capítulo 22

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      A pele de suas mãos ardia e seus ossos pareciam fora do lugar quando ela conseguiu agarrar o galho de um arbusto que se projetava do penhasco.
      Todos os seus nervos vibraram quando parou de rolar e ficou pendurada, segurando-se desesperadamente no galho com as mãos feridas.
        Meu Deus!  conseguiu falar, enquanto o coração batia de medo e de susto.
       Ajude-me! Seus pés procuraram um apoio, arranhando-se na superfície áspera da escarpa.
       Se ela não descarregasse o peso em outro lugar, o galho iria soltar-se da pedra onde tinha nascido e ela se arrebentaria nas pedras como um ovo caído de um ninho.
       Seu corpo cobriu-se de suor frio.
       Colette demoraria muito para trazer socorro?
       Os ligamentos de seus braços estavam ardendo demais e, na tentativa de encontrar um ponto de apoio, estava quase quebrando os dedos dos pés.
       O tempo parecia ter parado, mas, retorcendo o corpo, conseguiu apoiar os pés numa saliência, aliviando um pouco a dor nos braços e no pescoço.
        Porém, sentia que suas forças estavam sumindo gradualmente e que não ia agüentar muito mais.
        Ouvia o mar batendo embaixo, quebrando-se raivoso nas pedras, na escuridão. 
        Santa Mãe de Deus, ela murmurou, tentando não pensar no que aconteceria se caísse.
         Um tremor percorreu seu corpo e ela se agarrou mais desesperadamente ao arbusto, que a qualquer momento podia se desprender do penhasco.
        Kira, A voz alta e autoritária atravessou a escuridão.
         Segure firme, agapi mou, que vou salvá-la!
         Em cima havia o som de outras vozes e de repente a luz de uma lanterna começou a iluminar a encosta do penhasco, mostrando-a suspensa como um passarinho numa arapuca, com o coração batendo com toda a força, enquanto esperava ser salva.
         Uma escada de corda foi jogada e alguém desceu até o lugar onde ela estava.
       Um braço forte a segurou com firmeza e uma voz insistente a acalmou:
         Já peguei você! Vamos, não precisa mais ter medo!
        Suas mãos estavam segurando no galho do arbusto com tanta força que doeram quando se abriram.
       Ela ainda podia cair, mas Zonar Mavrakis a segurava e eles foram puxados juntos até a beira do penhasco. 
        Kira percebeu confusamente que havia gente em seu redor, que era envolvida num cobertor, que lhe davam um gole de conhaque e, por fim, sentiu o contato sólido do chão sob suas pernas trêmulas e seus pés feridos.
        Pelos deuses! , Zonar estava em pé a seu lado, os olhos brilhando na luz das lanternas.
       Alguém lá em cima gosta de você!
       Ela o olhou, abalada demais para falar.
        Seus olhos pareciam enormes no rosto pálido e, embora ela quisesse agradecer-lhe por tê-la salvo, as palavras não saíam de sua boca.
        Era como se sua mente e seus sentidos ainda não pudessem acreditar que estava salva.
        De repente lhe ocorreu que tinha escapado da morte por pouco e lágrimas encheram seus olhos.
        Com uma exclamação em grego, seu patrão carregou-a e, no momento seguinte, estava atravessando o jardim da casa com ela nos braços.
      Cansada e dolorida, kira percebeu vagamente que alguém o chamou, seguindo-os depois até a casa.
        Ele subiu a escada com ela, atravessou o quarto e entrou no banheiro, onde o vapor estava subindo da banheira e uma empregada esperava.
       Ele ficou parado por um momento, carregando-a e olhando para o rosto molhado de lágrimas.
       Como foi que aquilo aconteceu? — ele quis saber.
       Aconteceu. por acaso.
       Ela se sentia indefesa, presa por aqueles olhos escuros e pelos braços fortes.
         Ele parecia irritado, mas preocupado, e os músculos de seu estômago contraíram-se. — Supõe-se que você seja a governanta eficiente de meu filho e você faz uma coisa tão idiota como cair do penhasco! Ele a examinou intensamente.
        Ele a abraçava tão forte, Kira estava muito nervosa, mais Zonar, estava tremendo,seja mais cuidadosa de agora em diante.
        Ele a pôs de pé, dizendo à empregada que cuidasse dela, o jantar seria servido na cama.
        Na porta, ele tornou a olhá-la, com as sombrancelhas contraídas.
        Zonar estava em mangas de camisa, sem gravata nem paletó, e parecia muito moreno e grande em contraste com as cores claras do banheiro.
        Você está muito machucada?  ele quis saber.
        Não é nada sério , ela respondeu.
         Havia uma dor estranha na região das costelas, ela não podia tocar nisto, porque não parecia relacionada com a queda.
         Logo vou ficar boa. e muito obrigada pelo que o senhor fez.
        Agradeça a Colette , disse ele, um tanto bruscamente.
        Ouvindo seu nome, a francesa veio para junto dele e ali ficou, olhando para kira.
         Fiquei petrificada, chérie.
         Seus dedos prenderam-se no braço de Zonar, logo abaixo do lugar onde a manga estava enrolada, suas unhas como manchas de fogo contra a pele  bronzeada.
       Tinha certeza de que você tinha morrido.
        Alguém gosta dela ,Zonar resmungou.
        Vamos, ela precisa aliviar a dor do corpo.
         Depois que eles se afastaram, com Colette falando animadamente, Kira submeteu-se às atenções da empregada.
       Depois que entrou na banheira, contudo, quis ficar sozinha.
        Vou então cuidar de seu jantar, senhorita.
        A moça examinou a blusa e a saia de Kira que estavam rasgadas e sujas.
      Posso mandar lavar a saia, senhorita, mas olhe só a blusa, está toda rasgada.
       Mande lavar a saia, mas não se incomode com a blusa.
       Kira relaxou o corpo na água morna, cheia de espuma, e encostou a cabeça, sentindo-se muito melhor.
       Deve ter sido horrível, senhorita.   
       Havia pânico na voz da moça.
       Como num filme, com o sr.Mavrakis descendo daquele jeito para salvá-la!
       A senhorita deve ter ficado apavorada!
        Fiquei mesmo. Um pequeno sorriso insinuou-se nos lábios de Íris.
        Ouvia o mar batendo embaixo e meus braços doíam como se estivessem saindo das articulações.
      Ainda estou tremendo por dentro.
       Não sei se vou conseguir comer alguma coisa, sim.
       Se fosse a senhorita, pelo menos tentaria.
       Temos costelas de carneiro com batatas assadas, depois pêras com creme.
      Acho que a senhorita vai conseguir comer alguma coisa.
      Espero que sim, Kira suspirou, mexendo os dedos machucados na água.
        A porta do banheiro fechou-se atrás da moça e foi um alívio para kira ficar sozinha para poder aliviar na água a dor de seu corpo e o resto de terror.
        Começou a pensar no acidente, ocorrendo-lhe que Colette devia ter visto que ela estava perto da beira do penhasco e que não a avisara, como qualquer pessoa teria feito.
       Ela não tinha dito: "Tome cuidado, senão você vai cair". Kira enfrentou a verdade, embora parecesse absurda.
       Colette a considerava uma rival na afeição de Zonar Mavrakis e o fato dele ter descido o penhasco para salvá-la atiçava o ciúme que ardia no coração da francesa. 
       

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