Capítulo 22

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                          Floris.

Ainda estou em êxtase. Beijei quem eu tanto esperava. Mas me sinto uma idiota.

Sinto-me desconfortável pois, eventualmente, ela conhecerá meu nome, mas permanecerá alheia à minha história. É angustiante perceber que ela não me compreenderá totalmente. É como se eu lhe devesse algo, mesmo ciente de que não devo nada.

Essa sensação de incompletude persiste, uma vez que a minha história permanecerá sendo um mistério para ela. Mesmo sem dívidas reais, paira essa obrigação imaginária de compartilhar quem sou. Às vezes, pondero se a lacuna entre nós pode ser preenchida, se ela algum dia entenderá as camadas que constituem minha existência.

Ao reconsiderar, chego à conclusão de que não seria aceitável para Liya a ideia de que fui tudo, menos a pessoa que ela idealizou. Não menciono isso apenas no sentido emocional, mas porque sinto profundamente e lamento.

Não compreendo por que estou passando por isso. Não compartilhamos nada além de uma atração intensa. Sempre evitei me abrir para alguém, especialmente após os meus traumas. Não desejo ser o fardo intransponível em sua vida. Não quero ser a razão para que experimente o amargor das próprias lágrimas.

Ergo-me, pronta para encarar o restante da tarde que se desenha sombria. Passei o dia inteiro dormindo após uma noite de bebedeira com alguns colegas da faculdade. Agora, estou inclinada a beber novamente, mas desta vez na companhia de Caio e da minha garota do beijo de mel.

O barulho do meu celular, que acaba tornando-se ensurdecedor, tira-me do transe. Meu coração, por um instante, acelerou gradativamente antes de conseguir alcançar o celular, mas acabo dissipando-se da sensação após ver que não era quem eu esperava que fosse.

“O que será que essa garota quer?”, penso. Tenho inúmeros defeitos, e um dos piores é ser desapegada, mas possuo um forte ‘chama para pessoas apegadas.

Deslizo a notificação para o lado, não irei respondê-la nem tão cedo. Ainda mais agora que consegui o que queria. Não quero conciliar duas garotas. Quero somente uma, por hora. Quero somente a ruivinha que consegue fazer-me feliz apenas com um sorriso.

Estou descendo as escadas, torcendo para que o uber não tenha ido embora. Entro no carro, dando graças a Deus por ele ter me ouvido.

Agarro-a por trás, envolvendo meu braço em sua cintura. Assustada, ela vira-se e sorri ao me ver. Pudesse eu afogar-me em cada sorriso que me entrega.

— Se assustou, linda? - sussurro.

— Um pouco, mas depois sorri ao ver que era você. - Liya permanece com o seu olhar conectado ao meu. — Você está linda! - diz, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

Seria possível alguém mexer tanto assim comigo?

— Você sempre está deslumbrante, hoje não seria diferente - Meus olhos passeiam pelo seu corpo coberto pelo traje. Pude sentir o clima tórrido apossando-se do meu corpo. Faria loucuras por ela e com ela.

— Você está comendo ela com os olhos - a voz firme de Caio tira-me do transe.

Meneei a cabeça levemente e sorri incrédula, enquanto Liya permanecia me olhando.

— Concordo - Liya responde em direção ao Caio, que a olha com os olhos semicerrados.

— E se eu estivesse mesmo, isso seria um problema para você? — Ergo levemente o queixo, permitindo-me olhá-la de baixo dos cílios. Liya é um pouco menor do que eu, o que facilita minhas provocações e a coloca em situações vulneráveis e de submissão.

Quase Confidencial - ROMANCE SÁFICO Onde histórias criam vida. Descubra agora