Capítulo 18

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                              Floris.

A verdade é que não posso, não posso colocá-la nesse meio. Não sabendo que já convivo como tal. Outrora, em outra fase da minha vida, sim, eu seria capaz de me relacionar com ela. E eu digo me relacionar porque ela não é uma mulher de apenas uma noite, não. Ela não é do tipo que você fode uma vez e fica por isso mesmo.

E, se ela descobrisse um terço, ao menos, tudo iria por água abaixo.

Não posso simplesmente ficar com ela e deixar com que criemos algo. Seria irresponsabilidade da minha parte infiltra-lá na minha segunda vida. Do lado de cá, sou Floris Jenkins, filha de uma das maiores autoras e também filha do prefeito da cidade que, apesar de não ser registrada, ainda é presente na minha vida — nem tanto.

Estou terminando de lavar a louça, enquanto escuto o meu pai ditar todas as regras de convívio. Não costumo vir em sua casa, mas sempre que venho me arrependo. A insuportável da minha madrasta consegue ser pior do que qualquer outra pessoa. E eu adoro provocá-la, o meu pai sempre fica do meu lado.

— Se comporte, filha! - Ele beija o topo da minha cabeça e depois acaricia a minha bochecha.

Irei ficar um tempo aqui, já que as minhas aulas estão suspensas por alguns dias. Ficarei aqui e na casa da minha mãe. Gosto da casa do meu pai, e gosto também da companhia dela. Ele é irritante, mas eu também sou, então acabamos nos complementando. A minha mãe adora afirmar que sou caricatura dele. É típico de mãe.

Ouço a campainha tocar e rolo os olhos irritada por ter que descer e ir atender. Não gosto de esperar por uma das meninas que trabalham aqui, então acabo me prestando. Giro a maçaneta e sinto o meu estômago retrair no mesmo instante.

Seus olhos maquiavélicos e o seu sorriso calculado me intriga. Às vezes esqueço que ele trabalha para o meu pai. Não sei como o meu pai o suporta, mas acredito que ele não suporta e sim gosta, já que ele trabalha para ele há um bom tempo.

— Não vai me convidar para entrar, Floris? - A sua voz enojada é como um dia de ressaca.

— Deveria? - alfineto-o.

— Deveria. - Ele me olha por baixo dos cílios. O mesmo olhar de quem quer me manipular.

Afasto para que ele entre. Se caso eu estivesse sozinha, obviamente não permitiria, mas não estou. Há, no mínimo, quatro seguranças lá fora.

— Seja breve - digo, sentando-me no sofá, com uma das almofadas no colo.

— Por que a pressa?

— Não me estressa, Liam. O que você quer? - Perscruto-o.

Você.

Não me aguento, acabo rindo alto enquanto deslizo a mão sobre minha têmpora. Eu sei que sou uma palhaça, que sempre estou à mercê de algumas brincadeiras, mas sou consciente de tudo que acontece ao meu redor. E, depois de ter sido tratada como um verme por ele, a única coisa que faria seria voltar para ele. Acho que não deixei claro o suficiente.

— Você não tem medo, não é? - Caminho em sua direção, parando diante dele. Meus braços estão cruzados abaixo dos seios e meu queixo está erguido o suficiente para encará-lo. — Você me ameaça inúmeras vezes. Coloca a maldita ameaça na porta do meu apartamento - sorrio incrédula — E ainda tem a coragem de vir aqui, na casa do meu pai, falar que me quer?

— As pessoas mudam, sabia? - Ele diz, e eu não consigo evitar de rir. — Você também não é santa.

— Nunca fui, Liam. Mas sempre fui consciente do verme que você é. - Viro as costas para ele, voltando para o meu assento. — Você deveria criar vergonha na cara e parar de encher a porra do meu saco.

Quase Confidencial - ROMANCE SÁFICO Onde histórias criam vida. Descubra agora