Cibercrimeética - Jeon Jungkook

Capítulo 19 - Gatilho da Morte

15 Anos antes dos tempos atuais

Naquela sala escura, onde o som do ar condicionado e de alguns funcionários mexendo nos computadores se fazia presente, o homem com o terno negro, suas feições escondidas nas sombras, fez a observação sobre Thalassa. Seu olhar, apesar de invisível, parecia penetrar fundo nas entranhas de Gabriel, transmitindo uma sensação gélida.

O homem começou, com sua voz profunda ecoando no espaço vazio.

-Thalassa é uma peça única. Aos seus oito anos de idade, ela já exibe um dom excepcional-

Com a curiosidade piquetada, Gabriel se virou para encarar o sócio, sua expressão sutilmente revelando um interesse crescente. A escuridão do local parecia envolvê-los, tornando o ambiente ainda mais intimidador.

O sócio continuou, sua voz imperturbável. 

-Ela é a única criança com TPA que temos em nossas mãos. Sua capacidade de seguir ordens sem hesitar, sua capacidade de eliminar sem pestanejar, é realmente notável-

Gabriel manteve os olhos fixos na tela das câmeras, onde a equipe Álara Rómen, a equipe da garotinha de cabelos pretos, estava parada observando outra equipe. Ele murmurou em resposta. 

-De fato, ela demonstra um potencial incrível, mas, como você bem sabe, temos que ter cautela. Precisamos descobrir o que a motiva, o que a impulsiona. Qual é o gatilho dela?-

O sócio assentiu, como se soubesse que a busca por essa resposta seria crucial para o sucesso de seus empreendimentos futuros.

No coração daquela densa floresta, Thalassa, a garotinha de olhos profundos e cabelos escuros, mantinha-se habilmente oculta atrás de uma máquina enferrujada e quebrada. A luz do fogo, que se alastrava impiedosamente por uma parte da floresta, dançava nos olhos da menina, conferindo um brilho ainda mais sombrio àqueles olhos que testemunhavam o cenário caótico.

Seu foco estava voltado para o loiro, um dos adversários da equipe rival, que exibia um sorriso perverso enquanto desferia chutes cruéis na barriga de um jovem infortunado. A irmã do garoto expressão de diversão macabra. Enquanto tudo isso ocorria, Ruffy, o membro da equipe de Coldy, escapava da percepção da garota, movendo-se nas sombras.

Então de repente, Ruffy surgiu, arrastando consigo Dorian, o garoto de cabelos escuros que estava sendo brutalmente puxado pelo mais velho. O garotinho, com semblante endurecido, lutava contra o aperto do adolescente e proferia queixas de resistência. O rapaz da equipe rival o atirou aos pés de Coldy, cujo semblante exibia uma animação inquietante.

O loiro, encarando Dorian, deixou seu sorriso misterioso dançar nos lábios. Com uma expressão tão enigmática quanto a escuridão que os cercava, ele se abaixou para ficar cara a cara com o mais novo, mantendo uma proximidade incômoda. Sua voz ecoou na floresta como um sussurro gélido. 

-Estávamos procurando por você, garoto-

Dorian,  visivelmente irritado, não se curvou perante a pressão daqueles olhares penetrantes. Sua mandíbula tensa e o olhar desafiador que lançou em resposta ao outro, entretanto, indicavam que a tensão naquele lugar estava prestes a atingir seu ápice.

Zephyra emergiu da densa mata com uma expressão de desespero estampada no rosto. Ela não perdeu tempo e correu em direção ao Coldy, deferindo-lhe golpes na tentativa de soltar o rapaz que ele segurava com brutalidade. Entre as lágrimas que emolduravam seus olhos, a ruiva praguejou em desespero. 

-Solta ele, seu... seu gema de ovo!-

Thalassa, ainda escondida e observando a situação, serrou os olhos mantendo a afeição gélido. Ao seu lado, Tanith se aproximou com agilidade e se agachou, mostrando uma expressão carregada de preocupação. Ela questionou a garota, ansiosa.