Capítulo 18.

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Passado

Shawn.

  A palavra coragem tem como significado a moral forte perante os perigos, os riscos; ter bravura, intrepidez, conter firmeza de espírito para enfrentar situação emocional ou moralmente difícil.

Pai... eu acho que nem existem definições para o que é ser pai, — e eu pesquisei a fundo como é ser um excelente pai —, hoje, porém, percebo que estou falhando miseravelmente na missão.

    Pois estou com medo de errar, não que eu tenha admitido isso para Camila, jamais faria isso, mas de peito aberto eu digo: eu estou com medo. Eu sou um homem adulto que já passou por diversos problemas e enfrentei diversas dificuldades. Uma delas foi conseguir ganhar concursos de gastronomia, enfrentar pessoas altamente qualificadas em busca do Chapéu de Ouro ou qualquer outro prêmio que fosse. As provas da faculdade, os cortes certos e as diversas maneiras de como fazer comidas que eu nunca tinha visto antes. Alcancei sonhos que pareciam impossíveis, como conquistar o coração de Camila ou quando sobrevivi a dois acidentes de carro. A vida me preparou e moldou para tudo.

   Bom, para quase tudo.

    No decorrer dela ninguém me ensinou como trocar fraldas de um bebê, de uma bebê! E mesmo sendo irmão mais velho, — de uma menina —, minha mãe nunca me ensinou a empenhar esse papel, pois este era destinado ao meu pai. Grande homem, sábio e inteligente, aliás. Ele fez isso comigo, mas, a coisa era diferente.
E eu, pobre e não tão requintado Shawn, não sei como trocar a fralda da minha filha. Era a primeira vez que Camila me designava a missão de dar banho, trocar a fralda, vestir corretamente, sem arrancar um braço da nossa filha e entregá-la apenas quando eu terminasse. Ela estava exausta e mesmo estando cem por cento com ela, não conseguia diminuir todo o trabalho e na tentativa de fazê-la descansar, falei que dava conta do recado. Passei para uma falsa confiança e soberba.

Uma porra que eu dava conta, estou apavorado.

Ninguém me preparou para isso, quero dizer, fizemos uns cursos para pais de primeira viagem e foi até tranquilo fazer tudo aquilo com a boneca.

Mas agora, é da minha filha que eu estou cuidando.

Um bebezinho pequeno, indefeso e frágil. 

Eu posso deixá-la cair e se afogar, ela pode escorregar ou... porra!

— Ok princesa, chegou nossa hora, — apanho aquele ser minúsculo e ergo para o alto do meu rosto. — Para começar quero que saiba que essa vai ser a primeira vez que o papai vai trocar a fralda de alguém, tá bom? — Ela se mexe lentamente piscando seus olhinhos de maneira preguiçosa. — A mamãe está descansando um pouquinho e aqui somos um time onde todos se ajudam. — Coloco-a sobre o trocador começando a tirar seus sapatinhos, que mais parecem meias. — Quero te pedir licença para os próximos atos, juro que serei cuidadoso, respeitoso e muito carinhoso. Deixei a água morninha para que você possa curtir o banho como a princesa que é. — Desabotoo o body branco, com a escrita: sou cara do meu Papai. — Se eu fizer algo que irá machucá-la, você pode espernear, chorar ou fazer qualquer coisa, ok?

Angel mexia as perninhas e braços enquanto me encarava com os olhos arregalados. Depois de superar meu medo de derrubá-la passei a ter meu próprio jeito de segurá-la. Ela ama ficar sobre meu peito e dormir como se não tivesse um berço para isso. Retiro com cuidado a roupinha e a fralda, tomando o devido cuidado para não apertá-la ou arranhá-la.

— Eu vi alguns tutoriais no YouTube, falei com seus dois avôs... Alejandro entendeu meu pânico e me deu ótimos conselhos, tirou alguns medos e receios que eu tinha, então eu acho que vou me sair bem... bom, terminamos a primeira fase. — Pego-a outra vez e beijo seu rosto. — Mais uma vez, licença, tá bom? Essa é a primeira de muitas vezes que faremos isso juntos, o papai te ama muito, vai ser legal, você vai ver... e em breve vamos ter uma menininha cheirosinha e pronta para passar o dia todo dormindo, não é mesmo?

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