Capítulo 5

52 6 27
                                    

"Oi, Jesus, sou eu de novo. Mais um mês se passou e nada da minha mãe sair daquele quadro. Meu pai parece ter esquecido de sua esposa, pois a cada dia que se passa o vejo mais próximo de Solange. No fundo eu já sei que eles têm alguma coisa, ele só não tem a coragem de me dizer. E é bom que não fale mesmo, não, porque não sei como irei reagir a isso. Mamãe não está morta, ele não tem o direito de fazer isso com ela. Por mais que todos pensem que ela nunca irá sair do coma, eu sei que irá sim. Eu tenho fé. O Senhor ressuscitou a mortos, fez cego voltar a ver, mudo falar. O Senhor pode fazer com que ela volte a vida. Faça isso por mim, por favor. Eu sei que não mereço, mas ainda assim eu te peço...

Traga minha mãe de volta a vida"

Dois dias depois, Noemi estava no ateliê onde estagiava. Ela sabia que o dia seria extremamente corrido, pois receberiam duas noivas e algumas madrinhas e padrinhos para tirarem medidas. Ela estava um tanto preocupada com o andamento das coisas, com Francine em viagem com sua assistente, o ateliê parecia estar uma completa bagunça. Eram planilhas indo de um lado para o outro, lista de materiais a serem pegos no estoque, sem contar a completa falta de organização de alguns funcionários em específico, era uma completa zona.

– Noemi – ouviu alguém lhe chamar e olhou na direção da voz. – Você ficará responsável por tirar as medidas do noivo e seus padrinhos, que virão essa manhã. – O homem de cavanhaque e cabelos grisalhos se virou para Juliana. – E você vai tirar a da noiva. – Continuou distribuindo as funções.

Noemi se apressou para terminar o que estava fazendo, para poder terminar antes do noivo chegar. Depois de organizar todos os tecidos por cores e tipos, ela varreu o estoque, passou pano, e preencheu as planilhas, colocando o que precisava ser reposto, quantos materiais ainda tinham, essas coisas. Tendo terminado tudo, correu para trocar-se, pois não poderia atender as pessoas naquele estado, colocou o blazer que todo funcionário do ateliê usava – um rosa, com a logo no bolso direito –, junto com um vestidinho em um outro tom de rosa, por baixo.

Ela estava passando pelo corredor quando Sr. Nelson disse:

– O noivo já está a sua espera na sala três. Leve a sua fita métrica, porque eu acho que a Violeta tirou as de lá de dentro.

– Pode deixar – ela deu meia volta para pegar a sua e foi para o lugar indicado. Com uma prancheta na mão, ela lia todas as ideias que o noivo já havia dito para Francine, junto com um simples esboço do terno do rapaz, desenhado por sua chefe. – O senhor me desculpa a demora, mas... – Ela olhou para a pessoa a sua frente, pelo reflexo dele no espelho. – Não me diga que você irá casar e eu não sabia!

Seria essa uma solução para suas preces?

Arun lhe lançou um sorriso de lado, achando graça da menina.

– Está para nascer a mulher que me fará subir em um altar – ele respondeu.

Ela ergueu uma sobrancelha, achando graça daquilo tudo. Então o que ele fazia ali?

– Nem a Larissa?

– Digamos que ela não é muito adepta ao sagrado matrimonio.

Ela riu, sabia bem a opinião da sua rival com relação a isso.

– Então o que você está fazendo aqui?

– O Miguel está em Londres e nós temos a mesma estatura física, então vim no lugar dele, mas na prova final ele estará aqui.

Ela assentiu e tratou de fazer logo o seu serviço – o mais rapidamente possível. Ela começou tirando o diâmetro da parte superior do rapaz, tomando bastante cuidado para não ter um contato indevido com o corpo dele. Sentia suas mãos tremerem em determinadas partes, o que só fazia com que o rapaz risse da cara dela. Isso não era culpa dela, ela ficava assim com todo rapaz que conhecia. Ter que tirar as medidas, tocar no corpo – de forma respeitosa, é claro – de um homem que não conhecia era bem mais fácil do que quando era de alguém que ela conhecia, ou tinha uma certa convivência.

Meu romance à moda antiga 1: além das fronteiras (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora