Dezesseis

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Éléonore segurou Jiminie Ele estava mole, sua pele fria e úmida. Seu pulso vibrava como uma borboleta moribunda sob as pontas dos seus dedos. Ela tentou alcançar a mente dele várias vezes, mas Jiminie havia escorregado para algum lugar profundo, muito longe de seu poder.

Abaixo dela, a casa estremecia e estalava, ruidosa, madeiras sendo quebradas e fortes estrondos, mas nada disso importava. Ela se concentrou, derramando todo o seu poder nas palavras sussurradas.

— Vamos lá, querido. Volte para mim. Volte para a sua avó. Você não quer me deixar, não é?

Éléonore sentia apenas escuridão.

— Volte para mim, querido.

A magia dela se derramou. Um leve brilho espalhou-se do rosto até as pontas dos dedos. Na escuridão do sótão e na escuridão que engolia Jiminie, Éléonore se tornou um farol.

— Volte para mim.

Estava tão decidida a encontrá-lo que levou vários segundos para perceber que tudo tinha ficado quieto.

O alçapão tremeu. Alguém ou alguma coisa tinha agarrado a corda de baixo e a puxou. Éléonore começou a entoar silenciosamente, reunindo a magia ao seu redor. Ela não podia manipular um flash, não como Yoongi, mas possuía a velha magia. Não se deitaria lá e deixaria que eles a rasgassem em pedaços sem lutar.

O próximo puxão quebrou o trinco da madeira. A escada do sótão caiu.

A magia girou em torno dela como uma nuvem de morte. Raios malévolos dispararam através de seu brilho, torcendo-se sobre ela em fitas furiosas. O feitiço tomaria sua vida em pagamento por seus serviços, mas ela não tinha escolha. Pagaria qualquer coisa para dar a Jiminie mais alguns minutos.

A magia pairou na ponta dos dedos, coçando para ser libertada.

— Sou eu, Jungkook! —Gritou uma voz masculina. — Estou subindo!

Ela viu a cabeça loira subir pela abertura. Seu rosto estava coberto de respingos cinzas. A magia da morte desapareceu, substituída por uma única necessidade urgente... salvar Jiminie.

— Venha — Jungkook chamou.

— Ele está desaparecendo! —Ela empurrou Jiminie para ele.

Jungkook agarrou o corpo e desapareceu na escada abaixo. Ela o seguiu.

Jungkook correu pela casa. Éléonore em seus calcanhares, passando por cima de carcaças de animais e móveis quebrados. Jungkook varreu a mesa da cozinha com um movimento do braço, mandou pratos e jarros para o chão e depositou Jiminie na mesa. Ele rapidamente abriu a pálpebra de Jiminie, expondo uma linha minúscula de azul ao redor de uma pupila dilatada preta.

— Eu preciso de uma vela — disse ele.

Éléonore se virou, deslizando no chão da cozinha, pegou uma vela e uma caixa de fósforos. Ela acendeu a vela com as mãos trêmulas.

Jungkook vasculhou suas roupas e tirou uma pequena bolsa. Puxou um pequeno pedaço de papel da bolsa, polvilhou ervas, rolou como um cigarro e acendeu o fogo. Um aroma doce e penetrante se espalhou pela sala. Ela percebeu o que ele estava tentando fazer e segurou Jiminie, levantando a cabeça dele da mesa. Jungkook segurou o incenso queimando sob o nariz de Jiminie.

O garoto não se mexeu. Jungkook engoliu a fumaça do incenso, abriu a boca de Jiminie e soprou a fumaça para dentro dela. Sem resposta.

Jiminie se foi, ela percebeu. Um pesadelo. Isso tem que ser um pesadelo.

Série Na Borda - Livro 1 - No LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora