Capítulo 11

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                                  Floris.

Despertei lentamente, minha cabeça latejava em ritmo descompassado, e os olhos pesavam como se tivessem sido preenchidos por chumbo. Ao abrir as pálpebras, o quarto vagueou em foco, revelando minha própria cama familiar.

Liya estava lá, observando-me com uma expressão que eu não conseguia decifrar. Uma onda de confusão se apossou de mim, tentando desesperadamente juntar fragmentos embaçados de lembranças. Flashbacks de lágrimas, risos forçados e um mar de álcool invadiram minha mente.

Meu coração acelerou ao perceber: eu tinha desabado, vulnerável, e Liya estava aqui. As paredes da minha reserva emocional tremiam, a tensão se acumulando enquanto eu tentava entender por que ela, de todas as pessoas, estava ao meu lado. A incerteza pairava, tornando cada palavra e gesto um território perigoso, enquanto eu lutava para desvendar o enigma de uma noite que a ressaca se esforçava para apagar.

O qu.. que aconteceu? - Minha cabeça está quase explodindo. Cubro meus olhos com as mãos, com certa dificuldade para enxergar a claridade.

— Você ficou bêbada e… - ela dá uma pausa rápida — Eu não pude deixar você sozinha.

— Que horas são? - pergunto, procurando o meu celular.

— Acredito que umas sete da manhã. - Liya diz, caindo sobre o colchão, com as mãos na cabeça. — Estou ferrada! - ela lamenta.

— Por quê? - Me apoio no meu cotovelo, sentindo a ânsia sucumbir todo o meu organismo. Me esforço para não vomitar.

Corro em direção ao banheiro, me debruçando sobre as pernas, apoiando-me ao vaso. Tudo que bebi ontem saí como água, aliviando um pouco do enjoo pertinente, até então. Sinto as mãos de Liya segurando o meu cabelo para que ele não se suje, queria agradecer por isso mas não encontrei forças suficientes.

Fico ali, debruçada sobre o vaso, por alguns minutos. Meus olhos estão fechados. Me sinto fraca, sem forças para nada. E agradeço por hoje ser final de semana, não suportaria ir para a faculdade e ouvir os professores berrando em meu ouvido. Só de imaginar já fico zonza.

— Você é lésbica? - A sua pergunta me faz abrir os olhos e olhá-la profundamente. Estreito meus olhos em sua direção, semicerrando eles. — Desculpa, é que… Desculpa!

Ela está prestes a sair do banheiro quando eu murmuro, em meio ao enjoo.

— Eu não sei. Eu só fico com mulheres desde que terminei o meu relacionamento. - concluo, fechando os olhos novamente.

— Ah, sim! Entendi…

Se torna palpável o seu desconforto por ter me perguntado algo tão íntimo, mas eu não ligo para isso. Pelo contrário, gosto da ideia de que ela possui curiosidade sobre a minha vida.

— Você fica com muitas mulheres, pelo visto... - ela diz tão espontaneamente que, ao perceber, curva o olhar, lutando para não me encarar. — Meu Deus, eu sou uma tapada!

— Eu não diria isso. Eu só não levo muito ao pé da letra o significado de “beijar”. Acredito que um beijo não mata ninguém, ou enfim... — E mais uma vez, sinto uma vontade absurda de vomitar tudo que já vomitei há minutos atrás..

— Hum… - ela murmura — Vou te deixar a sós.

Liya está quase girando a maçaneta para sair do cômodo em que estamos, e então decidi questionar o que sempre quis.

— Você fica com mulheres? - A pergunta a faz retroceder um passo, parar diante da porta e virar-se lentamente para mim. — Qual a sua sexualidade?

Eu… - Sua voz cambaleia entre a confusão e a racionalidade. — sou hétero.

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