2. Namorados

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Pedro Tófani Palhares.
São Paulo, Brasil.
25, de Maio, de 2018.

Quando completei uma certa idade, acho que tive o que chamamos de "efeito canônico" na vida de diversos adolescentes dos anos 2000.

Namoros de no máximo 6 meses, com uma frequência um tanto extraordinária.

Isso se prolongou por um tempo na minha vida, até mesmo na era da faculdade.

Até que, em um certo momento, as coisas mudarem lentamente.

Talvez tenha iniciado-se em 2016, quando convidei meu amigo João para vir morar comigo.

Sem querer, percebi que era quase impossível não pensar em como ele era bonito.

Ou, quando não conseguia mas parar de chama-ló do "Baby", com a desculpa esfarrapada de que era apenas um apelido carinhoso entre amigos.

Ou, nas vezes em que me pegava pensando sobre seus lábios tão perfeitamente desenhados.

Talvez, em um mix de tudo isso, eu me vi desesperadamente apaixonado por João Vitor Romania Balbino.

Isso prolongou-se em um silêncio ensurdecedor até o final do ano passado, quando finalmente criei coragem o suficiente para assumir tudo.

Até hoje não sei de onde ela surgiu, mas aquele pico de sentimentos me ajudou muito!

Pois tive a sorte de ser correspondido por ele.

E hoje, tenho a sorte de poder o chamar de namorado.

É quase inacreditável.

- Baby! Você viu aquele meu moletom da Adidas? Vermelho, branco e azul? - Escuto o cacheado me gritar um turbilhão de perguntas.

- A última vez que eu o vi, estava pendurado no banheiro.

Escuto e vejo o mesmo correr até lá e vir para sala - aonde estou - já vestindo a peça de roupa.

João se joga no sofá e deita sua cabeça em minhas coxas. Apresso-me a começar a afagar seus cabelos e brincar com seus cachinhos.

- O que pretende fazer hoje, hum? É domingo, quer sair? - Pergunto e torço para que diga não.

Outra coisa que mudou drasticamente em mim é o meu amor por estar fora de casa.

Hoje em dia, quanto mais eu posso estar trancado em nosso apartamento, beijando meu namorado, mais feliz eu estou!

- Hum, acho que não. Você quer sair?

- Nah, prefiro ficar assim.

Ele sorri e fecha os olhos.

- Escrevi algumas coisinhas ontem, Renan está uma pilha com as músicas!

Dou um riso.

- Pois é, ele tá falando comigo também. - Comento. - Acha que sai algo do que escreveu ontem?

Ele afirma com a cabeça.

- Acho que preciso comer para reerguer minha mente, que horas são?

Checo meu relógio do celular.

- 12:22. Vamos pedir algo? - Ele assente.

João e eu estamos no nosso quarto.

Depois do almoço, decidimos nos deitar e apenas ficar aqui, de dengo um com o outro.

Esse poderia ser meus compromissos eternos, eu nunca me importaria.

- Baby? - Viro-me para João, encontrando seus olhos vidrados nos meus, enquanto ele tem metade do seu corpo sobre o meu.

- Sim?

- Eu acho você muito lindo. - Ele diz, simples.

Meu sorriso desajeitado vem sem que eu consiga filtrar, meu rosto queima, eu devo estar como um tomate. Viro minha cabeça para trás, tirando meus olhos dos seus.

Vitor sorrir ao ver que conseguiu o que queria. Ele sorri e puxa meu rosto com suas mãos, fazendo-me encará-lo.

- Eu também te acho muito lindo. - Digo, ele ri e me beija.

É um beijo calmo, ele saboreia minha boca, assim como eu faço com a dele.

Quando o ar falta, arrasto-me para longe de sua boca, por alguns segundos. Até perceber que não conseguiria estar longe dela, não agora.

Volto a beijá-lo, de um jeito mais intenso dessa vez.

O beijo se torna quente e ágil. Sem que eu possa dizer como ou quando aconteceu, João já está em cima de mim.

Suas mãos entrelaçadas nas minhas, enquanto me seguro para não colocar elas em outro lugar...

João tira minha blusa e eu seu moletom.

- Pega a camisinha, tá na mesinha. - Ele dá as ordens e eu apenas faço.

Viro-me e tateio a mesa de cabeceira e pego duas camisinhas.

E o resto é sinfonia.

INEVITÁVEL, pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora