— vocês não pegaram nada? — o homem dos cabelos loiros solta uma risada ácida. — Metade da pouca comida que tínhamos sumiu, e você diz que não pegaram nada? — ele se aproxima, e um dos que estavam atrás de mim agarra meus braços com força, me machucando, e deixando meus braços para trás assim que o outro tira a faca do meu cinto. O homem em minha frente tem um sorriso maldoso no rosto, mas os olhos mostram a raiva que está sentindo.
Os dedos ásperos do homem loiro passam por minha bochecha, como um carinho, mas parecem rasgar minha pele, e eu sinto repulsa. — você tem ideia do quanto demoramos para encontrar aquela comida? — ele continua passando os dedos pela minha bochecha, e eu me contorço, virando o rosto para o outro lado, quando vejo Daryl com sua besta mirando na cabeça do homem.
— largue ela. — Daryl diz. A voz rouca e confiante de Daryl sempre me dando calafrios.
— olha só... — o homem diz quando se vira para Daryl. — Então foram dois ladrões. — a ironia em sua voz me deixa com ânsia, esse homem tem o direito de ficar irritado, e é algo previsível, mas ele lida com isso de forma cruel, poderia simplesmente pegar o que nós roubamos e nos deixar ir, mas ele parece se divertir com o desespero.— solte ela, e nós vamos embora. — Daryl continua com a besta apontada para o homem, e por um momento, me encara. Os olhos azuis estão raivosos, o que dá um leve medo até mesmo em mim.
— e como pretendem pagar pela comida que roubaram de nós? — o homem pergunta, eu posso ouvir o sorriso dele. E ele pega a pistola do cinto, apontando-a para Daryl. — Por que se você me mata, eles matam a garota e te deixam para os mortos-vivos, para você morrer lentamente enquanto se lembra da moça aqui morta. — ele diz e aponta a arma para mim, e meu medo cresce. — Mas se eu te matar... — Ele volta a mira da arma para Daryl. — A garota não pode fazer nada, e aí, os dois morrem. — Eu ainda posso perceber o tom de deboche no jeito que o homem loiro fala. — Mas eu quero nossa comida de volta antes. — ele diz, e guarda a arma no próprio cinto com um sorriso nos lábios. Ele se diverte com o desespero, com o medo, ele é cruel como Phillip.— está na mochila preta. — eu digo, e o homem se vira pra mim mais uma vez.
— isso mesmo, — ele continua com o maldito sorriso nos lábios. — Obrigado, garota. — ele aproxima o rosto do meu, o nojo que eu sinto é palpável.
Ele caminha até a mochila e a abre, vendo a comida que tem ali dentro.
— tudo bem. — ele diz. Daryl me encara, os olhos cheios de preocupação, o que eu só vi uma única vez, quando Phillip matou Harshel. Mas agora, esse mesmo olhar voltou, e está sobre mim, o olhar cansado e preocupado. — Mas a garota... — o homem fecha a mochila e se vira para Daryl de novo. — Ah, ela fica com a gente. — O loiro limpa a garganta depois de diz.
— não. — Daryl dá um passo para frente, em direção ao loiro.
— Daryl. — eu chamo, e Daryl me encara mais uma vez, a arma de flechas ainda levantada na direção do homem. — Tudo bem. — eu digo. Não, não está tudo bem, eu jamais aceitaria ficar com esses homens, mas o único sacrifício que eu já fiz por alguém, foi quando me entreguei para Phillip pelas pessoas da prisão, mas a esse ponto, eu iria me sacrificar para que qualquer um daquela prisão voltasse a vida, iria me sacrificar para deixar Daryl vivo, me sacrificaria porque estou cansada disso tudo, me sacrificaria para esquecer das coisas que eu vivi.Daryl me salvou inúmeras vezes, eu poderia retribuir. O que eles podem fazer comigo, afinal? Eu penso em várias possibilidades, mas em nenhuma delas eu me arrependo de salvar Daryl.
— o que? Não. — Daryl se aproxima mais do homem. — O que você quer? — ele diz, o fogo nos olhos azuis aumentando. O oceano de Daryl pega fogo, e eu nem sabia que isso era possível. O oceano está agitado, com raiva.— isso não está claro, Daryl? — o homem diz, agora sabe o nome de Daryl, e provoca ele com isso.
— qual é a sua, cara? A sua comida está aí, e o seu armazém está intacto. Só nos deixe ir. — Daryl diz, irritado.
— abaixe sua arma, amigo. — o homem ainda sorri. — Nós precisamos dela. — o homem me encara, e minha pele arrepia de pavor, sem saber o motivo para que precisam de mim.
— Daryl... — eu murmuro. Daryl me encara, incrédulo.
— você não pode ficar com eles. — ele diz para mim, e volta a encarar o homem loiro.
— não vamos machucá-la, Daryl. — o sorriso do homem me dá raiva. Daryl me encara mais uma vez, e eu assinto com a cabeça, tentando fazê-lo desistir. Daryl suspira, e abaixa a besta.
— posso falar com ele antes? — eu peço, encarando o homem loiro que sorri e assente com a cabeça.
— é privado? — ele ri. O humor dele é inexplicavelmente ridículo.
— sim. — eu respondo.
— tudo bem. No banheiro. Não tem janelas nem lugar para vocês decidirem fugir, o que seria burrice, já que iriam morrer. — o homem da de ombros. — Vinte minutos. — O outro homem, o ruivo, ele agarra Daryl, levando-o para o mesmo lugar que o homem que me segura está me levantando, e o loiro fica para trás. Eles tiram a besta e as facas de Daryl.
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Blue Letter - Daryl Dixon
FanficDaryl Dixon, o homem de poucas palavras e um oceano azul de silêncio. Ele é capaz de coisas assustadoras para proteger quem ama. Está história é sobre o azul e o colorido, sobre o azul e o arco-íris, que sentia falta de uma cor, a cor que faltava, o...