Quanto mais mexe, mais fede

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(Kai)

Quinze dias, há quinze fodidos dias que tiraram minha garota de mim.

A casa está vazia, posso ouvir passos como se o espectro fantasma dela me assombrasse todos os dias, esfregando na minha cara que não fui capaz de protege-la mesmo depois de ter prometido que assim faria. Andar pela casa a sua procura tornou-se rotina, esperando que um dia os vultos de sua memória se tornem reais.

A segurei tanto, mas escapou entre meus dedos.

Ela não está morta, porém, sei que não. Aquela garota é resiliente, todos os dias me provou que não importava o quão aflita, abatida ou desanimada estivesse, continuaria brigando. Aquela força me deixou cada dia mais intrigado, apegado à sua simples existência. E ela estava aqui, comigo, mesmo depois de ter distorcido o que eu quis dizer, mesmo depois de me tratar como um estranho dentro de casa, ignorando até minha sombra, ainda assim ela estava aqui.

Mas a roubaram de mim.

Minha boneca não estava pronta para isso, a função de a proteger de tudo ao redor dela, sem que tivesse mais de 25% de conhecimento sobre o que estava acontecendo, era minha.

Minha, porra, minha!

Meu troféu.

Irei atrás de qualquer um que ousar arranhá-lo.

Treinei ela todos os dias, imaginando que isso uma hora fosse acontecer, pegando pesado com ela a cada vez que me pegava delirando sobre um vagabundo qualquer a tocando como eu fazia durante as lutas.

Ou na minha cama.

As lutas... Ah, como eu adorava assistir seu progresso, sua vontade em socar minha cara até me ver inconsciente, sempre molhada de suor e com os olhos brilhando. Eu me pegava idealizando como seria foder aquela boceta apertada no chão da academia, no chão do Dojo, no vestiário, no chuveiro. Até ela gritar meu nome de novo, entregando-se de corpo e alma para mim.

Tocar seu corpo quente e úmido era uma maldição para o meu auto controle, eu queria predá-la alí, impedir qualquer possibilidade de fuga, até que ela se rendesse à mim. E sei que não desistiria tão fácil, ela é teimosa, o que me deixa duro pra caralho pra dobrá-la sempre que me desafia.

Eu deveria ter feito isso todas as vezes, todos os dias até que ela se desse conta que é a mim que ela pertence. Minha boneca.

Em vez disso, não quis deixar que ela se apegasse, com medo de que ficasse vulnerável perto de mim e arriscasse sua vida antes de estar pronta para o mundo. Ouvir meus amigos só me fez levá-la a ruína, eu não tinha que deixar que ela saísse de perto de mim.

Quando Will veio pela manhã me avisar o que havia acontecido, não quis saber se ainda estava machucado, ele mereceu cada soco, sabe tanto isso quanto eu. Sua sorte é eu ter me controlado pela nossa amizade e não ter usado as pernas. Ele ficaria inconveniente. Não importa quantas vezes prometa que vamos encontrar minha Mari, eu não vou perdoá-lo por ter a perdido e só me contado tantas horas depois.

Não, seu imbecil, a porra do jantar com minha família não era mais importante. Seria se ela estivesse comigo, e mesmo assim escolhi deixar que ela fosse com você, entreguei ela de bandeja como se você desse conta do inferno da sua própria vida, sendo esse drogado de merda.

Jogo o copo de cristal com o uísque na parede, cerrando meus punhos até meus dedos doerem. O céu escuro cheio de nuvens negras e trovões ecoando, reflete exatamente o estado da minha mente, de como estou prestes a perder o controle de novo. E se essa porra de Deus existe, que ele proteja quem cruzar meu caminho.

Com os globos oculares ardendo, fecho as pálpebras e inspiro profundamente para soltar devagar conforme sigo pelas escadas até o quarto dela mais uma vez, apenas para sentir seu cheiro na fronha do travesseiro, nos lençóis. O cheiro que está se esvaindo aos poucos. Sento na beirada da cama e busco o número do Damon.

Lilith's nightOnde histórias criam vida. Descubra agora