Capítulo 33

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                                                              Liya.


Estou sendo castigada pelo dia. Já fiz inúmeras coisas e as horas não se apressam.

Enquanto eu absorvia as informações da palestra, uma sombra desconhecida se aproximou furtivamente. Senti uma presença próxima e, ao levantar os olhos, me deparei com uma pessoa infamiliar, segurando um buquê de livros com uma fita de veludo negro, como se fosse um tesouro a ser revelado. Ele entregou-me o buquê, perguntou o meu nome e confirmou que era para mim.

Pra mim? Tem certeza?

Não estava acreditando que era pra mim. Varri o olhar pela sala, à procura de algum pertencente, mas me dei conta de que todos estavam focados em seus afazeres e que, aparentemente, era pra mim mesmo.

O meu coração disparado em euforia constatava a incredulidade do momento. Meu coração ansioso e as minhas mãos tremulam fazem-me fechar os olhos por alguns segundos. Busco manter-me calma para que eu possa apreciar e tentar descobrir o remetente responsável por me deixar demasiadamente feliz após horas de estresse.

E se for alguma brincadeira de mau gosto?, penso. Mas acho que não. Ninguém em sã consciência gastaria com um presente tão significativo se não tivesse alguma intenção.

Há inúmeros pensamentos, mas tento desvincular-me deles por um tempo para que eu consiga ler atentamente o bilhete que há preso em uma rosa.

"Todas as vezes em que recordo-me de Sabrina Jenkins, automaticamente remeto a você. Não há como não lembrar de você em cada poema escrito por ela. Acho que você tem sido a inspiração dela, não é possível. E a minha também."

a., alguém.

Torci tanto para que o dia acabasse que agora estou debruçada sobre a cama, com um dos livros em mãos, prestes a ler. Esperei por alguma mensagem dela, mas não recebi. Já se passaram inúmeras coisas na minha cabeça. Será que ela quem aguarda uma mensagem minha?

Alcanço o celular e digito os números do seu celular, e antes que eu disque em ligar, sou surpreendida com a sua voz invadindo o meu quarto. Olho-a por cima do ombro e sorrio. Ela está linda. Faz alguns dias desde que nos vemos. Às vezes não entendo o seu sumiço repentino. Dessa vez, ela passou três dias longe.

Salto da cama e corro em sua direção, enchendo seu rosto de beijos logo em seguida. Os seus murmúrios, agitados pela felicidade ao ser recepcionada assim, me incentivam ainda mais. Diminuo os beijos e encontro seus lábios que tanto senti falta, depositando um selinho calmo e significativo.

— Saudade, meu amor! - Curvo os lábios em um biquinho dramático, observando seu rostinho feliz. Seus olhos cerrados e o sorriso largo, despertam-me ainda mais a felicidade ao vê-la.

— Não vi você na faculdade hoje, amor. Muita correria? - questionou, enquanto sentava sobre a cama.

— Nossa, muita! - coloco a mão em minha têmpora, lembrando de todo o estresse de mais cedo. — Hoje eu fiz tanta, mais tanta da coisa, que achei que o dia não fosse acabar. - caminho em sua direção e sento em seu colo, encaixando as pernas nas laterais das suas. — Como tem sido esse semestre? Não vi você hoje.. Aliás, não vejo você há dias. Por onde esteve?

Caótico - Suspirou logo em seguida, com os olhos fechados por alguns segundos. — Às vezes acho que estou estudando uma nova cultura, um novo idioma - ela suspira —  Fui visitar a minha mãe, amor. Ela anda bem mal!

— Tenta psicologia, meu bem. Te garanto que você sairá bem mais dodói da cabeça. - rimos juntas. Floris alcança o meu rosto e delineia-o com os dedos, acariciando a minha bochecha. Seu olhar fixo e atento me desnorteia. — O que aconteceu com a sua mãe? - Sussurro, mantendo o contato visual.

— Alguns problemas com o meu pai. Eles não estão mais juntos, porém vivem se alfinetando, e sobra tudo pra filha única. — Ela parece sobrecarregada, visto que suspira fundo a cada dois segundos. — Tô precisando esfriar a cabeça. Que tal sairmos hoje?

— Deve ser difícil pra você lidar com essa inconstância dos dois. Eles terminaram há bastante tempo? - olho-a —Claro! Tô precisando esfriar a cabeça, também. 

— Faz, sim. Não me recordo o tempo exato. - Floris me beija delicadamente e deita ao meu lado. — Você estava lendo quando entrei, qual livro que era?

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