1. Amor

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Jão Romania Balbino.
São Paulo, Brasil.
10, de Dezembro, de 2017, no passado.

Desde muito pequeno, sempre tive uma certa aversão ao sentimento de se apaixonar.

Por muito tempo, ouvi de diversas pessoas que a culpa era dá idade, até porquê, toda criança sente incômodo ao ouvir que ela e seu coleguinha são namorados.

Durante algum momento, até eu mesmo comprei essa ideia para mim.

Porém, quando o tempo foi passando e a fase da infância passou a se distanciar, percebi que minha aversão havia se tornado um medo e não um desejo, como imaginava.

Talvez, tudo isso seja reflexo do meu péssimo envolvimento com a escola. Eu prefiro não falar sobre isso.

Meu primeiro relacionamento foi aos 16 anos, ainda em Américo Brasiliense.

Não durou muito, mas o suficiente para me render uns bons traumas.

Quando mudei-me para a capital de São Paulo, finalmente me vi um tanto que livre de tudo isso.

2013 foi um ano e tanto pra mim! Me moldou de diversas formas, me mostrando o mundo de outro jeito, me encaixando em alguns lugares, me apresentando a mim mesmo e, finalmente, me entendendo melhor.

E então, durante todo esse tempo, me vi de pazes feitas com o amor romântico. Finalmente.

Foi um processo longo e complicado, mas que no final tornou-se algo necessário e que invadio minha vida.

Ah, como invadio!

Não há um dia sequer que eu não lembre do quanto esse sentimento transborda em meu peito.

Todos os dias, assim que eu acordo, deparo-me frente a frente com ele.

A pessoa com que me tornei amigo assim que entrei naquela faculdade; que me "tirou do armário dos cantores"; que me ajudou e ajuda em tudo; que me impulsionou a tentar seguir meu maior sonho; a pessoa com quem divido apartamento desde 2016 e que me perturba todos os dias.

Pedro Tófani Palhares.

Eu e Pedro somos amigos desde 2013, porém, de uns tempos pra cá, sinto meu peito inchar de tanto amor por ele.

E está sendo cada vez mais difícil de esconder isso.

- Baby, já acordou?! - A voz do moreno me grita distante.

- Já sim! - Respondo e logo vejo a porta se abrir, enquanto Palhares adentra meu quarto. - Bom dia.

- Bom dia! Dormiu bem? - Eu assinto. - Ótimo! Vamos tomar café? Hoje é sábado, temos que fazer algo!

Dou um riso e solto um suspiro.

- Sendo muito sincero, não estou com vontade de fazer nada hoje! - Derrubo meu corpo na cama aonde anteriormente estava sentado.

- Ah não, Baby! Para com isso! - Sinto o corpo de Pedro se jogar no meu, fazendo seu rosto parar em meu peitoral, coberto por uma camiseta branca.

- É sério, meu bem. Eu tô cansado. - Passo a mão por seus cabelos, iniciando um cafuné

Pedro não responde. Eu não digo mais nada. Ficamos em silêncio.

É tão gostoso esses momentos com ele, é o mais próximo que eu posso ter para suprir meu coração acelerado por cada um de suas falas.

- Acho uma boa ideia ficar assim o dia todo. - O mais novo murmura baixo.

Eu sorrio.

- É, baby, eu concordo.

É com muito orgulho que posso dizer: passamos o dia todo em casa!

Pedimos comida e ficamos assistindo filmes, conversando sobre qualquer coisa, compondo algumas músicas - pois é, o Pedro compõe comigo - e etc.

Agora o relógio marca 17:10hs. Eu e Palhares estamos em seu quarto, assistindo "Ilha Do Medo".

Esse filme é bom o suficiente para que eu assista diversas vezes e sempre ame ver novamente.

Pedro está aconchegado em meu peito, o que faz com que minha atenção esteja em uma grande e constante divisão entre a tela da TV e o garoto que aperta-me em seus braços.

- Para de me olhar, não consigo prestar atenção! - Não contenho a risada ao ouvir sua reclamação.

Tófani me encara, com um sorrisinho lindo nos lábios.

Meu senhor, como é possível alguém ser portador de tanta beleza assim?

- Se eu lhe perguntar o que aconteceu nos últimos 10 minutos de filme, você não sabe responder! Porque está ocupado demais me olhando e fazendo carinho na minha cabeça!

Ponho a mão no peito, fazendo uma falsa expressão de indignação.

- Tudo bem, então! Nunca mais me peça um cafuné, também! - Me solto de seu abraço, em uma birra proposital.

Cruzo os braços e viro-me do seu lado contrário.

Escuto o mesmo ri de mim e, logo em seguida, se debruçar sobre meu corpo.

- Pare com isso! Estou brincado, adoro seu cafuné.

Gostaria de consegui manter a carranca que fosse com ele, mas simplismente não consigo! Um sorrisinho escapa em meu rosto, enquanto tento de tudo para não mostrá-lo 100%.

- Há! Está sorrindo, o que quer dizer que eu consegui!

Pedro me vira de peito para cima e se deita em mim. Ele não deita sua cabeça, como de costume, não. Ele me encara, sorrindo.

Seu rosto não estava muito próximo, mas estava mais que o normal, o que fazia com que eu reagisse de maneira estranha.

Estamos calados. Um silêncio diferente do normal.

Pedro toca meu rosto com a ponta de seu dedo polegar e o caminha por minha bochecha.

Sinto meu coração palpitando cada vez mais forte, junto de minha respiração entrando em um ritmo mais frequente.

Meus olhos caem por seu rosto, até chegar em seus lábios avermelhados.

Lábios esses que já encarei discretamente diversas vezes.

E, pela primeira vez, eu tenho a certeza de que Pedro sabe que eu os encaro.

Minha boca está seca.

O que é tudo isso? O que está acontecendo?

Pedro nunca fez nada assim antes, Pedro nunca sentiu nada além de amizade por mim!

- Você realmente ama me encarar, não é? - O moreno sussurra.

Só então, percebo que sua proximidade é tanta, que posso sentir sua respiração.

- O que você está fazendo,  Pedro...?

Ele ri.

- Você sabe muito bem, Baby.

Minhas mãos vão parar em seu pescoço.

Antes de que qualquer outra coisa pudesse acontecer, Pedro me beija.

É lento, intenso, doce e forte. Não sei se é possível, mas é. É do nosso jeito.

E é perfeito.

Em todas as vezes que imaginei como seria provar do gosto da sua boca, nunca havia sido tão bom assim.

Sua língua suave dança por cada centímetro da minha boca, enquanto eu acompanho sua melodia.

Quando o ar falta, nos afastamos.

- Nunca te disse isso antes, mas eu te amo. - Pedro simplismente diz. - Não do jeito que você já sabe, não. Eu te amo. Amo você além de como um amigo. Sou apaixonado por você.

Minha instabilidade nunca foi uma novidade para mim, porém, pude sentir meus eixos se afastarem ainda mais.

- Eu também te amo, Baby. Eu sou maluco por você.

INEVITÁVEL, pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora