Playboys abusados

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Eu não sei qual é a dessa cidade, tudo aqui parece tão estranho.

É uma terra de energia esquisita, apesar de bonita, só Deus sabe a nuvem negra que paira sobre esse lugar.

Hoje faz exatos dez meses que recebi a oportunidade de vir para os Estados Unidos para trabalhar em uma emissora de TV famosa, isso por conta da minha matéria publicada sobre o marketing online e as artimanhas que políticos usam para serem eleitos.

Precisei entrevistar muita gente, inclusive uma empresa que cuidou dos algoritmos responsáveis pelos spans imparáveis nas redes sociais em forma de memes — o modo mais fácil e de pouco investimento para ganhar popularidade, ou seja, eleitores.

Entretanto o buraco foi se mostrando um poço sem fundo, uma informação confidencial caindo nas mãos da estagiária.

A minha matéria foi publicada na empresa jornalística nacional em que trabalhei por um ano durante a faculdade. O assunto explodiu pela minha cidade, jornais de todos os estados do Brasil entrando em contato comigo para autorização de usar a pauta e algumas das minhas informações também nas emissoras de TV.

Foi aí que uma multinacional chegou no meu Instagram com a proposta de vir para Thunder Bay, uma cidade a beira mar e cheia de rico maluco.

Aceitei a proposta, especialmente porque a publicação com o meu nome embaixo criou várias inimizades públicas. Ou seja, eu tava fodida se alguém me achasse.

Por sorte muitas outras emissoras usaram minha pauta e logo virou o maior bafafa em várias mídias, então minha família optou não me seguir. É meu nome pra jogo, não o deles.

No entanto eu logo notei o motivo de ter recebido a proposta de vir para cá. Esses ricos malditos estão cheios de segredos obscuros que escondem calando a boca dos jornalistas locais.

O que sai nos jornais não é nem a ponta do ice berg.

A emissora que me contratou visou mais o lucro que vai receber de fora e do estado se exporem algumas das falcatruas. Meu nome não será publicado com o que eu escrever ou publicar, tudo o que preciso fazer é agir como uma mera estrangeira com um nível de inglês duvidoso — Meu inglês é bom, apesar do sotaque.

Não precisei de muito para ter o início das informações. Todo mundo nessa cidade reclama dos filhos dos milionários daqui, famosos por aprontarem de tudo sem se importarem com as consequências. Ninguém mexe com a elite, certo?

Hoje é a tão aclamada Devil's night, a noite antes do Halloween que os playboys da cidade saem para atormentar os policiais, botar fogo nas coisas, se drogar e atrair as garotas desesperadas por fama.

Não que eu esteja julgando, mas certas famas não valem à pena.

Uma garota que conheci aqui me chamou para essa festa, parece que todos os jovens da cidade vão para fazer tudo o que seus pais um dia proibiram. Eu sinceramente preferiria ficar em casa hoje, não que eu não goste de festas, não gosto das festas daqui. Pelo menos não duram tanto e vou poder voltar à tempo de tomar meu remédio.

Meu aniversário de 22 foi regado a sorvete, vinho e minha parceira Netflix. Não gosto do jeito que comemoram aniversários por aqui, as festas são meio mortas e o bolo tem gosto de isopor.

Efim, tô saindo para uma noitada pela primeira vez em seis meses obrigada pela minha intuição jornalística.

Essa festa já vai ser a pré comemoração do Halloween, garotas ganham bebida em dobro se forem fantasiadas. Tenho informações a coletar, então vou precisar manter minha cabeça sã, sem beber demais. Minha fantasia é só para não atrair tanta atenção, sendo que ir sem atrairia bem mais atenção.

Lilith's nightOnde histórias criam vida. Descubra agora