Capítulo 6

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                            Floris.

Despertei com um bocejo longo, os músculos doloridos testemunhavam a exaustão da faxina no novo apartamento. Com um gole rápido do café forte, tentei afastar a sonolência. O relógio marcava o primeiro dia de aula, e o nervosismo crescia enquanto vestia a roupa.

No caminho para a faculdade, os prédios se destacavam sob o céu matinal, e eu tentava mentalizar que aquele seria o começo de algo grandioso. Na sala, as pessoas pareciam tão perdidas quanto eu. Os cumprimentos iniciais foram tímidos, mas logo o professor chegou, com a sua aura de autoridade.

Durante a aula, meu cansaço se misturava com a curiosidade pelas novas informações. Perguntas surgiam na minha mente, mas eu hesitava em levantar a mão. Os colegas ao meu redor parecem tão focados quanto eu, mas acredito que seja somente a primeira impressão. Quando pegarmos intimidade essa sala será um verdadeiro caos.

No intervalo, aproveito para lanchar. Não costumo comer nas primeiras horas do dia. Estou de costas quando acabo sendo surpreendida por um toque, me viro e me deparo com Caio com os braços cruzados. Ontem, quando ele terminou de me ajudar, ele me deu seu número. E é incrível como nos demos bem, afinal, não nos conhecíamos a probabilidade era mínima. Ele ri e me encara, meio que incrédulo.

Ô azar, viu? Nunca imaginei! - Diz ele, me olhando. — Nam, bicha. Mereço!

Acabo rindo da sua indignação.

— Quê que foi? Larga a mão. - Franzo o cenho enquanto encaro ele. — Está fazendo qual curso?

— Faço técnico, amiga. E você? Começou hoje? - Sentamos de frente para o outro. — Muita gente na sua sala?

— Sim, comecei hoje. Faço publicidade. - Mordo um pedaço do meu lanche, ofereço-o mas ele acaba recusando. — Mais ou menos. - faço o gesto com a mão — Não imaginei que você estudava.

— Por que não?

— Porque você trabalha demais. Como consegue conciliar?

Realmente possuo curiosidade. Apesar de ser sustentada pela minha mãe e saber que não haverá necessidade em trabalhar - por hora -, sei que existem diversas pessoas que conciliam o trabalho e o estudo. E, observando de longe, parece ser completamente exaustivo.

— Eu não dou conta - ele riu exageradamente, e eu acabo rindo também — É sofrida a vida do pobre.

— Eu acho que seja mesmo, viu? - Comento em tom de deboche, torcendo para que ele entenda.

— Sua mãe não me adota não?

— Posso levar essa questão até ela, ela sempre quis ter um filho homem.

Ficamos conversando sobre algumas outras coisas. O cômico disso tudo é que eu jamais achei que pudesse surgir uma amizade entre duas pessoas desconhecidas. Nos conhecemos há dois dias e temos uma conexão palpável. Não forçamos as nossas conversas, sequer fingimos nada. É tudo tão… natural.

O Caio me contou um pouco da sua história e de como ele sofre tendo que conciliar o trabalho e os estudos, e eu fico um pouco sentida com isso. Nenhum jovem deveria ter que ficar tão exausto por ter que sobreviver.

— Hoje vai ter a festa inaugural. Sempre tem. E apesar de eu não calouro, eu sempre tô lá de intruso. Vamo?

Estou terminando de engolir o refri. Até cogitei ir quando foi comentado, mas sei lá, todo o meu entusiasmo que eu tinha para festas ficou lá na outra cidade. Aqui ninguém me conhece, e eu não sei se estou pronta para lidar com o comportamento das pessoas ao saberem quem é a minha mãe.

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