Capítulo 2

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O grande dia. O tão sonhado encontro.

Sonhei tanto com este dia. Leio as suas obras há algum tempo e finalmente poderei olhar em seus olhos e falar tudo o que sinto. Não há nada mais gostoso do que a sensação de poder abraçar alguém que, aos seus olhos, era inalcançável. A distância entre corpos sempre fora presente, mas a do nosso coração, não.

Meu pai me deixou na estação, citou inúmeras regras, mas a que me fez lacrimejar foi: “Imagine, filha.”

Imagine. Imagine o conforto do abraço que você nunca sentiu, mas idealizou. Imagine a paz que você sempre sentiu, e que agora irá concretizar-se. Imagine conhecer quem você somente amou em pensamentos. Imagine.

Estou lendo um dos seus livros: “Por tudo que passei, reconheço.”. E, todas as vezes em que leio sobre você, me sinto ainda mais sua.

“Cada perda nos faz mais fortes e sábios,
Nos ensina a valorizar o que é verdadeiro e caro.
Na dor necessária, encontramos nossa essência,
E renascemos com uma nova consciência”

Inspiro, lentamente. Tento não chorar, mas o meu coração fracassa. Penso na minha mãe, penso em nós duas. Se ela estivesse aqui, esse momento seria além do imaginável. Estaríamos cedinho lá, entre as inúmeras pessoas, enquanto segurava a minha mão e pediria para que eu imaginasse quando fosse a minha vez.

Estou inerte, perdida em meus pensamentos, até que percebo que o metrô está parado. Com o cenho curvado em confusão, olho para as pessoas em volta a fim de tentar entender se alguém sabe o que está acontecendo. Geralmente esses percursos não possuem tantas paradas, já que é um só destino.

O anúncio estridente do condutor explicando a “dificuldade técnica à frente” não ajudou em nada. Minha expressão de frustração refletia a de todos ao meu redor.

Olhei pelas janelas e vi os túneis escuros passando lentamente, enquanto o tempo parecia ter desacelerado. Celulares foram erguidos como espelhos, e todos tentaram, em vão, encontrar uma conexão estável. A atmosfera no vagão estava carregada de desconforto. Suspiros pesados, olhares impacientes e reclamações abafadas preenchiam o ar.

Me sinto aprisionada em um limbo de chateação, desejando arduamente que o metrô voltasse a se mover e me libertasse desse transtorno. Apenas um pequeno contratempo, mas o suficiente para me fazer ficar aflita e imaginar; imaginar que não conseguirei chegar a tempo e abraçá-la.

O metrô finalmente retomou seu movimento, e meu coração acelerou com um misto de alívio e preocupação. Eu sabia que estava um pouco atrasada, e a inquietação crescia à medida que as estações se aproximavam. O tempo parecia escorrer entre os meus dedos, e eu não podia deixar de pensar nas possíveis consequências.

Enquanto eu buscava organizar mentalmente o que fazer quando chegasse ao meu destino, uma voz suave e conhecida ecoou em meu ouvido.

“A mamãe está com você, então apenas imagine, filha.”

Meu coração saltou, como uma bola de pingpong jogada brutalmente contra o chão, e os meus olhos se arregalaram. Quando me virei para ver quem havia falado, encontrei o olhar sereno e amoroso da minha mãe. A minha mãe. Não conseguia acreditar no que via, mas ao mesmo tempo não podia negar a realidade diante de mim. Ela estava ali, como um anjo guardião, para me acalmar.

Mãe”, sussurrei, tentando alcançá-la

Minha mãe sorriu e acariciou meu rosto gentilmente. “Você lembrará de mim. A sua vida mudará. Então, somente imagine…”

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