Capítulo 4

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Índia, abril de 2012

"Eu não tenho nem mesmo a coragem de te pedir perdão, sei que o que eu fiz é imperdoável, é por isso espero que o Senhor entenda que não consigo mais ficar em sua presença, não depois do que eu fiz. Essa é a minha oração de despedida..."

Rio de Janeiro, março de 2016

Um mês havia se passado e a correria seguia a solta na vida de Noemi e seus colegas de curso. Tendo que resolver questões relacionados ao desfile da Semana da Moda, eles passavam mais tempo na faculdade do que em suas próprias casas. Noemi conseguira convencer sua patroa a deixá-la sair mais cedo do trabalho para poder resolver as questões dos looks para o desfile. Estava tudo um tanto conturbado, já que moda vitoriana, tema daquele ano, não era algo que agradava muito a ela. Seu objetivo era focar na indústria casamenteira, produzindo vestidos de noiva, que era o que mais gostava de fazer, mas, quando fora convidada para o desfile sabia que não poderia recusar aquela oferta, mesmo vendo o tema como um desafio, que seria de muito útil em sua carreira.

Depois de muita insistência, conseguira convencer sua melhor amiga a participar do evento, desfilando para ela e Jonas, que era sua dupla no trabalho. Aísha não ficara muito contente em ter que trabalhar ao lado do rapaz, mas todos os dias pedia para Deus limpar seu coração daquela amargura com relação a ele. Ela precisava esquecer o passado e seguir em frente, por mais difícil que fosse.

Enquanto ela estava vendo seu reflexo no espelho, do outro lado da sala, o rapaz questionava sua melhor amiga.

– Você tinha mesmo que me torturar com a presença dela?

– Pensei que você não ligava mais para ela – alfinetou.

No fundo Noemi tinha a esperança daquele desfile curar algumas feridas que tinha se formado entre eles. Ela fizera amizade com Aísha bem depois de já conhecer Jonas e após saber que sua amiga era a mesma ex que o amigo tanto falava ficou perplexa.

– Pois é, eu não superei.

– Você não acha que está na hora de deixar isso no passado, não? Você sabe que ela não tem culpa.

– Ela que terminou comigo.

Noemi cruzou os braços e o fitou com reprovação.

– Você a mandou escolher entre você e Deus! Eu tenho muito orgulho da posição da minha amiga.

– Eu sei que fui um idiota. – Finalmente admitiu, soltando um longo suspiro de quem percebe que é culpado. – Mas... se ao menos ela tivesse ficado menos atraente...

Ela bateu com a régua nele, sorrindo.

– Vai trabalhar, em nome de Jesus.

– Isso é uma tortura! – Ele sussurrou enquanto se afastava.

– Ah, Senhor... resgata esse homem. É só isso que falta para ele ser melhor do que já é – ela murmurou, enquanto o via se afastar.

Ela voltou sua atenção ao trabalho, que precisava ser terminado o quanto antes. Fez uma lista de materiais que precisava comprar e depois correu para ajudar sua amiga a se trocar, pois elas teriam um debate naquela noite e precisavam se preparar. Juntas foram até o vestuário, tirar as muitas camadas de tecido de Aísha.

– Como ele está? – Aísha perguntou de repente. Vendo a cara de confusão que a amiga fez, ela se pôs a explicar: – O Jonas, como ele está?

– Não acha melhor você ir perguntar a ele?

Não, pensou Aísha. Ela tinha medo de chegar perto dele e acabar cedendo. Se passaram tantos anos desde que terminaram, mas aquele sentimento ainda permanecia dentro dela. Ele foi seu primeiro e, até então, único namorado. Na época ela já sabia que não devia namorar com alguém em jugo desigual, mas ela realmente pensou que poderia mudá-lo, isso até descobrir que só Deus pode mudar alguém. Na época, quando ele lhe mandara fazer aquela escolha, ela não pensou duas vezes e já pôs o fim no namoro ali mesmo, somente depois de alguns dias, depois da raiva ter passado, que ela realmente ficara mau. Mas, dois meses depois, quando ele assumira um namoro com outra, ela percebera que era a única sofrendo e decidiu que o esqueceria de vez – isso nunca aconteceu, mas ela estava tentando se manter firme, longe dele.

Meu romance à moda antiga 1: além das fronteiras (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora