Em terra de cego quem tem um olho é rei

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(Will)

_Flash Back_

Dói.

Não é a primeira vez que apanho do Martin, apesar de ser a primeira que ele trouxe os amiguinhos para brincar também. Só que dessa vez tem meu orgulho e duas vidas em jogo. O jeito como o sangue de Sophie cobriu boa parte do vidro me faz tremer por inteiro, porra. Eu não tenho o poder de revidar, dois porcos me seguram com facilidade, já que meu corpo tá todo fodido pela batida, e acho que quebrei pelo menos duas costelas.

- Deixa elas em paz, seu problema é comigo, Mari nem fez nada pra você! - Cada palavra acentua o sabor de cobre na minha língua, droga tem muito sangue na minha boca.

É minha responsabilidade, eu tenho que proteger as duas, nada mais vai me importar se eu não conseguir salva-las, os caras vão me matar se eu não levar nossa boneca sã e salva. Qualquer punição será aceita se eu não for homem o suficiente.

- Vadias burras têm que saber seus lugares. - Um dos policiais responde ao meu lado, não sei bem qual, o sangue que escorre da minha sombrancelha formou uma cortina avermelhada que me impede de enxergar bem, e o zunido constante depois da cabeçada no volante...

Não sei como ainda estou consciente.

Caralho, como dói.

- Não tô nem ai sobre o problema ser com você ou com ela, o que me importa é a quantia que vai deixar minha conta bancária gorda depois que ela for entregue. - Outro deles complementa.

- Porra, eu arrumo o dinheiro. Qualquer quantia, me diz e até amanhã está na sua mão. - Tusso e o sangue da minha boca voa para o chão - Porra, não levem ela por favor, eu faço qualquer coisa.

- Tenha culhões, moleque! - Um deles acerta um tapa forte na parte de trás da minha cabeça, que faz o mundo girar à minha volta de novo, sou obrigado a fechar os olhos para não vomitar - Eu que não vou botar meu pescoço e da minha família na guilhotina por uma puta qualquer.

- E se fosse sua filha ou esposa alí? - Uso qualquer argumento para buscar qualquer humanidade dentro deles - O que te garante que ele não vai atrás dela depois?

- Calado, filho da puta! - O primeiro me atinge com uma bicuda nas costas, e dessa vez é impossível segurar o vômito.

Quando recobro o fôlego, vejo Martín e o outro comparsa arrastando Mari de dentro do carro, demoro para conseguir entender o que dizem, mas não posso me render.

- Sei quem vocês são, se tocarem em qualquer uma delas iremos atrás de vocês. - Tento me debater, porém um soco acerta meu rosto e quase faz com que eu apague, grunho de dor.

- Não se preocupa, a outra não interessa. Bem, pelo estado do sangramento já deve estar passando dessa pra melhor. - A entonação entrega que há um sorriso e que Martin está realmente se divertindo com isso - E essa aqui só vai sentir qualquer coisa amanhã.

- Ela tá menstruada. - Uso um último argumento, esse tipo de cara com toda certeza tem nojo de qualquer natureza feminina, sequer saberia agradar uma mulher - Não vai querer se sujar, vai?

- Que seja, talvez eu foda o rabo dela então, ela já apagou por completo. - O que Martín fala trás a tona uma força que eu não sabia que ainda me restava, mesmo com a cabeça girando, fecho os olhos e me inclino rapidamente para cabecear o daco do monstro a minha direita.

- Cara, ela desmaiada vai se cagar inteira. - Demora para que o comparsa e Martin vejam por cima do carro o que está acontecendo - Também porque tá sedada, demorou pra fazer efeito essa droga. Não era pra matar, só que acabamos pegando leve na dose, estamos há poucos quilômetros da casa dos Torrance, isso pode dar merda.

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⏰ Última atualização: Aug 26 ⏰

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