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Finalmente havíamos chegado, desço do luxuoso carro, e vejo a frente a extensa mansão. Pelo modo como ela foi construída, todos os cômodos principais tinham vista para o enorme jardim da frente com uma gigantesca piscina e uma grande fonte, tentei não me intimidar pela grandeza da propriedade, afinal eu já sabia que se tratava de uma mansão, só não esperava tanto e aqui estamos.

— Ele parou próximo da entrada e analisou meu rosto atentamente por alguns instantes antes de esticar o braço.

— Preciso ir agora,fique com o meu número senhorita, caso precise sair para comprar algo na cidade.

— Muito obrigada... — Olhei de relance para o cartão para confirmar o nome

- Bruce — Sem problemas.

Caminhei a passos longos e firmes. Eu precisava parecer decidida, e não insegura. Tentei não me deslumbrar com todas as maravilhas da mansão. Ao chegar na varanda, uma senhora parada de pé à porta me fitava, Quando finalmente me aproximei,ela inclinou a cabeça para trás, mantendo contato visual.

— Olá me chamo Ohana Lefundes — eu disse incerta

— Olá me chamo Marta criança, Venha preciso lhe mostrar a casa e suas tarefas antes que dê minha hora. — Gesticulou as mãos e virou as costas.

— Tudo bem... — A segui para dentro e precisei usar de muita força de vontade para não sair arfando e suspirando pelos cômodos.

A casa era ainda mais bonita por dentro do que por fora. Amplas janelas de vidro corriam do chão ao teto, iluminando naturalmente todo o ambiente da sala e nos presenteando com uma visão espetacular da cidade, já que a mansão era um pouco mais afastada, e ficava numa parte alta. a cozinha era toda em inox era enorme, uma bancada em mármore dividia o ambiente da copa onde uma mesa retangular jazia em frente à janela vítrea de correr com vista para o jardim. Aprendi que ela era responsabilidade apenas de Marta, a cozinheira da mansão. Todos os outros cômodos internos eram de meu encargo e, portanto, minha jornada de trabalho seria mais longa.

— Você parece ser uma menina esperta, acho que vai pegar rápido...

— Exalou o ar ao final da frase, frustrada com alguma coisa. Não sei o porquê, mas a forma como ela vinha me chamando me incomodava. Eu não era criança, era adulta e estava ali para trabalhar tanto quanto ela! Marta deve ter percebido o leve enrugar do meu nariz e parou de falar por um segundo, semicerrando os olhos para mim.

— Acha que eu gosto disso? Você é a terceira pessoa nesse mês a quem tenho que passar todas essas informações, menina! Não me venha fazendo caretas porque quem as deveria estar fazendo era eu!

— Vejo que me interpretou mal, senhora. Se você espera por meu respeito, também deveria mostrar um pouco dele por mim. Meu nome é Ohana, não me chamo criança, tampouco menina. — Aprumei os ombros e escondi as mãos atrás do corpo, estalando os dedos sem que Marta notasse. Não queria que ela percebesse meu nervosismo. A senhora levantou uma sobrancelha negra e me fitou em silêncio antes de soltar um riso abafado.

— Talvez eu tenha me precipitado... sim. — Ela continuou me analisando de cima abaixo com uma expressão de surpresa.

— Acho que com essa sua personalidade você pode durar mais do que a última. Seu rostinho meigo engana, Ohana. Os cantos de sua boca repuxaram para cima, mas no instante seguinte Marta estava séria novamente.

— O que eu falava? Ah, sim! — Puxou uma folha de dentro de um bolso do avental. — Esta é a planta da mansão. Tanto a parte interna como a externa. A propriedade pode ser grande, mas não há nada de complicado nela.

— Tudo bem, obrigada. — Peguei a planta, passando os olhos rapidamente por ela.

— Como pode ver, no andar térreo estão três suítes,sala de musculação, sala de estar, sala de jantar, a copa-cozinha, dois banheiros e as dependências para empregados. Assenti, embora eu estivesse mesmo distraída com a parte externa. Caramba, aqui tem até heliponto! — No segundo andar ficam a suíte master e o escritório. Preste bem atenção Ohana. Não é permitido que entrem em no escritório sem permissão. Levantei os olhos da folha, fazendo uma nota mental sobre isso.

