14 - chá de realidade

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— é melhor voltarmos, com certeza já sentiram nossa falta. — Daryl diz, mexendo em sua bolsa.
— eu não perdi minhas esperanças, na verdade... — eu murmuro, me aproximando de Daryl, e ele me encara confuso. — Achei uma coisa. — o que eu, por mais incrível que pareça, consegui encontrar está escondido em minhas mãos, e meu corpo cobre meus braços, proibindo Daryl de ver o que eu achei. Eu sorrio, e Daryl continua me encarando, confuso, e eu mostro as mãos. Estendendo para Daryl.

Encontrei uma pomada para o corte de Daryl, de ação cicatrizante, e também algodões, o que ele realmente precisava. Por sorte, as pessoas que moravam nessa casa, guardaram um kit de primeiros socorros no banheiro. Assim que Daryl vê e percebe o que é, encara meus olhos com um meio sorriso no rosto e põe a mochila sobre o ombro.
— não é Nebacetin, mas dá para o gasto. — eu digo, estendendo em sua direção e ele pega a pomada de minhas mãos e observa o que está escrito na embalagem enquanto eu guardo os algodões no meu bolso da calça.
— obrigado. — ele agradece, e eu sorrio de novo. Está certo que viver neste mundo novo não é nada fácil, mas ele se torna muito mais difícil se você não tem esperanças de que ele seja mais fácil.

O caminho de volta para a estrada foi silencioso no começo, mas eu não sou alguém que gosta de silêncio, e é fácil conversar com Daryl, ele parece alguém sensato demais comparado às pessoas que eu costumava conhecer antes do mundo acabar.
— Daryl. — eu chamo, e ele me encara por um segundo.
— hum? — ele resmunga, eu continuo seguindo-o para voltar a estrada e ele encara o chão agora.
— como encontrou Carol? Como me encontrou? — fico curiosa.
— eu encontrei o resto do primeiro grupo, em um lugar... — Ele limpa a garganta. — Tivemos alguns problemas antes de encontrar você. — Daryl diz, ajeitando a mochila em seu ombro.
— quais problemas? — eu pergunto, não consigo evitar a curiosidade.
— encontramos uma nova comunidade, mas... Não tinham pessoas boas lá. Eles faziam coisas... — ele dá de ombros, ficando em silêncio depois.
— não precisa me contar se não quiser. — eu lembra-o. Mesmo que eu queira saber, sei que é difícil dizer tão abertamente esse tipo de coisa.

— Carol nos salvou. Todos nós. E depois, eu e Carol vimos aquela camionete daquele cara que te levou, nós seguimos, e encontramos o hospital. — ele diz, e eu assinto.
— você encontrou. — eu suspiro, encarando o chão.
— é, encontrei. — Daryl murmura. — Por que "Sorvete de creme"? — Daryl pergunta, e eu sorrio.
— eu não sei, foi a primeira coisa que veio na minha cabeça. — eu dou de ombros, e nós finalmente chegamos a estrada de novo
Posso ouvir o barulho da conversa do pessoal, e então nós nos aproximamos mais, voltando para lugar de antes, um pouco atrás deles. Eu caminho ao lado de Daryl, isso sempre me deixa nervosa, de alguma forma, e não sei o porque, apenas acontece, e posso sentir as minhas bochechas esquentarem, esperando que minha pele clara não tome a coloração avermelhada que sempre toma quando me sinto nervosa ou com vergonha.

Apenas observando as árvores, espero que Daryl diga algo, detesto esse tipo de silêncio que parece constrangedor, mas quando viro meu rosto para ele, posso ver que ele somente começa a mexer na mochila que mantinha nos ombros. Eu o observo, até que ele parece encontrar o que procurava.
— eu encontrei isso. — Daryl diz, e eu encaro a mão dele, posso ver meu chocolate favorito ali, e imediatamente a lembrança do gosto delicioso daquilo vem à minha mente. Daryl estende o chocolate em minha direção, me entregando, e eu não penso duas vezes antes de pegar.
— obrigado. — eu agradeço, talvez fosse disso que eu precisasse, um chocolate. Ou de alguém que me desse um. Que deixa tudo melhor. Daryl coloca a mochila nos ombros novamente, encarando o chão enquanto não para de caminhar. Eu sinceramente não esperava que Daryl se lembrasse daquilo. Parece algo tão simples e pequeno, mas talvez Daryl não imagine o quanto essas coisas importam, ou talvez, eu achei que significa demais, mas não significa. — É sério que você ainda não gosta disso? — eu pergunto, e posso ver Daryl dar de ombros. Por que é tão raro ver um sorriso nos lábios de Daryl?

Blue Letter - Daryl Dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora