes de qualquer jeito, caminhando a passos rápidos até subir uma pequena colina, rodeada por cerejeiras e uma elevação desigual, ali, enquanto encarava o túmulo feito com mármore negro, deixou toda a dor lhe consumir. O grito alto e doloroso escapou de sua garganta, trazendo a tona os acontecimentos de horas atrás.

A ponta dos dedos deslizaram lentamente pelo material negro, numa espécie de carinho singelo — Jungkook piscou os olhos, deixando as lágrimas caírem, sentou-se em um amontoado de barro, pouco importando-se em terminar de sujar sua bermuda branquinha, maculada com os respingos do sangue de outrora.

— Olá, irmão.

Duas garrafas de soju foram posicionadas em cima do túmulo, Jungkook abriu ambas, derramando um pouco no solo, deixando uma intacta no túmulo e virando a outra goela a baixo. O queimor do álcool não lhe incomodou, pelo contrário, sentiu alívio.

— Ja faz um bom tempo, não é? — Sorriu, encarando as informações contidas na lápide. — Sinto muito pela demora. Eu fui covarde por tempo demais.

Outro gole.

— Eu falhei com você de todas as formas, Wonwoo... — Apertou o próprio joelho, tentando, de forma escassa, deixar sua perna parada; estava tendo uma crise de ansiedade. — Seu filho está me dando um pouco de trabalho, acredito que ele tenha puxado as suas características e personalidade. — Gargalhou, soluçando quando as primeiras lágrimas voltaram a molhar sua face. — Eu tenho um filho agora, sabia?

Blood, Sweat & TearsOnde histórias criam vida. Descubra agora