— Ok. — Prendi os lábios. Mais uma coisa para complicar meu trabalho! — A limpeza da copa-cozinha é feita por mim. Quanto aos outros cômodos, você os manterá limpos e organizados, bem como a troca das roupas de cama e de banho. Não se preocupe com a lavagem e secagem das roupas comuns, elas são feitas por mim cinco vezes por semana. Marta me mostrou as outras dependências e, ao chegarmos na suíte principal, franzi a testa. O quarto era completamente nu, com exceção da cama king size, das mesas de cabeceira e do enorme frigobar abarrotado de bebidas, não havia nada que indicasse que uma pessoa dormia ali todos os dias. Parecia mesmo outro quarto de hóspedes há muito tempo sem uso, porém, com o dobro de tamanho.

Girei o rosto, avistando a ampla porta do closet aberta e logo ao lado, o luxuoso banheiro todo em mármore. Que vontade de experimentar aquela banheira! Imaginei-me banhando com espuma enquanto "o chefe" estivesse fora, fingindo por um momento ser a dona daquela mansão! No entanto, eu não faria nada antiético que pudesse me colocar no olho da rua.

Além do mais, quem garantia que não havia câmeras escondidas por ali? Em seguida ela me levou até o meu quarto, muito menor do que os cômodos principais, porém, bem maior do que eu estava acostumada. É claro, as dependências dos empregados ficavam na parte de trás da mansão.

- Obrigada Marta, por onde devo começar hoje?

— Virei-me para a entrada do quarto, encontrando Marta prestes a sair. Ela estacou no lugar e olhou para o relógio digital na mesinha de cabeceira.

— Hoje nada, Seu primeiro dia começará amanhã cedo, espero que não se assuste quando for arrumar a suíte master. — Bufou baixinho. Franzi o cenho, sem entender como arrumar aquela suíte seria uma tarefa difícil, visto que não havia muita coisa nela.

— Os uniformes estão no armário e sua jornada de trabalho é de nove às oito, com duas horas de intervalo. Uma para o almoço e a outra para a janta. — Se afastou em direção ao corredor antes de falar

— Já é meio dia, sua refeição será servida na cozinha.

— Ok, já vou. Preciso tomar um banho primeiro. — Estou indo embora, deixe a louça suja na pia quando terminar. — Sem problemas... Esperei ela sair para apanhar meu celular na bolsa, engoli o nó na garganta e forcei um sorriso para que soasse na voz, enquanto ligava para minha mãe.

— Filha, é você? — Minha mãe atendeu rápido, esperando por notícias.

— Sim, estou ligando para dizer que cheguei bem. — Andei para trás até que as pernas esbarrassem na cama e me sentei, tocando distraidamente o pingente do colar com as pontas dos dedos de uma mão enquanto a outra segurava firme o aparelho contra a orelha.

— Que bom, minha filha. E como é o ambiente? Estão te tratando bem? Já comeu? — Dona Alura não parava de fazer uma pergunta atrás da outra, preocupada comigo como toda mãe estaria. Omiti a fama que o "patrão" tinha por aí, e disse somente as verdades que ela gostaria de escutar. Para que tirar a paz dela à toa? Além do mais, nem o conhecia ainda para afirmar se era mesmo tão ruim assim!

— Se cuida minha filha. Não deixe de se alimentar bem e beber bastante água! Está muito calor. Seja discreta e tente fazer tudo com calma...

— Pode deixar, mãe. Está tudo bem, de verdade. — A interrompi, ou então ficaríamos na linha por mais de uma hora.

— Preciso ir antes que a comida esfrie. — Se precisar de alguma coisa ligue, ok? Beijo. — Beijo!

Após um longo banho frio, para refrescar,almocei tranquilamente, murmurando de prazer ao me deliciar com a comida. Assim que terminei já pensava em repetir, porque sou gulosa mesmo, ouvi um barulho altíssimo de hélices e corri até a janela, vendo o momento exato em que o helicóptero pousou. Meu estômago deu um nó e repentinamente a minha calma se esvaiu. Finalmente iria conhecer o temido senhor Machado.

Levantei-me da bancada e alisei o vestido, preparando-me como possível. Inspirei fundo, a fim de controlar os batimentos cardíacos e caminhei lentamente até a sala de estar chegando lá eu travei completamente.

no instante em que a figura de uma belíssima mulher, muito deslumbrante adentrou o local...

THE BEAST  -  OHANITTAOnde histórias criam vida. Descubra agora