O sapato enfeitado com uma ponta de ouro parou na porta. Estava catatônico com a imagem que via. Contudo, subitamente, como se voltasse a si, correu pelo quarto em direção à cama tirando-a de cima do Atenense. Puxou-a pelo braço com força, jogando-a no chão.
Depois subiu em cima do outro esmurrando seu rosto.
— DION! PARA! — Gritou Perséfone antes que nada sobrasse do rosto de Hélio.
Mas só palavras não surtiram efeito.
— HADES! — Gritou Per, e o corvo saiu de cima do espelho, onde gostava de ficar e atacou Dion.
Só assim seu primo saiu de cima de Hélio. Per levantou-se segurando o braço, agora inchado e vermelho devido a força que o primo a puxara de cima de Hélio, e foi para o lado do Atenense. Este, ainda deitado na cama, tinha um corte na sobrancelha e outro no lábio, causados pelos socos de Dion.
— O que você está fazendo? — Perguntou ela se colocando como escudo entre os dois.
Dion franziu o rosto como uma fera.
— Eu que pergunto! O que está fazendo com esse Atenense! Está tentando manchar nossa linhagem com essa praga? — Bradou enquanto colocava a mão sob o corte recém feito em seu rosto pelas unhas de Hades.
— Ha! Então está preocupado com a linhagem? Não se preocupe Dion, eu só estou brincando um pouco com ele. — Sorriu enquanto passava lentamente a mão sob o peito de Hélio.
O gesto fez Dion se enfurecer mais ainda. Todos na casa sabiam, mesmo que ninguém falasse sobre, que aquele homem, desde que chegou na casa, tinha como objetivo ter Perséfone. Desde a primeira vez que ele viu sua prima, colocou isso em sua cabeça, e nada, e nem ninguém poderia ficar em seu caminho.
— Isso não vai ficar assim... eu vou conversar com Orfeu. — Reclamou ele finalmente.
E assim, deu as costas e saiu do cômodo batendo a porta o mais forte possível.
"Ridículo... espero que apodreça e morra!" A raiva era evidente no rosto da jovem.
— Minha senhora, você está bem? — Perguntou Um, que no meio da situação, apenas se encolheu no cômodo.
A voz neutra da jovem atendente a fez retornar à situação, e ela logo saiu de cima de Hélio.
— Sim, já estou acostumada a não ter nenhuma manhã de paz aqui. — Sentou-se na mesa, enquanto Dois colocava uma atadura com pomada em seu braço.
Hélio sentou-se na cama confuso, olhando os novos machucados que havia acabado de ganhar. A ruiva ficou analisando-o por um tempo em silêncio.
— Viu só o que te falei. Aqui não é para você sair por aí brincando, você é um Atenense, e qualquer um dessa casa adoraria te torturar por horas e horas só por diversão. Então coloque isso em sua mente e aja conforme o que eu disser.
Ele ficou calado mas assentiu com a cabeça.
— Dois, cuida dele de novo. E Um, prepara minha dose diária enquanto eu me visto.
Saiu do quarto, às 10 horas da manhã com Hades em seu ombro. Trancou o cômodo, e colocou a chave dentro do corpete, como tinha costume de fazer. Depois, seguida de Um e Dois, foi até seu escritório colocar seus estudos em dia. Estudou até o meio dia, como era de costume, passando os tópicos mais importantes, como economia, e legislação, mas quando pegou o livro de química, no qual estudava principalmente a parte de produção de ácidos, ouviu o gramofone geral.
O som da música melancólica e lenta preencheu cada sala e corredor da Casa Vermelha, acordando a todos. Era o anúncio de que algum teste aconteceria, e que todos na linha de sucessão deveriam se apresentar.
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As Quatro Famílias
Ficção HistóricaEm uma época em que Reis decidem o futuro de vários, quatro famílias com grande prestígio, executam os trabalhos que uma figura como o Rei não pode fazer. Atenenses, a família azul, conhecida como a família da justiça. Dionísius, família roxa, a cas...