Amiga da onça

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Ele diz essa merda como quem não quer nada e senta ao meu lado tranquilamente.

Desgraçado.

Will tem um sorriso divertido nos lábios, esse deve ser o melhor dos entretenimentos para ele. Me ver sem palavras.

— Sabem pra onde ele pode ter ido? — Michael quebra o silêncio constrangedor.

Constrangedor para mim, é claro.

— Perseguir alguma garota despreparada pra foder ela depois. — Will responde, me fazendo engolir em seco — Ele tá puto, provavelmente vai ser mais selvagem. — Ele mal termina de falar e ouço um grito distante, cravo as unhas no estofado e repito mentalmente que não há nada que eu possa fazer.

— Deveríamos estar fazendo o mesmo. — Michael protesta, a voz carregada de tédio.

— Não preciso caçar, prefiro que elas venham. Sou uma porra de planta-carnivora, mano. Elas vêm procurando o néctar, e quando menos esperam eu... — Will finaliza sua sentença com o barulho de seus dentes batendo em uma mordida no ar próximo ao meu ouvido, o pulo de susto que me causou, gerando outra risadinha travessa.

Permaneço com a minha boca fechada, o grito de antes ressoando na minha cabeça de novo e de novo. Não sei afirmar se foi de terror absoluto ou não, a música e a barulheira deste lugar em conjunto com a minha cabeça sobrecarregada não ajudaram a raciocinar. Nem posso ter certeza se era por causa dele, droga, estou tão paranóica.

— Que cara amarrada é essa? — Will empurra meu ombro com o seu —Ainda tá perturbada com aquilo? Ele só queria te assustar, beleza?!

— Sei. Com certeza também fui a primeira que ele perseguiu, certo? — Digo ao passo que ambos escutamos um baque forte na madeira atrás de nós pelo outro lado.

— Não, mas só você está sendo chatona. As garotas aqui recebem o convite sabendo ao que estão sujeitas, todos sabem como são nossos jogos. Todas vem excitadas pra participar, especialmente quando são presas de um de nós.

— Will, para de tagarelar. Vai estragar o jogo. — Michael implica, mas não parece muito incomodado com isso.

— Que seja, elas sabiam, eu não.

— Deveria continuar sem saber, mas alguém aí não sabe se controlar. — O metido a amo senhor deles responde por Will.

— É melhor ela saber logo, Damon extrapolou certos limites com ela. Prefiro que saiba que não é sempre assim. — Kai se intromete.

— Vocês dois estão perdendo o jeito. — O líder diz com seu tom frio e levanta para ir sei lá onde.

— Vocês querem me explicar que porra aconteceu? — Will se curva e apoia os cotovelos sobre os joelhos para guiar seus olhos de Kai até mim.

Kai não dá pistas de que vai responder ou sequer tenta dizer para Will com o olhar, então sinto os olhos verdes pesando sobre mim sem intenção de desistirem.

Sua curiosidade repentina soa estranho, ele deve saber das barbáries cometidas pelo amigo. O que me força a lembrar que estão no mesmo time, e isso me dá uma sensação de vazio, pois é fácil se deixar levar por esses olhinhos verdes amigáveis.

Mas são os olhos de uma naja, portanto não posso demonstrar que estou abalada ou ele dará o bote.

— Aquele babaca me dedou, como se eu fosse uma putinha qualquer que gosta de ser fodida em público. Não sou a merda de um espetáculo.— Respiro fundo e chacoalho minha perna cruzada ansiosamente, meus braços também cruzados apertando cada vez mais sob meus seios, mas pelo menos consigo disfarçar minha apreensão como um ego ferido — Não me soltou até terminar o que queria. — É um trabalho árduo evitar qualquer um dos dois olhares, tenho que fixar minha visão em um ponto imaginário para também não demonstrar tanta importância para essa merda embaraçosa.

Lilith's nightOnde histórias criam vida. Descubra agora