12 - promeças pela certeza

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— pessoas mudam, querida, você não pode continuar sendo assim, tão... Boazinha. — o sorriso nojento de Paul está de volta, e a minha ânsia volta junto com ele.
— não me chame assim. — eu retruco.
— assim como? — ele sorri, sabe do que eu estou falando, mas insiste em ser insuportável.
— não me chame de querida. — eu repito encarando seus olhos, mostrando-o que mesmo que eu sinta nojo dele, me recuso a abaixar a cabeça para ele, e ele não tira o sorriso irônico do rosto.
— por que não? Eu não estou vendo uma aliança em seu dedo, querida. — eu suspiro, meu estômago parece se revirar a cada palavra dele.

— eu perdi... A aliança. — eu digo. Isso não é verdade, mas se isso for fazê-lo não me chamar assim, eu com certeza diria até mesmo que sou casada e tenho filhos. Estaria mentindo, mas para deixá-lo longe, eu diria qualquer coisa.
— e ele por acaso está vivo? — ele zomba.
— sim. — eu digo e Paul me dá uma revirada de olhos.
— vai dizer então que o seu namorado era aquele cara de olhos azuis e uma besta? — ele pergunta, agora surpreso. — Bom, querida, para ser sincero... Eu acho que ele não está mais vivo. — eu sinto um leve arrepio, essa possibilidade me assustaria se eu não tivesse falado com Daryl no walkie-talkie a dois dias. — Sem contar o fato de que se ele estiver, você não vai encontrar com ele tão cedo. E convenhamos, eu sou bem melhor que ele. — ele sorri. Babaca.

— Paul, o que está fazendo aqui? — Dawn aparece, e a postura do loiro muda rapidamente.
— eu... Bom... — ele limpa a garganta. — Nós somos grandes amigos. — ele gagueja, e eu franzo o cenho quando ele diz que somos amigos. Eu jamais seria amiga de alguém como ele.
— certo... Mas você pode voltar para seu posto agora. — ela diz.
— sim... Quer dizer, claro. — parece que o babaca do Paul que eu conheço, não é o mesmo na frente de Dawn. — Ouço um dos enfermeiros chamando por Dawn, e ela caminha até ele. Viro o rosto e Paul ainda está ali.
— até mais, querida. — ele sussurra assim que Dawn já não pode ouvir, e eu o encaro, com nojo, e ele sorri, saindo dali. Dawn já está a alguns passos longe de mim quando Paul finalmente some da minha visão.
— Dawn, eles não podem... — o enfermeiro tentou, mas Dawn o interrompe.
— sim, podem. Só aquilo não vai servir. — ela diz.
Eu me aproximo de Dawn, até que do walkie-talkie dela aparece uma voz.
— Dawn! Pegaram três dos nossos, e o Noah está com eles. — eu escuto. Sei que são eles, Rick, Daryl, e todo o grupo, e eu me esforço para não correr para o quarto e tentar falar com Daryl pelo walkie-talkie. Eles estão aqui. Todos aqui. Sim, definitivamente Philip não faria isso por mim se eu ainda estivesse no grupo dele.

— o que? — ela parece se desesperar. — Como? Quem são eles? — ela pergunta, ansiosa.
— conseguimos falar com eles, querem uma troca, ou vai ter guerra.
— que troca? — ela começa a andar, e eu não posso segui-la, sei que ela odeia isso, e eu não posso arriscar ser morta justo agora. Ela some da minha vista, e eu corro para meu quarto, pego o walkie-talkie e coloco no canal quatro.
— Daryl? — eu chamo, e o chiado começa, mas logo some.
— nós estamos aqui. Vamos pegar vocês. — Daryl diz, e eu suspiro aliviada. Já faz dois dias, Carol já está consciente, mas está de cadeira de rodas por enquanto, mesmo que consiga ficar de pé, é melhor assim. E eu sorrio. — como Carol está? — Daryl pergunta.
— bem. Ela está de cadeira de rodas, mas logo vai voltar a andar normalmente. — eu respondo, sorrindo.
— e você? — ele pergunta.
— melhor do que nunca. — tudo o que mais quero é sair daqui, e agora, sabendo que tenho essa chance, me sinto feliz.
— tudo bem. Até mais. — ele diz, se despedindo.
— tome cuidado, Daryl. — eu digo, por fim. Sei quem Dawn é, e ela com certeza mataria eles se tivesse a oportunidade.
— eu vou. — ele diz, e o chiado volta. Eu troco de canal e escondo o walkie-talkie, arrumando em uma mochila as poucas coisas que tenho
aqui. Corro até a sala de Carol, troco o seu soro fisiológico rapidamente e coloco dentro de minha mochila as coisas dela também, além de um pacote de soro fisiológico porque ela pode acabar piorando se fizer muitos esforços, e em um mundo como esse, tudo o que as pessoas fazem são esforços. Ela me encara confusa, eu não tive ao menos tempo para dizer quem sou para ela, não tive tempo para me apresentar. Ela parece assustada, mas tenta levantar da cama. Essa mulher é a mais forte que já conheci, mesmo que não tenha convivido com ela, ouvi histórias, muitas delas, e isso me impressiona, principalmente o jeito que Daryl e Rick sempre falaram dela, da força dela.

Blue Letter - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora