Capítulo 13

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Arun estava no quarto da casa em que os padrinhos e o noivo foram para se arrumarem juntos para o casamento, terminando de se trocar. Assim como todos de sua família, ele estava com trajes tradicionais indiano, desenhado pelo noivo. Estar vestido naquela roupa lhe fez ansiar ainda mais por sua volta à Índia, onde enfim poderia seguir o seu propósito. Mas sabia que ainda não era o tempo. Deus não lhe tinha dado resposta alguma sobre ele voltar para seu país, apenas lhe direcionara ao sertão nordestino. Ele sabia que o Brasil também precisava muito ser evangelizado. Era quase impossível de acreditar que em um país tão livre quanto esse ainda havia pessoas sem conhecerem de fato quem é Jesus. Isso era triste. Mais do que triste, vergonhoso para os cristãos. Por isso se sentira inclinado a ir para o lugar. Mas, mesmo tendo isso em mente, ele tinha certeza de que esse país – o Brasil – era temporário.

Seu lugar era na Índia, pregando o evangelho para aquelas pessoas, que muitas delas nunca nem ao menos ouviram a nome Jesus, quem dirá saber quem Ele era e o que fizera pela humanidade. Pedia diariamente a Deus para prepará-lo para seguir seu caminho, honrando o nome de Cristo, para não o deixar fazer outra coisa errada, para guiá-lo.

Foi com esses pensamentos ainda em mente que ele ouviu seu cunhado entrar no quarto. Jonas estava nervoso, era claro, mas ao mesmo tempo muito feliz. Feliz por enfim estar se casando com o amor de sua vida. Feliz, acima de tudo, por ter encontrado a redenção. Feliz por estar vivendo o que jamais imaginara viver um dia. Nada que ele fizesse nessa vida poderia ser capaz de retribuir tudo que Cristo estava fazendo por ele.

Era loucura pensar que naquela mesma data, há pouco mais de dois anos, ele estava em um lamaçal de pecados, achando que aquilo era vida. Quando na verdade quem lhe mostrou o que era vida foi Jesus – e de brinde ainda lhe deu a mulher mais incrível que ele já conhecera.

O que antes fazia ele ter raiva de Aísha, hoje era um dos motivos para ele a amar mais ainda. Se ela não o tivesse recusado, quando a carne dele falou mais alto, querendo muito mais que um beijo, fazendo até mesmo ela escolher entre ele e Deus, hoje eles com certeza não estariam ali. Estariam com lembranças de um passado bem pior, com marcas que iam além da alma – e talvez ambos desviados. Agradecia a Deus pela posição de sua futura esposa – e ao mesmo tempo pedia perdão, por ter se envolvido com tantas mulheres, para tentar se vingar dela.

– Já está pronto? – Arun perguntou.

– Sim. Vim te buscar para irmos logo, soube que sua irmã já chegou.

Arun sorriu. A pontualidade de Aísha era fora do comum.

– Então vamos logo, antes que ela pense que você desistiu do casamento.

– Ela jamais pensaria isso – o noivo sorriu.

No meio do trajeto até o carro do cunhado, Jonas lembrou-se de informá-lo uma coisa importante.

– Arun – chamou sua atenção –, não sei se sua irmã lhe contou, mas fizemos algumas mudanças nos casais de padrinhos que irão entrar.

Arun não precisou tirar os olhos do caminho para saber que seu amigo estava com um vasto sorriso no rosto, e entendeu tudo.

– Vocês não prestam – ele também sorriu. Não podia negar que queria muito falar com a pessoa em questão. 

– De nada!

...

Arun não conseguia acreditar que Aísha e Jonas conheciam tantas pessoas, era inacreditável a quantidade de gente presente naquele casamento. Eles convidaram a Baixada Fluminense inteira, só podia ser. As cadeiras estavam bem espalhadas por toda a extensão daquele jardim, debaixo de tendas, que lembravam os casamentos típicos de seu país natal. Ele, junto com os outros padrinhos e madrinhas estavam bem ao fundo, esperando a sua deixa para entrarem por aquela passarela criada com o tapete vermelho. Noemi ainda não havia chegado, o que o estava deixando inquieto. Quem tinha que se atrasar era a noiva, não ela! Imagina como seria no casamento dela, coitado do marido.

Meu romance à moda antiga 1: além das fronteiras (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora