Se correr o bicho pega

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- Eu gosto de como ela é nervosinha, vocês também? - Sinto de novo outro deles se aproximando por trás, dessa vez noto a máscara vermelha por cima do meu ombro enquanto o lutador me guia pela mão até o carro - Ela tem essa energia bruta. Não é, querida? - Ele beija minha bochecha, e tento me afastar indo para o lado do que segura minha mão - Você tá me deixando maluco com essa boquinha nervosa e tentadora. - Sua mão me puxa de forma que eu solte a do lutador, ele então me empurra contra o carro e desliza os lábios contra a pele do meu maxilar.

- Puta merda, você não me interessa, para com isso! - Eu empurro o Teletubbies gigante vermelho, mas claro que ele não se move, até meus joelhos estão pressos entre suas pernas, ou eu o chutaria bem no saco... Tão perto.

Ele beija minha bochecha sensualmente, de forma que a língua toque minha pele, sua mão gigante me mantendo presa contra a lataria do que parece ser um SUV.

- O que você acha de parar de resistir, bonequinha? - A outra mão dele vem até meus lábios, massageando-os . - Que tal ceder aos seus desejos de uma vez? - Ele sussurra ao erguer sua máscara o suficiente para deixar seus lábios me tocarem no pescoço, mas espera antes que o faça, aguardando que eu responda.

- As últimas pessoas que eu ficaria na terra é você e o tarado alí atrás. - Aponto para o mais perturbado assistindo tudo com um interesse bizarro, os olhos dele se fixando aos meus imediatamente.

- Entendi, você fez sua escolha. Mas me diz, se mal nos conhece, por que iria preferir o cara ao seu lado ao invés de mim? Você não me conheceu o suficiente ainda, eu mal tive a chance de te mostrar o quão bem eu posso lidar com uma garota como você. Como um homem de verdade lidaria... - O tarado vem em minha direção, meus olhos se arregalam e começo a me debater, quando o vermelho me solta dou a volta no carro em passos rápidos .

- Não se faça de idiota. Você foi o que mais me machucou até agora, quando me bateu contra a parede como se eu fosse um saco de batatas, quando me mordeu como se eu fosse um pedaço de carne. Se eu sou mesmo obrigada, claro que vou preferir o menos agressivo. Seja o cara do karatê ou o maconheiro que parece mal estar raciocinando a porra do mundo a sua volta.

- Qual é, enfia essa garota no carro de uma vez, cara. - O maconheiro fala num tom mais alto, sua voz irritada. Acho que toquei num ponto fraco - isso já tá demorando demais, e tá ficando difícil me manter sob controle aqui. - Ele ajeita a postura e vem pro meu lado.

Começo a me afastar para o campo atrás de mim,, sinto os pedregulhos abaixo do meu coturno. Uma boa escolha para essa noite, é minha chance.

Viro para o caminho entre as árvores, e corro como se minha vida dependesse disso. Bem... Acho que depende.

Não paro para olhar para trás, seria perda de tempo. Eu conheço parte dessa trilha, consigo ver certos caminhos da janela do meu apartamento. Talvez eu devesse ter tentado conhecê-la melhor, mas por Deus, eu odeio caminhar.

Está escuro demais, mas se eu ligar a lanterna do meu celular será uma pista óbvia.

Não ouço passos atrás de mim, mas não sou idiota de parar. Procuro meu celular no bolso para fazer uma ligação para qualquer alma e tentar pedir ajuda. Noto no mesmo instante que não estou mais com a merda do aparelho. Qual daqueles infelizes tem a mão mais lisa que um brasileiro comum?

Merda, estou cansada, eu não corro, não faço exercícios com frequência, e agora o universo deve estar rindo da cara dessa sedentária infeliz.

Meu trabalho é escrever em um computador, porra, eu jamais sobreviveria se ficasse perdida em uma floresta.

Onde é o final dessa trilha? Como vou fazer para sair daqui?

Eu já estou com sede, mas que porra. Meu coração nunca bateu tão rápida, estou hiperventilando.

Lilith's nightOnde histórias criam vida. Descubra agora