Capítulo 29 - Invictus

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POV MON 

— Eu não quero um diagnóstico provável, Dr Hyun, muito menos um tratamento recomendável. Eu quero que Sam volte a enxergar!

— Kornkamon, isso não é tão simples quanto eu gostaria.

— Mas o que é tão impossível, assim?! Você não pode, sei lá, simplesmente arranque as minhas córneas e opere nela! — Estava sendo difícil pensar de forma racional há alguns dias.

— Isso não resolveria o problema.

— E o que resolveria?! Quem são os outros médicos que você já discutiu o caso de Sam? E se nós transferirmos ela para a Inglaterra?

— Você acha que a equipe daqui não é competente para este caso?

— Eu acho, Dr Hyun, que se for preciso espremer o pescoço do diabo para ter a visão de Sam de volta, eu descerei até o inferno! — Meu punho acerta a mesa com força na explosão de fúria que estou sentindo.

— Mon? — A mão de Ravi toca o meu ombro em sinal de alerta.

— Dr. Hyun? — uma voz a parte interrompe a reunião. — A paciente Samanun está apresentando um período de agitação. Ela já desceu da cama, está arrancando os dispositivos, estamos prestes a contê-la mecanicamente. Podemos fazer meia ampola de diazepam?

— Negativo, Seoul, está proibido qualquer tipo de depressor para esta paciente. Acione a equipe de psicologia.

— Se chegarem perto de Samanun com qualquer tipo de contenção mecânica, aí sim vocês irão arrumar um problema sério neste hospital! — eu me levanto com a voz mais afiada do que uma faca.

— Elas estão seguindo o protocolo, Mon... — Ravi sussurra ao meu lado e eu o ignoro.

— Estou indo para o quarto, acalmá-la. — Aviso a enfermeira antes de me voltar para o médico com quem conversava. — Eu entrei em contato com outros dois especialistas, na coreia e na inglaterra, você deve receber uma chamada amanhã antes do almoço.

— Como conseguiu isso? — Meu cunhado pergunta assim que saímos da sala.

— Todo mundo tem um preço, Ravi. — Sigo pelo corredor em direção ao quarto de Sam apertando todos os borrifadores de álcool pelo caminho porque estou irada, eu queria quebrar alguma coisa e não posso.

Aperto minhas mãos uma na outra enquanto deslizo o álcool em movimentos quase obsessivos. Não sei o que vamos encontrar hoje, já estamos aqui há quase uma semana. No primeiro dia Sam pareceu otimista de alguma forma, confiante de que as coisas melhorariam, mas isso não durou muito e no dia seguinte ela esteve excessivamente calada. Para nos deixar ainda mais aflitos, ela apresentou um pico de pressão alta e teve de passar a noite na unidade intensiva. Então hoje eu estava receosa sobre o que poderíamos encontrar.

— Ela deve estar cansada, conheço minha irmã, ela quer ir para casa. — Ravi fala baixo enquanto me acompanha.

— Você acha que seria viável?

— Ela já está praticamente no final dos corticoides... Talvez seja possível.

— Vou conversar com a equipe sobre a possibilidade depois, agora, vamos ver como ela está.

Respiro fundo antes de girar a maçaneta da porta. Ao entrarmos no quarto, somos surpreendidos com uma imagem inesperada. Sam está em pé, com os cabos do monitor soltos como se tivessem arrastado tudo pelo caminho, o monitor está no chão. Há sangue respingado pelos lençóis brancos e por todo lado, ela puxou o acesso venoso. As bolsas de soros estão no piso e as pulseiras de identificação todas arrancadas. Ela está descalça, segurando o suporte de soro para tentar caminhar. Seus movimentos são tão desgovernados e fortes que a equipe está com receio de se aproximar e acabar se machucando, ou até machucando a ela.

FIRE LOVE - MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora