Vinte

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Yoongi estava sentado na varanda, com uma xícara de chá na mão. Dentro de casa, Jimin comia como se não tivesse comido em anos, e a avó estava muito feliz em empilhar mais comida nos pratos dele e de Yeojun.

A porta de tela se abriu e passos silenciosos se aproximaram dele. Jungkook sentou-se ao lado nos degraus. Por um longo minuto eles não disseram nada, então ele se inclinou para Jungkook e beijou a sua bochecha.

— Obrigado por salvar meu irmão.

Yoongi se afastou antes que ele pudesse tocá-lo.

— Você não parece feliz — disse ele.

— Eu estou. É só... — Yoongi abaixou a cabeça. — Tenho vivido com esse medo por muito tempo. Ele começou a ressuscitar coisas quando tinha seis anos. Tem dez agora. Por quatro anos, o assisti morrer aos poucos. Sei que isso atrapalhou seu crescimento. Ele provavelmente nunca será tão alto ou forte como deveria.

— As crianças são resistentes — disse Jungkook. — Com a dieta e o exercício certos, ele se recuperará.

— Eu tentei ajudá-lo — Yoongi disse a ele. — Fiz tudo o que consegui pensar. Uma vez vovó e eu o colocamos para dormir por dez dias, esperando que todas as suas criaturas morressem. Mas elas continuaram sugando a vida dele. Isso vai soar terrível, mas eu me conformei de que ele não poderia ser ajudado. Aceitar o destino foi a única maneira que encontrei de lidar com isso. Nunca parei de ter esperanças e de tentar ajudá-lo, mas no fundo eu meio que resolvi que um dia ele iria simplesmente se apagar, como a chama de uma vela. — Yoongi cobriu o rosto. — Você o salvou. Salvou Jiminie. Estou muito grato. Não quero que pense que não estou agradecido por isso. É só que nem sei o que dizer. Estou com medo de acreditar. Eu deveria ter tentado mais... Deveria estar feliz agora, mas estou me sentido... perdido. Atordoado.

— Como um corredor cuja corrida foi interrompida — disse Jungkook.

— Sim. É egoísta e terrível da minha parte, e eu tenho vergonha disso. Não sei nem porque estou te dizendo isso.

Jungkook o puxou para ele, envolvendo o braço maciço ao redor das costas dele. Yoongi se afastou.

— Deixe-me segurá-lo — disse ele. — Não vou te 'morder'. Você precisa disso. Só me deixe abraçá-lo.

Havia uma força tranquila na maneira como ele o segurava, e Yoongi se apoiou no corpo dele, envolvido em seu calor e no cheiro de sua pele. Yoongi nunca teve ninguém para se apoiar, não desse jeito. Ele o fez se sentir tão seguro que teve medo de se afastar, medo de chorar se o fizesse.

— Eu me senti assim quando Casshorn resgatou Namjoon — disse ele. — E lembro de me sentir como escória por isso. Eu tinha certeza de que nada de bom viria de Casshorn. Sabia disso, mas o que eu poderia dizer? 'Não, Nam, prefira a morte em vez disso?'

— Por que Casshorn resgatou Namjoon? — Yoongi perguntou.

— Por minha causa. Acho que ele estava planejando o início dessa insanidade naquela época. Casshorn é mais velho que eu por três décadas. Ele foi bem treinado, é perigoso e habilidoso, mas sempre precisou da perseverança e da disciplina necessárias para realmente dominar uma arma. Em seus melhores momentos, ele foi brilhante, mas nunca foi bom em uma luta corpo-a-corpo. Se nós lutarmos com espadas, eu vou cortá-lo. Ele está bem ciente disso. Ele queria usar Namjoon contra mim. Namjoon é letal com qualquer lâmina, especialmente facas.

— Mas Namjoon é seu amigo.

Houve uma pequena pausa.

— Depois que Namjoon foi libertado, eu o encontrei em um dos jantares formais que Sua Graça deu. Ele veio ao jantar como filho adotivo de Casshorn. Namjoon não falou comigo.

Série Na Borda - Livro 1 - No LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora