Capítulo 2: baile de máscaras

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O passo do cocheiro sempre lhe causava náuseas. Dion, sabendo disso, sempre a fazia andar com aquele cocheiro, por simples satisfação ao vê-la tornar-se pálida como papel. Na cabine pequena, ela sentava-se de frente para os dois cavalheiros, seu pai e primo, mas conforme a viagem prosseguia, ela pedia.

— Dion, será que você pode me emprestar seu ombro.

Isso era quando já estava vencida. A tontura embrulhava o estômago, e qualquer solavanco a faria vomitar em seu vestido que custava o salário anual de um plebeu. O espartilho que parecia querer quebrar suas costelas, em nada ajudava nessas circunstâncias. Por isso, quando ele sentava ao seu lado deixando a cabeça encostar em seu ombro, sentia-se melhor. Pelo menos, remediada.

— Ah, isso é uma visão que me agrada muito. Você dois farão um ótimo casal. — Exclamou ao ver o gesto.

O pai falava com uma certeza que a irritava profundamente.

"Casal? Nunca me casarei com esse cretino maldito!" Pensava em silêncio sem poder responder. Sentia uma profunda raiva dele, e isso, parecia ser algo que o jovem percebia, e de alguma forma causava um certo prazer nele. Per sabia que se olhasse para o jovem naquele exato momento, ele estaria com os olhos brilhando de felicidade ao vê-la emburrada.

"Como pode ele saber o que eu penso?" Não sabia, apenas se questionava silenciosamente isso, bem como porque aquele homem tinha sido escolhido por seu pai para ser seu marido.

— Chegamos. — Anunciou o patriarca já saindo da charrete.

Desceram e como de costume, o primo lhe deu a mão para se apoiar e descer as escadas do veículo. A sua frente, aquela sombria mansão que chamava de casa, e todos os serviçais que, sempre que o patriarca saía, faziam questão de cumprimentá-lo em seu retorno. Provavelmente esta era a melhor forma de se manterem inteiros, e por isso, curvavam-se para ele em grande pompa e reverência.

O mordomo era o primeiro a terminar a reverência, e já seguia ao lado do chefe da família.

— Senhor, que bom que voltaste. Os preparativos já estão seguros. — Falou o mordomo que tinha a pele pálida como borracha, e sempre possuía a mesma expressão morta.

— Então convoque toda a família! Quero todos presentes no aniversário de Perséfone. — Estendeu a mão para ela, que prontamente soltou o primo e foi com o pai.

— O que o senhor tanto prepara para mim? — Questionou fazendo charme para o pai como se não soubesse o que seria feito na festa de seu aniversário.

— É uma surpresa! Agora venha.

O pai foi à frente, mas logo separou-se dela, que queria trocar de vestido para a grande festa. Sabia que, assim como nos outros anos, seu aniversário era motivo de grande comemoração, em que todos deveriam estar presentes. Na porta, sua criada principal veio e ela se despediu do pai indo aos seus aposentos.

— Linda ela não acha? — Perguntou o patriarca ao primo.

— Sim, a mais linda.

Perséfone caminhou rapidamente seguida da servente que mantinha o rosto abaixado. Seu quarto ficava na ala oeste da grande mansão, onde poucos integrantes da família ousavam ir. Atravessando os imensos corredores, logo chegou a porta com um afresco com duas mulheres nuas se beijando, era um quadro que seu pai odiava e por isso fez dele sua porta.

Entrou e logo selou-a com chave.

— Ah, finalmente me livrei deles...

— Minha Senhora, fala baixo! — Exclamou a criada preocupada.

As Quatro FamíliasOnde histórias criam vida. Descubra agora