"Eu não sei o que quero ser, mas sei muito bem o que não quero me tornar"
- Friedrich NietzscheAyla Goldberg
Observo as grades altas e os mortos-vivos se jogando contra elas, tentando entrar, enquanto pessoas matam eles antes que eles possam derrubar as grades de metal. Tiro o binóculo e respiro fundo enquanto me perco em meus pensamentos. Pensando sobre tudo que perdi quando o mundo simplesmente virou de cabeça para baixo. Pensando sobre se tudo isso me torna uma pessoa terrível. Pensando se estou realmente certa sobre o que vou fazer e se isso vai me tornar uma pessoa melhor. Com certeza não vai, e com certeza não vai mudar nada. Eu vou continuar sem conseguir dormir à noite e sempre ter lembranças ruins assombrando meus sonhos.
Me levanto e caminho abertamente pelo campo que dá até a prisão de Rick. Refleti bastante durante as últimas noites e últimos dias em que Phillip me manda vir para cá observar eles de longe e depois de alguns dias conversar com Rick e pedir Michonne em troca da paz do grupo de Rick. Michonne, pelo que Phillip me disse, matou o zumbi da filha dele e bom.. Foi a causadora de um dos olhos dele agora estarem com uma bandagem, como um pirata. Ou pior que um.
Eu finalmente decidi aceitar, porque eu finalmente percebi que o lado certo, não é o que eu estou. Percebi que eu nunca estive do lado certo. Quer dizer, não tem um lado certo, mas tem o que vai te atormentar para sempre, e o que não vai me fazer perder noites de sono.
Ninguém dali me vê, e isso me surpreende, já que eles tem pessoas de vigia. Dou a volta na prisão, entrando por um grande buraco na cerca e um grande buraco na parede que dá para os túneis da parte de baixo. Me pergunto se já limparam os mortos-vivos desta parte da prisão, e minha pergunta é respondida rapidamente.
— vamos encontrar muitos? — a voz masculina me faz correr para trás de algumas grandes caixas sujas.
— eu não sei, o buraco na grade é grande, talvez estejam entrando. — a voz do outro homem ecoa pelo lugar. Não sei o que fariam comigo caso eu aparecesse assim, de repente, mas eu sou forçada, já que com certeza não limparam aqui em baixo, e tenho certeza absoluta disso quando vejo os mortos-vivos caminhando, ou rastejando, até mim. Droga.°•°•
Assim que sou literalmente forçada a entrar na sala, sou jogada no chão com brutalidade pela mulher.
— aí, caramba! — resmungo, mas antes mesmo que possa agarrar minha faca e apontá-la para qualquer um, uma arma já está apontada para minha cabeça, e é aí que eu me pergunto. O que está fazendo aqui, Ayla? Talvez esteja aqui pela culpa que carrego nas costas, tentando ajudar eles para que isso alivie de alguma forma. Engulo em seco, o nervosismo se espalhando pela minha pele quando o homem recarrega a arma que está apontada para mim, talvez pronto para atirar.— quem diabos é você? — o homem dos olhos puxados pergunta, o rosto com respingos de sangue e os olhos cobertos de preocupação. Nada sai dos meus lábios, ainda estou em choque, acabei de quase morrer e agora tem uma pistola encarando meu rosto e uma mulher de cabelos curtos me encarando com curiosidade, como se me examinasse.
— o que está acontecendo? — uma voz rouca e aparentemente com raiva ecoa pelo lugar e eu encaro o homem com os olhos azuis chamativos e mais três pessoas entrando na sala com pressa, todos me encarando como se eu fosse um dos monstros lá fora, como se fosse uma grande ameaça, mas o homem dos olhos azuis e a mulher com a espada, não. Ele me encara com raiva, talvez, eu não sei distinguir, a cor dos olhos é tão escura que chega a ser hipnotizante, e eu não consigo saber o que ele está pensando ou sentindo, e a mulher, bom, eu conheço ela, é Michonne, uma das mulheres mais fortes que já conheci, e apesar de que ela me reconheceu também, sei que ela não me considera sua amiga.
— eu não sei, essa garota apareceu nos corredores e quase morreu para uma horda de caminhantes lá embaixo. Não sabia quem era, então eu e o Oscar a salvamos. — o homem diz, a arma ainda apontada para mim, e eu não posso deixar de revirar os olhos pelo que ele disse, porque na realidade, ele tropeçou e eu fui quem o salvei.
— ah, qual é, eu que salvei você. — digo, me ajeitando e agora finalmente me sentando direito no chão.
O homem dos olhos azuis ainda me encara como se tentasse descobrir o que eu estou fazendo ali, e o outro homem, o dos olhos puxados, ele parece constrangido. A arma apontada para mim, e de repente, a arma de flechas do outro homem também.
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Blue Letter - Daryl Dixon
FanfictionDaryl Dixon, o homem de poucas palavras e um oceano azul de silêncio. Ele é capaz de coisas assustadoras para proteger quem ama. Está história é sobre o azul e o colorido, sobre o azul e o arco-íris, que sentia falta de uma cor, a cor que faltava, o...