Vinte e Cinco

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Éléonore sentiu passos se aproximando um momento antes de uma batida cuidadosa na porta quebrar o silêncio. Ela largou o pilão e foi abrir a porta. Tecnicamente Emily deveria ser a única a fazer isso, já que ela era a mais nova, mas Emily estava cozinhando um gato morto em cima do fogão e tinha que continuar mexendo. O cheiro já era horrível do que jeito que era, não havia necessidade de adicionar fedor de queimado a ele.

Éléonore abriu a porta e olhou para uma jovem de aparência familiar. Ruby, ela lembrou. Uma das bisnetas de Adele.

— Há um homem aqui que quer vê-la — disse a menina.

Um homem? Na Casa Floresta? Como no mundo ele passou pelas Proteções?

— Quer me ver ou sua bisavó?

A menina balançou a cabeça escura.

— Você, Senhora Min.

Éléonore limpou as mãos no avental e saiu.

Um homem esperava no quintal. De cabelos escuros, alto, da idade de Jungkook. Ele olhou para cima e seus olhos brilhavam com um âmbar selvagem. Alarme disparou através de Éléonore. Era como olhar nos olhos de uma besta feroz.

— Você deve ser Namjoon, então — disse ela.

Ele assentiu.

— Está aqui por você ou por Casshorn?

— Por Yeojun — disse ele.

— Entendo. — Ela de fato não entendia, mas isso parecia a coisa certa a se dizer.

Namjoon sentou-se na grama.

— Diga-me quando a maldição estiver pronta. Eu vou levar os Caçadores para o lago.

Éléonore assentiu e entrou. Algo aconteceu. Ela teria que perguntar a Yoongi sobre isso, mas não agora. Agora tinham magia antiga para conjurar.

Duas horas depois, Éléonore cambaleou para a varanda, pálida e exausta. Namjoon estava sentado no mesmo lugar.

— Está feito — ela sussurrou. A conjuração da Maldição havia tomado todas as forças deles. — Seja rápido. A maldição não vai segurá-lo por muito tempo.

Namjoon tirou a camisa e depois as botas. Suas calças se foram e ele ficou nu na grama. O corpo dele torceu, músculos e ossos se alongaram, fluindo como cera derretida. Sua espinha se curvou, suas pernas tremeram e ele caiu na grama. Um violento tremor o sacudiu. Suas garras arranharam o ar. O osso recém-formado, molhado de linfa e sangue, atravessou o músculo. Éléonore lutou contra um estremecimento.

A carne se agitou e fluiu, envolvendo o novo esqueleto. Grossos pelos negros brotaram e embainharam a pele. Um lobo enorme ficou de pé.

— Abra o portão! — Éléonore gritou.

Um jovem deslizou a tabua de madeira para o lado e abriu o portão. O lobo ofegou uma vez e correu para a Floresta.

Éléonore o observou ir embora. Um pavor terrível a cobriu, apertando seu peito com um punho frio, e ela sentou-se em uma cadeira. Isso não terminaria bem.


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As águas lamacentas, verdes e opacas da lagoa estavam calmas. A tarde caminhava para o início da noite, mas ainda tinham pelo menos algumas horas de sol. De onde estava, sentado na frente de pequeno barco inflável, Yoongi via a doca muito claramente. Camadas de borracha de pneus cobria completamente toda a madeira. Ele poderia morrer lá.

Série Na Borda - Livro 1 - No LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora