Série Na Borda - Livro 1 - No Limite

Vinte e Três

Quanto mais fundo se mergulhava na Floresta, mais escuro ficava. As árvores ficaram cada vez mais grossas, os troncos elevando-se acima como colossais colunas texturizadas. Seus galhos se estendiam e torciam, unidos por musgos, líquens e cachos azuis brilhantes de videiras, escorrendo como se fossem os cabelos dos espíritos das árvores.

As copas formavam sua própria camada separada, muito acima do chão da Floresta.

Enquanto caminhava, Yoongi de vez em quando olhava para cima só para ter certeza de que Yeojun não os acompanhara. Ele não ficou muito satisfeito por ter ficado na Casa Floresta com a avó.

Ele olhou para Jungkook, que seguia em frente, aparentemente se sentido em casa na Floresta. Ele carregava uma pequena sacola. Dentro da sacola dois corvos estavam sendo transportados cuidadosamente.

Mais cedo, quando voltaram para a Casa Floresta, Jimin reanimou ambos. Ele não possuía seus corpos no momento, mas sentiria quando Jungkook os soltassem e então Jimin assumiria o controle deles.

Era um plano simples. Eles chegariam perto o suficiente de Casshorn, esperariam o momento certo, liberariam os corvos e deixariam Jimin usá-los para roubar um item. Então os corvos voariam, encontrariam Yoongi e Jungkook, entregariam o item e todos fugiriam, esperançosamente vivos.

Todos havia combinado de que Jimin teria apenas cinco minutos de posse. Cinco minutos passados, prontos ou não, a avó e Jeremiah o acordariam. Cinco minutos era um limite de tempo bastante seguro, de acordo com Jungkook. Yoongi não queria ter colocado Jiminie nisso, mas eles não tinham outra opção. Era um plano muito frágil, podia dar muito errado, mas era o único que tinham.

Yoongi tinha combinado com Jeremiah e Leanne de que quando Jimin despertasse e eles não precisassem mais de seu dom, Jeremiah levaria Yeojun, Jimin, Leanne e seu filho para o Broken com a desculpa de que precisavam comprar mantimentos. Yoongi havia dado dinheiro suficiente para Leanne para pagar um quarto decente de hotel. Com sua força sobrenatural, Leanne seria capaz de lidar com os meninos. Não importa o que acontecesse no Edge, seus irmãos estariam seguros.

A Floresta prosperava ao redor deles. A vida reinava aqui. Uma centena de pequenos ruídos preenchia o silêncio, pássaros brigando, esquilos guinchando furiosamente para as formigas Edeges que tentavam roubar seus filhotes nas suas tocas, texugos grunhindo alto, e um baixo latido de raposa soava ao longe. O musgo Edege embainhava os troncos com suas flores em forma de brincos, brilhando em vermelho claro, amarelo, lavanda e púrpura. As árvores caídas serviam para ancorar novas vidas, brotando jovens sementes e alimentando às vinhas. O perfume de inúmeras flores e ervas flutuava no ar, misturando-se com aromas de animais. Até a luz, filtrada pelas copas das árvores, era de um viçoso verde-esmeralda.

No caos da Floresta, ele e Jungkook eram apenas dois pequenos pontos de vida. Em um outro momento, ele adoraria sentar-se e ouvir a Floresta respirar, mas hoje não tinha esse luxo.

— Cuidado — Yoongi gritou, quando Jungkook parou ao lado de uma moita rosa brilhante que se misturava a palha de pinheiro e trepadeiras enroscadas no chão. — Muito venenosa. — Yoongi alcançou a videira mais próxima, pegou um punhado de frutas amarelas claras e entregou algumas para ele. — Falsas cerejas — disse ele.

Jungkook esmagou uma frutinha e a provou um pouco em sua boca.

— Tem gosto de cereja de verdade.

Yoongi não podia encontrar nenhuma falha na maneira como Jungkook se movia através da Floresta, parecia um lobo, silencioso e leve em seus pés. Seu rosto se fechou novamente. A dureza ao redor de sua boca e o olhar frio e calculista estavam de volta.