"Oi Jesus, sou eu de novo. São três da manhã e eu não consigo dormir. De início eu pensei que era para eu orar pelo Jonas, depois dessa loucura de hoje, mas, de alguma forma sei que não é só por ele que devo orar. Eu nunca senti um desejo tão forte assim de orar pelo homem que um dia será meu marido, mas aqui estou eu, com esse desejo... Senhor, então eu te peço que, se ele estiver preste a cair em alguma cilada do maligno, que o Senhor venha livrá-lo, dê forças para ele, guarde o teu filho – e meu futuro marido. Não o deixe cair em tentação, livra-o de todo o mal"
Quando Arun saiu de casa, estava duas horas atrasado, seus amigos não paravam de ligar perguntando onde o rapaz estava. Todos sabiam que a festa só ficaria boa depois de meia–noite, então ele não iria chegar antes disso. Só que ele não sabia que se depararia com um rapaz praticamente se jogando na frente de seu carro, bêbado, que não lembrava nem sequer o seu nome. Era por esse e outros motivos que ele não bebia. Ia para as festas, fazia as mesmas loucuras que todos de sua idade, mas completamente sóbrio. Ele sabia que quando encontrasse Larissa estaria completamente encrencado, a garota tinha ligado treze vezes desde que ele encontrara o tal de Jonas.
Após deixar o rapaz e a garota em casa – dando graças por ela ter dito que dormiria ao lado, não precisando levá-la para sabe-se Deus onde ela morava – ele foi imediatamente para a festa, onde encontrou os seus amigos de longas datas. Estava feliz por estar de volta ao Rio de Janeiro depois de anos morando em Curitiba. Ele havia deixado o Estado para cursar Direito, cinco anos antes, mas estava lá em todas as férias e feriados possíveis. Agora ele havia retornado, para dar continuidade aos seus estudos, fazendo mestrado na mesma universidade que a Larissa estudava. Quando perceberam a presença do rapaz a alegria foi clara, todos estavam igualmente felizes – até mesmo Larissa, apesar de estar brava com as quatro horas de atraso.
– É uma longa história – ele respondeu, após a garota demonstrar sua revolta.
Ela baixou a guarda e lhe deu um abraço apertado, estava com saudades dele e dos encontros que costumavam ter – e algo a deixava confiante de que naquela noite eles teriam mais um de seus momentos especiais.
Com um copo de refrigerante, ele caminhou ao lado dela até a roda onde seus amigos estavam jogando. Arun revirou os olhos ao perceber qual era o jogo, eles pareciam nunca crescer. Preferiu se afastar antes que eles o fizessem jogar aquele negócio, pois fora assim que ele começara a ficar com Larissa, com dezesseis anos. Ele não se arrependia de ter ficado com ela, gostava da garota bem mais do que queria, mas, ainda assim, preferia sair de perto. Verdade ou desafio não era uma das melhores brincadeiras para ser jogada quando seus amigos estavam completamente fora de si, por causa da bebida.
– Ei – Larissa pôs os braços ao redor do pescoço dele. – Não quer ir lá para casa essa noite? Minha colega de quarto não estará lá hoje.
Ele passou os braços ao redor da cintura dela.
– Você sabe que eu não consigo dizer não para você, não é mesmo?!
Com um sorriso triunfante no rosto, ela pegou a mão dele e o levou em direção a saída.
Arun não era de ficar com muitas garotas, quando estava na faculdade procurava realmente se dedicar aos estudos, sem muitas distrações, mas quando ia para o Rio... algo dentro dele mudava. Bastava olhar para Larissa que seus meses de completo celibato iam por água abaixo e, sinceramente, ele não se importava com isso, de fato precisava alimentar a carne que ficava tanto tempo intocada. Mas, naquela noite havia algo estranho com ele. A caminho da casa da jovem, ele começou a sentir um desconforto que jamais sentira antes. Algo que não conseguia explicar, era como se o que ele fosse fazer se tornara errado de repente. Afastando os pensamentos sabotadores, ele tentou se concentrar na noite que teria com ela. Ele gostava de Larissa, não diria que era completamente apaixonado por ela, mas já fora. Ele ainda se lembrava de quando começou a despertar o sentimento, ainda era um adolescente de dezesseis anos, mas a jovem começou com essa história de que não precisava de homem para ser feliz e o desanimou. Já estavam há anos "juntos", mas ela preferia nunca assumir um relacionamento sério com ele, dizia que da forma que estava era mais divertido. Já ele, ficara com ela uma vez, aos dezesseis anos, e depois que ela não quis o relacionamento ele parou com, até então, os beijos "inocentes", mas depois de passar dois anos na Índia, com os avós, voltara completamente diferente para o Brasil e quando viu, já estava com ela em sua cama. Foram dois anos que o mudou completamente, tudo que ele dizia que jamais faria – ficar com uma garota apenas para alimentar sua carne – ele começou a fazer. Era claro que se, no ano em que ele voltou, ela tivesse mudado de ideia a respeito de um relacionamento, ele teria a pedido em namoro – talvez hoje estariam até mesmo casados –, mas como isso não ocorreu. Com o passar dos anos ele foi percebendo que era melhor assim. Todo o encanto cego que ele tinha por ela foi se perdendo com o tempo, mas de alguma forma ainda era bom estar com a garota.
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Meu romance à moda antiga 1: além das fronteiras (COMPLETO)
RomanceAté seus 18 anos, Arun era um jovem dedicado à obra de Deus, com o sonho de viajar o mundo em missões e pregar o evangelho a todos que quisessem ouvir. No entanto, sua vida mudou drasticamente após uma viagem para sua terra natal, na Índia. Retornan...