Ayla
— só esse corte? — eu pergunto, terminando de cobrir com um corativo o corte na testa de Daryl, e ele assente a minha pergunta. Eu não posso me ver, mas os meus olhos com certeza estão escuros agora, não gosto da ideia que Rick teve para lidar com os homens do tal Terminus, e não sinto como se fosse seguro, ainda mais pelo fato de que eu não vou poder ir, por estar ferida. — Você precisa mesmo ir resolver aquilo? — eu pergunto, me sentando na cadeira a frente dele depois de limpar e tampar o corte dele.
— é a nossa família. Eu tenho que ajudar. — Daryl toca com a ponta dos dedos no corativo que eu acabei de fazer e se levanta, pegando sua arma. — Eu vou ficar bem, você sabe que vou. — ele diz. A incerteza na voz está clara, e isso não me passa segurança.— eu sei que vai, mas você acabou de voltar, Daryl. Rick poderia deixar você aqui, ajudando a cuidar das crianças, protegendo as crianças. — eu suspiro, me levanto e fico de frente para Daryl. — você não precisa ir. — eu digo.
— preciso ajudar. — ele responde. Eu coloco as mãos uma em cada ombro de Daryl, e abaixo a cabeça, encarando os próprios pés.
— por que? — eu pergunto, mais como um sussurro.
— preciso proteger Judith e Carl, preciso proteger você, proteger todos, mas não ficando aqui para cuidar, indo lá fora acabar com isso. Dar um fim. — mesmo que eu me sinta novamente uma criança, as palavras de Daryl aquecem meu corpo, e fazem meu coração acelerar.
— tudo bem. — eu suspiro, me dando como derrotada, e tiro as mãos dos seus ombros.
— eu não vou morrer. — Daryl dá um meio sorriso, e isso me passa segurança.
— eu sei que não vai, e é bom que realmente não morra. — eu respondo. Sem conseguir controlar, eu aproximo o rosto de Daryl, e beijo-o. Envolvo os braços no pescoço dele, acariciando a sua nuca enquanto tento aproveitar o que eu sei que pode ser o meu último beijo com Daryl. O corpo está duro como pedra, mas ele não se afasta, e sobe as mãos devagar, abraçando-me. Eu afasto os lábios, encaro o azul dos olhos de Daryl e sorrio.
— eles sabem.. — eu aponto para a porta atrás de mim mesma.
— sabem o que? — ele percebe o que eu estou falando. — Como? — ele pergunta.
— eu meio que... Acabei falando, quando disse que sairia atrás de você. — eu assumo. Foi tão espontâneo. Rick me proibindo de sair e minha cabeça pulsando que Daryl estaria morto, que eu acabei dizendo que estavamos juntos, mesmo que indiretamente, mesmo que nem eu mesma saiba se nós dois estamos realmente juntos.
— você foi quem deu a ideia? — Daryl franze o cenho.
— é... — dou de ombros, e ele balança a cabeça de um lado para o outro.
— não deveria... — Daryl diz, mas depois encara a porta quando escutamos o nome de Daryl sendo gritado. — Tenho que ir. — Daryl diz.
— se cuide. — eu peço quando solto-o e o observa se afastar.
— você também. — ele diz, virado para mim, e depois volta a caminhar olhando para frente.
Eu me sento no sofá, e penso sobre a volta dele, ansiosamente, e ele nem mesmo saiu ainda.[...]
O tempo passa tão devagar quanto uma tartaruga. Eu caminharia de um lado para outro se não estivesse com a perna ferida, mas como não posso, apenas estou sentada, pensando sobre Daryl, sobre o resto do grupo.
Eu escuto o choro de Judith e coço a própria cabeça, um tanto de irritação por conta da tensão. A porta se abre, e eu encaro Michonne entrando com Judith, que ainda está chorando.
— Ayla, eu... — ela ajeita a criança nos braços, lidando com a comida nas mãos. — Pode me dar uma mãozinha? — ela pergunta, se sentando no sofá ao meu lado.
— eu não sou muito boa nisso... — eu a observo.
— eu só preciso que fique com ela um pouco, eu... Tem mortos quase arrombando a porta. — eu encaro a criança, não sei se consigo lidar com isso, já que minha irmã me disse que era um inferno cuidar de um bebê. Mas tem zumbis quase entrando, e eu não posso ajudar do lado de fora, já que minha perna ainda dói, então cedo, mesmo que indecisa ainda.
— ah... Ótimo. Eu volto logo. — Michonne me entrega a criança e a comida que estava nas mãos dela. E de repente, a pessoa sensível sai de dentro de Michonne quando ela toca na espada e seus olhos escurecem. Ela sai.
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Blue Letter - Daryl Dixon
FanficDaryl Dixon, o homem de poucas palavras e um oceano azul de silêncio. Ele é capaz de coisas assustadoras para proteger quem ama. Está história é sobre o azul e o colorido, sobre o azul e o arco-íris, que sentia falta de uma cor, a cor que faltava, o...