Prólogo

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Tudo começou naquele dia. Naquele dia em que era para ser mais um dia comum, foi quando eu decidi que nunca olharia mais para trás. 

Era início da manhã. O céu estava claro, e tinha um azul lindo da mesma cor dos seus olhos. Que saudade tenho de você.... Não sabia bem o que estava por mudar, mas me avisaram que Dion estava por chegar naquele dia, um dos meus primos que está na linha de sucessão. Eu era nessa época ingênua e bondosa. 

Quando ele chegou logo percebi seus olhares para mim. Não gostei de como meu pai me ofereceu à ele, pois sendo da mesma família, podíamos continuar a linhagem. 

Então começou a chover. No início da manhã, não havia uma nuvem sequer nos céus, e de tarde, uma chuva torrencial veio. Sabia que era algo ruim, um mal sinal, mas não dei muita importância. 

No meio da tarde nós dois fomos chamados para sala do pai. Nós tínhamos 7 anos. Dion também estava lá. Precisávamos  fazer o teste. Era o tão esperado teste para finalmente sermos reconhecidos como pertencentes à casa vermelha. 

Não houve piedade. 

Não houve pausa. 

Eu ainda me lembro dos golpes, repetidos, sem misericórdia. O som do taco batendo no tecido mole e molhado. Não pude virar o rosto. 

Quando terminou, soube que eu nunca mais seria a mesma. Mamãe nunca mais foi a mesma depois que você se foi. Também soube que nunca mais te veria. Soube que faria o que fosse preciso para sair daqui.  

Mas já fazem 8 anos e ainda estou aqui. 

Sinto sua falta Didi. 

Com amor, Per.

As Quatro FamíliasOnde histórias criam vida. Descubra agora