Capítulo 25 - Diálogo

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POV MON

Ela me olha de um jeito acuado, surpreso, e cheio de outros sentimentos que ainda não quero decifrar. Me sinto cansada com a soma das coisas, essa descoberta de última hora, o voo que nunca era fácil, a implicância do Sr. Avery com a mudança do nome da empresa. Eu estava realmente cansada e me sentindo enganada de um jeito nada bom.

— Nós não teremos essa conversa aqui no aeroporto. — aviso a Sam e saio na frente com a babá logo atrás de mim.

— Mon... — ouço seu chamado, mas eu não paro de andar.

— Eu preciso passar primeiro no escritório.

— Você precisa me deixar explicar. — sua voz está carregada de angústia.

— Eu não preciso nada, Sam. Você teve pelo menos quinze dias! — Paro de caminhar para olhar em seus olhos. — De quanto tempo mais você precisava?!

Ela se assusta com o tom da minha voz, assim como eu mesma. Algumas pessoas que estão passando também me olham estranho e eu sinto meu rosto esquentar na mesma hora. O que estava acontecendo comigo? É claro que não queria falar daquele jeito, mas naquele instante eu agia como alguém fora de controle, ferida com uma omissão que não conseguia entender e cansada de estar vivendo uma vida cercada de pessoas que eu não sabia mais se deveria ou não confiar.

A ideia de que Samanun fosse mais uma dessas pessoas estava me enlouquecendo. Como eu suportaria isso depois de amá-la? Parecia que minha capacidade de julgamento estava quebrada. Todos os meus instintos negavam a possibilidade daquela mulher estar me enganando, e ainda assim o fato não podia ser ignorado. Ela sabia de uma verdade que envolvia a todas nós e havia escolhido não dividir comigo. Se esse pequeno detalhe não contava como uma mentira, certamente também não estava na categoria de coisas mais honestas.

Nós duas estamos trocando um olhar intenso, silencioso e cheio de palavras a serem ditas. Ela não se aproxima, parece ter percebido meu estado e agora está tentando evitar que o caos cresça ao ponto de se tornar incontrolável.

— Se você me der uma chance, eu posso tentar explicar. — ela quebra o silêncio dando um passo em aproximação, seus olhos estão brilhando com lágrimas contidas.

— Você teve tempo para pensar no que quisesse, eu ainda não tive esse tempo. Soube disso horas atrás antes de sair de Londres. Talvez, agora seja eu quem precise de um pouco de tempo. Então, primeiro eu irei resolver os problemas do escritório e quando eu me sentir pronta, nós poderemos conversar.

— Certo... — Ela engole em seco antes de prosseguir. — Hum... Posso, pelo menos, levá-las até o seu escritório? — Sua voz soa baixa, com um toque angustiado.

— Não será necessário. Austin já veio me buscar e deve estar esperando lá fora.

Minha resposta espontânea que tinha uma intenção apenas informativa a alcança com outro tipo de impacto. Não consigo pensar o que posso ter dito de diferente para que sua postura mude completamente. Observo seus ombros se encolherem, ela afunda as mãos nos bolsos e desvia o olhar rapidamente para um ponto vago no chão. Seus cabelos caem naturalmente sobre parte do seu rosto, quase ocultando completamente suas expressões neste momento. No entanto, antes que ela conseguisse escondê-las por completo, ainda posso captar brevemente uma sombra de dor em seus olhos.

— Claro... Você pode me ligar quando quiser conversar, a qualquer momento. — ela tentou forçar um sorriso e aquilo pareceu ainda pior.

— Sam?

FIRE LOVE - MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora