O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
1 Coríntios 13:4-6
As semanas seguintes foram uma completa maravilha na vida de todos ao redor de Noemi. Descobrira que sua filha estava sendo aluna destaque na escola, que Aísha e Jonas estavam cada vez mais próximos – apenas como amigos –, seu pai havia se tornado o cirurgião chefe de seu trabalho e ela estava preste a ganhar uma promoção de Francine, sua chefe. Tivera muitos motivos para glorificar a Deus naqueles últimos tempos, além do motivo principal, que é a Sua infinita graça, amor e misericórdia. Sua vida estava bastante tranquila em todas as áreas.
Arun começara a frequentar os devocionais dela e da filha, o que fizera ela passar todas as suas quintas em pura ansiedade para chegar logo a hora. Seus outros amigos apareciam em algumas semanas, mas não eram em todas como Arun estava fazendo. Ela percebia que o comportamento dele com ela havia mudado bastante, ele já não estava mais fazendo as indiretinhas, insinuando que gostava dela, na verdade, ele a estava tratando como uma bela e simples amiga. Isso até se tornara algo bom para Noemi, pois assim ela não ficava sempre envergonhada, mas também fizera ela pensar bastante no porquê da mudança dele. Talvez fosse a mesma coisa que os outros, depois que ele ouvira a opinião dela sobre o namoro percebera que ela não valia tamanho sacrifício. Pensar nessa possibilidade a deixava triste, mas não tanto quanto no início de sua juventude. Agora ela já estava com os pensamentos e opiniões mais formados e firme, então sempre encarava os "nãos" da vida como livramento de Deus.
Naquele dia era mais uma quinta e ela estava sentado na grama, após o devocional. Noemi alternava a visão entre a filha, que encontrara um coleguinha da escola e estava brincando com ele, e seu diário. Aquele era o sexto que começara a escrever desde que a mãe entrou em coma. Queria registrar tudo sobre ela e sua irmã, para que a mulher pudesse ler e saber um pouco como elas haviam crescidos. Ela buscava sempre colocar fotos e desenhos da Valentina lá, para que a mãe pudesse perceber o carinho entre elas. Naquele dia em especial ela estava narrando como estava indo o desenvolvimento da filha na escola, como estava se destacando e tirando notas altíssimas, mesmo tendo estudado boa parte da vida com Noemi – que não se julgava a melhor das professoras – ela estava em um nível maior que seus coleguinhas de classe, que estudaram a vida toda em escolas.
Arun se juntou a ela na toalha de piquenique no chão.
– O que está fazendo?
Ela fechou o diário imediatamente, aquilo era algo só dela.
– Não é nada – ela respondeu, colocando o diário atrás das costas.
Ele decidiu não insistir no assunto, sabia que ela não gostava quando ele fazia muitas perguntas sobre ela e a vida dela.
– Posso te fazer uma pergunta? É sobre a Vavá – ele logo explicou, antes que ela dissesse que não. Ela permitiu. – O que aconteceu com ela? Sei que ela tem os movimentos das pernas, já percebi isso.
Ela olhou para a filha na cadeira de rodas. Queria poder tirar ela de lá, mas a menina nunca queria. No último ano ela vinha se recusando a usar o andador, o que estava fazendo suas pernas atrofiarem gradativamente. Noemi já não sabia mais o que fazer com ela.
– Ela nasceu com uma má formação na coluna. Ela até consegue andar, mas leva o triplo do tempo que uma pessoa normal. Não que ela não seja normal, mas acho que você me entendeu.
– E por que ela não está andando agora?
O semblante de Noemi caiu.
– Eu não sei, já tentei fazer de tudo para ela usar o andador, mas nada funciona.
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Meu romance à moda antiga 1: além das fronteiras (COMPLETO)
RomanceAté seus 18 anos, Arun era um jovem dedicado à obra de Deus, com o sonho de viajar o mundo em missões e pregar o evangelho a todos que quisessem ouvir. No entanto, sua vida mudou drasticamente após uma viagem para sua terra natal, na Índia. Retornan...