FIRE LOVE - MonSam

Capítulo 18 - Missão

POV MON

- Senhora Pohn? - Não consigo formular uma pergunta completa.

- Não, não, não. Isso não deveria estar acontecendo. - Pohn olha para o nada, parece ter entendido a cena melhor do que eu, mas o que ela entendeu se ninguém disse nada?

- Senhora Pohn? - Ainda estou imóvel, com medo de descobrir que isso não é um uma simulação de incêndio, com medo de que alguma coisa tenha relação com Sam.

-Lia?! Lia?? Ligue para Tee! Ligue para Tee agora! - a mulher à minha frente começa a se levantar e eu vejo que seus dedos estão trêmulos.

- Senhora Pohn? - pergunto pela terceira vez, preciso urgentemente de uma resposta.

- Mon... - Ela olha no fundo dos meus olhos antes de continuar. - Samanun nunca perderia uma chamada daquele telefone. - E é tudo o que diz antes de se virar para ir até Lia que está com o aparelho já estendido em suas mãos.

- Tee? Onde está Sam? - Pohn é tão direta que me assusta - O que? Como assim ela te enviou uma mensagem dizendo que está com a Mon? Quando ela te enviou essa mensagem, Tee?

          Saio da mesa sem sentir minhas pernas. As informações estão se conectando como um quebra-cabeça, mas a imagem do fundo é aterrorizante demais para que eu aceite. Não posso encaixar as peças e por isso vou em buscar de Luna no carrinho, preciso de calmante de novo. Ela estica seu corpinho, surpresa com o contato repentino, mas se aconchega nos meus braços e volta a dormir. Estou respirando seu cheiro sem olhar para senhora Pohn, mas ainda consigo vê-la com a visão periférica enquanto anda de um lado para o outro.

- Ele já saiu daqui. - a mãe de Sam ainda está na linha com Tee. - Sim, assim que possível!

       A ligação se encerra e eu me sinto mais perdida do que nunca. Todos os meus piores pressentimentos estão sorrindo para mim, aumentando as doses de medo. A senhora tem um rosto sem cor e olha para Lia numa conversa muda que só elas entendem. Não quero perguntar nada mais, não sei se posso lidar com as respostas. Eu estava perdendo de novo, como antes quando perdi todas as pessoas que amava.

- Eu vou voltar para Bangkok. - A mais velha fala, finalmente.

- Vamos organizar as coisas, mas a senhora não conseguirá voar esta noite, Pohn. - Lia tem um olhar despedaçado. - Há uma tempestade sendo noticiada pela costa, logo sentiremos aqui também. Na verdade, eu não sei se o próprio Sr. Baramee conseguirá voar assim!

       O silêncio volta a dominar o espaço, agora parecendo pesado demais para todos nós, quase insuportável. A única pessoa protegida é a coelhinha, alheia ao mundo, ela não pode sentir a neblina de angústia que está se espalhando pela casa. Eu me concentro na pequena em meus braços, estou tentando roubar um pouco de sua serenidade. Vai ficar tudo bem, não é? O celular da Sam deve ter quebrado. O senhor Baramee é super protetor, ele correu por precaução, certo? Ela está bem! Ela está bem! Ela tem que estar bem! É claro que ela está bem.

      Meus pensamentos estão todos fora do lugar e eu não me lembro como se faz uma oração, então decido repetir " ela está bem" por todas as horas seguintes. Estou sussurrando essas palavras no ouvido de Luna, depois para a chuva que começa a cair lá fora, para o relógio que se arrasta, para as paredes vazias, para os meus dedos que não se aquietam e se arranham ao ponto de surgirem pequenas feridas nos cantos. Mas é como estar em coma de novo, estou vivendo a noite mais longa da minha vida.

       Sam, a filha da senhora Pohn, protegida da senhora Lia, protetora da coelhinha, minha salvadora e meu amor... Ela tinha decidido se envolver em uma investigação presencial sobre uma tentativa de assassinato e que diabos eu estava pensando? Porque não a impedi? E se a pessoa que queria me ver morta, também quisesse a ela por ter se aproximado de mim? E se tivesse conseguido? NÃO! Isso não poderia ser! Ela está bem. Era só um problema nas linhas de comunicação. Ela deveria ter atendido seu pai, pois aquela ausência de resposta tinha sido informação o bastante para o comandante, que havia partido sem trocar uma palavra.