Capítulo 19

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                                 Floris.

Meus olhos se abriram lentamente, ainda pesados pelo sono, quando fui abruptamente despertada pelo estridente barulho que ecoava pela casa. Era minha madrasta, mais uma vez, impondo sua presença com sua voz aguda e irritante.

Um suspiro exasperado escapou dos meus lábios enquanto eu tentava me ajustar à realidade. O som invasivo reverberava em meu crânio, desencadeando uma mistura de frustração e irritação. Cada palavra dela parecia ser um golpe, penetrando minha tranquilidade matinal.

Eu mereço! - murmuro, praguejando-a mentalmente. Não sei como o meu pai consegue aturá-la. Ela é além do que concluem ser insuportável.

Com um gemido sutil, senti a lufada de ar escapar dos meus pulmões, como se eu estivesse tentando expulsar não apenas o ar, mas também a agonia auditiva que a acompanha. Meu coração pulsava, e minhas emoções oscilavam entre a exaustão e a vontade de escapar daquele tormento sonoro.

Aos poucos, ergui-me da cama, envolvida por uma névoa de sonolência e descontentamento. O dia mal havia começado, mas a tormenta provocada por ela já se fazia presente, pesando como uma nuvem negra sobre minha manhã.

Ao me levantar, o chão frio sob meus pés parecia intensificar a realidade desagradável daquela manhã. As cortinas entreabertas permitiam que a luz do dia invadisse o quarto, revelando a atmosfera pesada que pairava no ar.

Caminhei em direção à porta, a cada passo sentindo o eco irritante da voz dela reverberar pelos corredores. Minha expressão era uma mistura de resignação e desgosto, enquanto tentava bloquear mentalmente o som invasivo que persistia.

— Todas as vezes em que ela vem pra cá ela fica nessa mordomia, ela não ajuda em nada! - vociferou, ditando com os dedos.

— Temos empregadas para isso! - Meu pai sussurrou, sem ao menos olhar para ela.

Estou encostada na soleira da porta, com os braços cruzados e uma perna sob a outra. Quero questioná-la, mas não preciso fazer isso, já que ela se vira e me olha, destilando seu ódio por suas íris dilatada.

— Deve ser muito difícil não gostar de mim e ter que me suportar - Após falar, acabo deixando escapar um sorriso audacioso e calculado

— Olha só o jeito que ela se comporta! - Ela grita, apontando o dedo pra mim, mas meu pai não mexe um músculo sequer. — Você não vai falar nada?

Enquanto ela falava sem cessar, minha mente vagava para longe, ansiando por um refúgio mental. Fechei os olhos por um instante, tentando abafar o som ensurdecedor, mas mesmo com as pálpebras cerradas, a presença dela pairava. Implacável.

Uma mistura de frustração e impotência se acumulava dentro de mim. Era como se estivesse presa em um labirinto onde cada caminho levava de volta ao mesmo tumulto auditivo. Respirar tornou-se uma tarefa árdua, como se o ar estivesse impregnado com a tensão que ela trazia consigo.

Finalmente ela saiu, batendo a porta com força atrás de mim. Meu pai, que antes não me olhava, agora me examina em silêncio. Sinto o peso do seu olhar como uma espécie de toneladas sobre as costas. Quero falar algo, mas não sei se possuo razão por ter alfinetado-a. Permaneço em silêncio, pronta para ouvir seus sermões.

— Ela não está em um dos seus melhores dias - é tudo que diz, retornando sua atenção para a papelada em sua frente.

— Então todos os dias ela é insuportável assim? Porque não há um dia em que ela não reclame. - desabafo, sentando-me na poltrona. Ele me olha, com os olhos semicerrados. — Desculpa! - peço, escondendo os lábios.

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