Jão Romania Balbino.
São Paulo, Brasil.
10, de Dezembro, de 2021.☆
É simplesmente deslumbrante a facilidade da mudança.
Um dia somos um, no outro, somos outro. É maluco. É real.
Estamos todos andando do jeito que deve ser, no tempo que deve levar. No tempo que criamos.
Apesar de um pouco assustador; é bom.
Faz quase um mês de que tudo aquilo aconteceu. Pedro está melhor, está bem. Eu também.
Por vezes, sei que ele ainda pensa em Arthur, mas não é nada surpreendente ou que chega a ser demais.
Sei que nossas atitudes tem consequências e estamos segurando cada uma delas. Juntos.
Lívia entregou a carta para Arthur; ele leu e disse que entendia. Invejo isso nele.
A família de Pedro se abalou muito e, não olharam muito para mim durante duas semanas. Mas passou, pelo menos um pouco.
Nossos amigos brigaram com nós dois, muito. Mas também riram dessa loucura.
A vida finalmente parece estar indo de encontro a seus eixos.
Meu novo álbum, PIRATA, tem saído-se incrivelmente bem nas redes. Alcançamos metas; fiz entrevistas; criamos clipes.
Minha vida particular, apesar de constantemente esquisita, está deliciosamente boa.
Tudo parece estar caminhando bem.
E toda essa reflexão de, mais ou menos, uma hora, é interrompida por um beijo na bochecha.
Viro-me para ele.
- Bom dia! - Pedro diz, sentando ao meu lado no sofá.
Chicória corre até seu colo, no mesmo instante.
- Bom dia! - Respondo, tombando a cabeça em seu ombro. - Dormiu bem?
Ele assente.
- E você?
- Também dormi bem. Quer comer?
- Quais as horas? - Procuro por meu celular e mostro para ele. 10:23hs.
- Você já comeu? - Nego. - Quer pedir alguma coisa?
- Vamos. - Assinto e procuramos por algo.
☆
- Amor? - O moreno me chama, entrando no quarto. - Gi quer falar com você.
- Ah, sim! Ela acabou de me mandar mensagem. - Ele assente e senta-se na cama, comigo.
- Fazendo o que?
- Mexendo em umas músicas. Nada demais, só alguns rabiscos que podem vir a ser algo. - Ele assente e passa a olhar junto a mim.
Me perco entre as anotações, sem prestar muita atenção ao meu redor. Isso acontece bastante.
- Existe uma mechinha de cabelo que sempre cai no meio da sua testa. - Pedro me desperta, me fazendo olhar para ele. - Gosto muito dela, sabia?
Sorrio de forma instantânea.
- Você nunca tinha dito isso. - Um pouco envergonhado, digo.
- Então, eu deveria!
Recolho meus papéis da cama e os coloco em uma pilha na nossa mesinha de cabeceira.
Volto para Pedro e me aproximo do mesmo. Escalo seu corpo, me pendurando em seu pescoço, com as pernas entrelaçadas em volta de seu tronco.
- O que mais você gosta em mim? - Pergunto, apesar de já saber da grande parte das respostas, eu amava ouvir.
Adoro quando agimos dessa forma.
- Hum... - Pedro esconde um sorriso entre os lábios, fingindo pensar. Até, lentamente, dizer. - Eu gosto do seu cabelo, dos seus olhos... Gosto do formato de coração da sua boca... - A cada lugar citado, seus dedos encostam. - Gosto da sua clavícula marcada, gosto do seu peito, dos seus ombros, braços... - Ele para, sorri e me olha. - Sou completamente obcecado por você.
Meus olhos estão molhados e turvos, causa da minha pupila claramente dilatada. Meu sorriso crescente entregando a mais pura das felicidades.
- Eu me lembro de você ter dito. - Assumo. Ele ri.
- Que bom, não fui tão idiota assim.
Me aproximo mais dele, tomando seus lábios como meus. É suave e calmo, como o vento no fim de tarde; as ondas quebrando na costa; o cantar dos pássaros ao amanhecer. É como um lar, em meio a uma linda floresta, como o som da cachoeira e o balançar das folhas.
Ele é como o vento; eu sou como a água.
Somos um daqueles casos que acontecem apenas a cada vinte anos. Somos uma supernova. Demoramos anos e anos vagando pelo espaço, até o momento em que não se aguenta mais e explode. Inevitávelmente.
Somos o curioso caso em que os planetas alinham-se e fazem com que o destino faça duas pessoas se encontrarem em todas as vidas que elas vivem, porquê o nosso amor é tão inescapável, que é capaz de sobreviver a cada uma dessas vidas.
Até que seja o momento exato, para que aconteça.
Para que finalmente exploda.
Para que possamos existir juntos.
Separamos o beijo apenas quando não se resta mais ar.
Nossos olhos se encontram, cheios e cintilantes. Carregados de sentimentos.
- Eu sou maluco por você. - Assumo.
Ele sorri.
- Não mais do que eu.
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INEVITÁVEL, pejão
Fanfiction~》 Onde o destino faz duas pessoas se encontrem em todas as vidas que elas vivem.