Uma noite agitada parte 3

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Definitivamente a vida está voltando aos eixos. Era como se a terra tivesse simplesmente parado de girar.
A sensação dos últimos quatro anos era a de que eu estava a deriva como um náufrago em meio a um oceano sem ondas, perdido, eu estava letárgico após o choque de descobrir que anos da minha vida simplesmente desapareceram, me senti infeliz, frustado, tive ódio de quem me deixou daquela forma, senti ódio de mim por não lembrar, mesmo que eu não soubesse do que eu precisava lembrar, eu apenas queria ter aqueles 4 anos que me foram roubados de mim. Aquela perda pra mim foi desesperadora, eu só queria a minha vida de volta, mesmo que ela fosse uma merda, ela era a minha vida. Eu queria muito saber se eu me sai bem apesar de tanta coisa contra mim.

Mas em um primeiro momento eu não tinha disposição para nada, meus primeiros meses foram angustiantes, repleto de raiva por estar em uma cadeira de rodas, de estar sem memória, de não ter confrontado o meu pai antes de sua morte, sem ter alguém de confiança para falar sobre minha vida, se eu tinha amigos , namoradas, namorados, extraterrestres , enfim, qualquer informação, tanto a Eun quanto a minha mãe não contam, eu não confio nelas, não confiaria a ela nem coisas simples, quanto mais algo sério.
Meus pais sempre foram escrotos, duvido que algo tenha mudado e se mudou alguma coisa preciso analizar se tem alguma intenção oculta, pois sempre tem, e eles desde cedo me fizeram entender isso, quando estavam presentes com certeza precisavam de algo ou iriam para longe, a técnica do puxa - empurra, eu odiava isso. A Eun é uma louca, obsecada, no momento em que ela disse que estávamos próximos sabia que tinha algo muito errado, nunca confiei em nada do que ela disse, confio no Sehun do início da adolescência, eu não devo ter feito nenhuma merda gigante para mudar minhas opiniões. Prefiro confiar no meu sexto sentido. Esse nunca me abandonou.

Nos primeiros meses me senti despido, sem ao menos que eu pudesse reagir aos olhares e comentários piedosos e nojentos dos quais fui alvo
" Nossa tão jovem e na cadeira de rodas" " Como um rapaz bonito desses está assim, que desperdício de beleza" e tantos outros. O fato é que as pessoas conseguem ser extremamente crueis fingindo serem boas e benevolentes. As intenções humanas são questionáveis.

Mas agora que estou de volta a Seul me sinto vivo, meu corpo parece ter acordado, minha mente está dando sinais de que eu não perdi para sempre minhas memórias e sim que elas estão apenas enterradas, como se houvesse um desmoronamento de terra e tudo estivesse lá, vivo, ainda dando sinal de vida.

Rever o Jae me confirmou algo que desde que o vi no hospital ao acordar eu senti, ele me comove, me abala, meu corpo reage a ele. No momento em que eu soube que ele era meu namorado tudo se encaixou, ao ver suas fotos, os vídeos nossos, a gente junto eu quis lembrar, quis ficar de pé, dia após dia ele foi o meu motivador, minha meta era ficar de pé e conhecê lo, queria ver se seus olhos iria brilhar ao me ver como brilhou no hospital, e eles brilharam, ele é a chave, ele é a minha cura e só de estar perto dele tudo parece se encaixar, tudo faz sentido.

Fico imaginando como era a minha vida, quais foram as minhas escolhas, o que aconteceu para que eu me transformasse naquele cara, mas ao olhar pro Jae e ver ele me olhando eu tenho certeza que algo bom eu devo ter feito, seu olhar apaixonado me comove, me emociona.

Quando eu volto para junto do Jar, do Wookyu e do Kwang tenho certeza de que ele ficará abalado. Ao olhar pro Jae o vejo aflito, assustado, naquele momento lembro do rosto dele no dia do acidente e esse olhar me angustia, ele corre ao meu encontro.

- Meu Deus, Sehun, o que aconteceu? ~ Seus olhos transbordam com as lágrimas que lavam seu rosto. Mas algo naquele rosto me tranquiliza, apesar da tristeza aqueles olhos brilham e meu coração dispara.

- Não foi nada sério Jae. ~Tento tranquilizar ele nos decidimos sair do evento, o Jae a todo custo quer me levar ao hospital ja que o escroto do Kwang disse que eu precisarei de pontos. Seguimos para a rua principal para pegar um táxi e quando estamos perto da saida somos abordados por um segurança que solicita que eu vá a sala de segurança do campus.

Arriscando Tudo book 2Onde histórias criam vida. Descubra agora