Pedro Tófani Palhares.
São Paulo, Brasil.
03, de Setembro, de 2018.☆
Não é estranho? A maneira ágio e súbita em que o mundo pode mudar. Um dia, nos vemos no topo da montanha mais alta, gritando ao mundo todo a felicidade. No outro, estamos mortos.
É tão estranho.
As coisa acontecem sem que possamos medir formas para viver após aquilo, mesmo quando é você mesmo que toma as decisões drásticas.
Acredio sim que fiz o certo. Não acho que eu esteja errado, mas isso não quer dizer que seja mais fácil.
Ainda mais pelo fato de que, não é sobre uma comida, uma peça de roupa, um sapato, ou um talher que estamos falando, não. Se trata de alguém.
Ou melhor, se trata dele.
Desde julho as coisas tem sido drasticamente cansativas. Minha vontade de sair e viver, tão existentes antes, hoje em dia se comparam a nada.
É engraçado como um relacionamento pode atropelar a gente e, sem querer, nos vemos nessa situação.
Encaro o teto do meu quarto, completamente escuro. Não sei que horas são, já que minha janela não é aberta a, mais ou menos, cinco dias.
Malu veio me visitar no começo dessa semana, organizou a casa comigo, me ouviu chorar e tentou me animar. Admiro seu esforço, porém, assim que ela deixou meu apartamento, tudo voltou ao meu novo normal.
Um lugar escuro e silencioso.
Tateio a mesa de cabeceira e tomo meu celular do carregador.
04:55hs. Dormi mais do que na quarta, mas menos do que na quinta.
Sexta-feira, eu e João amávamos assistir filmes na sexta...
Fecho os olhos quando eles ardem. Acho que o mundo acabará em lágrimas.
☆
Quando são 15:00hs, acordo definitivamente. Passo 40 minutos no banho, acho que não ligo; coloco um velho moletom que eu e João costumávamos dividir, ainda tem seu cheiro; vou até a cozinha, mas decido que não quero comer.
Assim, deito-me no sofá. Ainda tem algumas fotos nossas por aqui, que eu não tenho coragem de recolher.
Pego o celular e percebo algumas mensagens não respondidas. Umas do Renan, muitas da Malu, outras da minha mãe e...
Uma chamada perdida do João.
Talvez eu agora comece a me acostumar com a dor repentina que me aperta no peito.
Eu não aguento mais chorar.
Não posso retornar, seria pior.
Seria pior porquê eu sei que não é certo precisar de alguém.
Não é certo eu precisar dele.
E, por agora, eu preciso.
Por agora, eu definitivamente preciso.
Ligo para minha mãe. Em dois toques ela atende.
- Meu amor? - Sua voz calma me faz derramar as lágrimas que tanto segurava. - Oh, querido...
- É sempre assim tão difícil?!
- É, querido. Infelizmente é sim.
☆
As 22:00hs, estou deitado na minha cama. Não comi hoje, mas não me importo.
Maria Luísa e eu conversamos por mensagem e Renan me ligou. Gosto de saber que eles se importam e, assim, também posso saber como anda João.
Renan fala coisas certeiras, que me atingem no ponto exato.
Estou tentando, juro que estou.
Isso que eu sou, sou eu tentando.
Pode ser pouco, mas pelo menos estou tentando.
Ligo o rádio que fica em meu quarto e abro a discografia de um tal cantor de três letras.
A melodia de "Me beija com raiva" toca. Automaticamente lembro-me de quando a escrevemos juntos.
Meus olhos ardem e eu me permito chorar.
Faz quase um mês que eu não o vejo.
Ele continua me ligando copiosamente e eu me sinto um imbecil por não atender.
Mas, ao mesmo tempo, repito que isso tudo foi necessário. Repito que esse amor era como uma bala, que quando me atingisse no ponto certo, iria perfurar minhas entranhas e que, pior ainda, se voltaria para João como um bumerangue.
Sentado em silêncio eu me pergunto: será que eu desviei de uma bala ou apenas perdi o amor da minha vida?
A melodia muda para "Lindo Demais" e a dor apenas aperta.
Mudei de opinião: O mundo se acaba em dor.
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INEVITÁVEL, pejão
Fanfiction~》 Onde o destino faz duas pessoas se encontrem em todas as vidas que elas vivem.