Boa viagem

1.9K 160 30
                                    

Fico quieta durante longos minutos, a cidade está vazia, assim como a estrada que Michael pega. Acho que a fumaça que William assoprou na minha boca fez algum efeito, eu estou mais relaxada e as luzes da cidade estão mais bonitas.

Ou só estou com dificuldade de aceitar a realidade.

— Alguém liga a porra do rádio, hoje não é dia de ficar entediado. —  William reclama ao meu lado.

— Alguma sugestão? — O outro pergunta do banco na frente do meu.

— Sei lá, Kai. Tô chapado, só não põe coisa que vai me fazer dormir.

— Qual é, pessoal. Temos uma convidada especial. Deixa ela escolher a música pra entrar no clima. — Damon sugere e vem para o meu lado de novo — Não vai nos decepcionar, vai boneca?

— Minhas músicas não fazem o estilo de vocês. — Estou encolhida no banco sem tirar os olhos da janela, também estou ficando com sono.

E esse ar condicionado, estou congelando.

Ainda assim, não estou afim de compartilhar nada pessoal, nem mesmo o moletom que William joga no meu colo.

— Vamos ver o que ela tem na playlist dela. — O maconheiro maldito fala para o tarado atrás de mim, imediatamente me lembrando que estão com o meu celular — Dá seu dedinho aqui, não me faça pedir de novo, linda. Eu não vou vasculhar seus nudes, prometo.

— Não é só isso que é privado. Você não pode sair vasculhando os celulares das garotas assim. — Cruzo os braços indignada.

— Você vai me fazer te obrigar? — Damon cola a boca próximo ao meu pescoço.

Ele está sem máscara agora, posso ver seu dente brilhando com a luz da tela do meu celular, ele passa a língua na presa.

Quer dizer que William passou meu celular para ele, tem como piorar?

Eu nem mesmo resisto no momento que ele puxa meu braço e encaixa meu dedo no leitor de digital. Sinto a ansiedade voltando. Não tenho meus trabalhos gravados no celular, mas tenho meus contatos.

— Hum, uma playlist interessante. O que você prefere, bonequinha, Babydoll, ou Like you? — Ele tem um sorriso estranho no rosto, o som do bluetooth conectando no carro me faz fechar os olhos e respirar fundo — Diz ou eu vou escolher por você.

— Babydoll... Parece combinar com ela, não acha? Põe ai. — Michael fala e a música começa logo depois.
_Babydoll — Ari Abdul_

O neto do senador Grayson me olha com um sorriso de escárnio à medida que ouve a letra com atenção. Tento manter meus olhos longe dos dele, mas ainda posso vê-lo pela visão periférica. Ele estuda meu corpo, cada movimento do meu peito inspirando e expirando, as pontas mais claras do que o meu cabelo todo, O jeito como ele é todo liso e o cortado nos ombros, mas a frente é mais comprida e alcança minha clavícula, a franja repicada e curta sobre minha testa. Ele nem se esforça em fingir que não está dissecando cada milímetro do meu físico.

— Eu não sou a porra de uma boneca de vitrine.— Meu timbre sai agudo demais, como de uma criança birrenta. Nesse momento a mão de Damon ainda segura a minha,  até que ele se aproxima e me morde no ombro de novo. — Porra, isso dói, para com isso! — Choramingo com raiva.

— Quieta, pare de resmungar. — Ele diz — Você é nossa boneca essa noite, você nos pertence, posso fazer o que eu bem entender com você. E não vejo a hora de ser minha vez. 

— Vez do que? Para com isso, não tem graça ficar me machucando.

— Meu turno pra brincar com você, calar essa cabecinha. Você pensa demais, bonequinha, isso faz mal.— Torrance acaricia meu braço e depois desce seus dedos para a o meu colo — Você está gelada, vou te deixar quentinha pra mim. — Ele sentencia ao passo que solta o botão da minha calça.

Lilith's nightOnde histórias criam vida. Descubra agora