Acordou rápido sentindo que havia mais alguém no cômodo. Ficou tonta, e demorou a perceber que as cortinas eram as suas. Só depois de um tempo, percebeu que estava de volta ao seu quarto. Era de manhã.
A manhã dos dias seguintes às festas, eram as que ela mais gostava, pois todos na casa estavam de ressaca e só acordariam mais tarde, o que a deixava com a manhã livre para ela. Espreguiçou-se feliz, e saiu colocando os pés na pantufa. Tocou o sino que ficava ao lado da cama, e logo Um veio trazendo água para lavar o rosto.
A jovem entrou no cômodo um tanto desconfiada. Olhava sempre na mesma direção para o canto do cômodo.
Perséfone olhou para o mesmo canto e encontrou o Atenense ainda inconsciente.
— Um, não se preocupe com ele, nem consciente ele está. Traga o meu café, com bastante pão que hoje estou com muita fome.
A servente foi deixando-a a sós com o moço.
Sem conseguir resistir a curiosidade, desceu da cama e foi até ele, sentando-se ao seu lado. Colocou os dedos novamente perto de seu nariz para ver se ele estava vivo. "Ainda vivo..."
Aquilo causou um certo alívio.
No entanto, sem aviso algum, o rapaz acordou e lançou-se em cima dela, prendendo-a contra o chão. Suas mãos seguraram as dela, e eles ficaram face a face. Ele arfava pelo esforço e a olhava medindo forças. Perséfone manteve calma.
— Quem é você?! O que você quer?! — Bradou o jovem.
— Bom, primeiro saia de cima de mim. — Ergueu a sobrancelha com o pedido, e vendo que ele não se movia, chutou suas bolas.
O rapaz se comprimiu em uma dor agoniante caindo para o lado. Ela levantou-se ficando de pé ao seu lado.
— Bom, então vamos conversar com as apresentações. Eu sou Perséfone de Hadesius, e você é?
Ainda rolando de dor ele ficou calado.
— Olha, não sei se você entende sua situação, mas essa daqui é a Casa Vermelha. Então ou você colabora comigo, e nós nos entendemos e ficamos bem, ou então você tem que ir.
— Tenho que ir? — Perguntou sem entender.
— É, ir. — Fez um gesto de algo cortando sua cabeça com um estranho som. — Ir tipo assim.
Ele engoliu seco.
— Sou Hélio Atenenses.
— Certo Hélio, já é um começo.
Ela sorriu para ele alegremente. Vê-lo causava um sentimento de nostalgia e felicidade.
Sem perceber, Um entrou no quarto e a chamou para comer. Ela sentou-se na mesa e fez um gesto para que o jovem viesse sentar-se junto dela. Mas ao invés dele mover-se, apenas ergueu as mãos mostrando as algemas que o impossibilitavam de mover-se.
— Ah, é verdade. Um, vai lá e solta ele.
— O que? Minha senhora, ter um Atenense já é perigoso, e agora você quer soltá-lo.
— Sim, pode soltar. Se ele tiver um pouco de juízo sequer vai ficar nesse quarto, o único lugar nessa mansão onde ninguém vai tentar matá-lo. Pelo menos por enquanto.
Um, como sempre muito preocupada porém respeitosa com Per, fez o que foi pedido. Aproximou-se do jovem, e com habilidosas mãos, abriu as algemas com um grampo de cabelo. Primeiro a das mãos, e depois as dos pés.
E assim que ele se viu livre, empurrou a serva para o lado e saiu correndo do quarto.
— Minha senhora! O Atenense!
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As Quatro Famílias
Historical FictionEm uma época em que Reis decidem o futuro de vários, quatro famílias com grande prestígio, executam os trabalhos que uma figura como o Rei não pode fazer. Atenenses, a família azul, conhecida como a família da justiça. Dionísius, família roxa, a cas...