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(Ohana)

Pelos Deuses...

Eu estava completamente apaixonada por aquela mulher! Era loucura? Era. Fazia pouco tempo que nos conhecíamos? Fazia. Eu era a sua empregada? Sim. Mas eu simplesmente não conseguia dominar o meu coração, ele batia selvagem no peito só de pensar nela, então eu levantei a bandeira branca para aquela guerra acontecendo dentro de mim, da razão contra a emoção, e me rendi aos sentimentos.

Quando Larissa precisou sair para o trabalho, eu pude ver nitidamente a nossa pequena bolha de perfeição e fantasia se estourando, a realidade deu um belo tapa na minha cara de boba e disse: "Acorda para a vida! Está achando que é uma princesa agora? Nada disso! Vai trabalhar mulher!" No entanto, como eu havia falado eu não buscava por um conto de fadas. Eu queria algo real, mas bem que a nossa realidade poderia ser menos complicada, não é mesmo?

Engoli um pequeno caroço de desilusão que havia brotado na garganta e me preparei para a primeira tarefa do dia, lavar os banheiros, essa era uma das tarefas que eu mais odiava fazer. Mas fazer o quê? Era o meu trabalho... Além do mais, eu desentupia gratuitamente o ralo do box lá em casa desde que me entendo por gente. Não podia reclamar.

— Aqui está você! — Marta disse do umbral da porta, ajeitando os cabelos presos em um coque. Eu já estava retirando as luvas de látex e prestes a sair do cômodo quando ela apareceu.

— Desculpa, Marta. Estava chamando por mim? — Arranquei os fones de ouvido para escutá-la melhor, as batidas da música "love story" da Taylor Swift reverberaram pelo ambiente, senti meu rosto esquentar e abaixei o volume às pressas. Marta abriu um pequeno sorriso e assentiu antes de dizer:

— Já estou indo, querida. Mas antes de ir eu vim te lembrar que saco vazio não para em pé! — Pousou as mãos nos quadris e acenou com a cabeça para o corredor

— Vá almoçar, já passou da hora.

Soltei um riso baixo e caminhei até ela, deixando para me preocupar com o carrinho de limpeza depois.

— Obrigada! O que seria de mim se não fosse por você?

— Deixe disso, menina! — Se afastou, prendendo os lábios para não rir.

Eu estava ansiosa demais para sentir fome, mas tentei comer um pouco do nhoque à bolonhesa ao me lembrar das palavras de Larissa. "Deixe-me te alimentar, Honey. Precisará de energia para mais tarde..." Por incrível que pareça eu estava mais nervosa do que na minha primeira vez.

Peguei o meu celular do bolso e comecei a digitar uma mensagem. Socorro! Aguardei pela resposta que não tardou em chegar.

O que aconteceu, sua louca?!
Fisguei o lábio inferior e soltei os meus dedos ágeis pelo teclado, enquanto isso a comida esfriava no prato em cima da bancada.

Ela me quer essa noite!

E isso é um problema, Ohana???

Minha amiga respondeu quase que instantaneamente.

Eu não sei se consigo, amiga!

Ah não! Ainda está assada?

Soltei um riso esganiçado e me levantei da banqueta. Largando o almoço de vez para trás eu caminhei de um lado para o outro enquanto digitava.

Quando Larissa me perguntou essa manhã se eu já tinha me recuperado ela não fazia ideia de como a situação lá embaixo estava antes, Eu precisei fazer compressas frias! Sim, eu passei saquinho com gelo! Minha vontade era de ficar com as pernas abertas, mas fui sensata e me contive em aplicar o creme calmante nas regiões externas. Fiquei cheirando a bumbum de bebê, mas felizmente surtiu efeito. Agora eu estava novinha em folha e pronta para outra...Bem, quase isso.

THE BEAST  -  OHANITTAOnde histórias criam vida. Descubra agora