O jardim da casa era maravilhoso e kira gostava de ficar andando à-toa quando podia dispor de algum tempo livre.
Ela e Aleko tinham passeado de barco e agora o menino fingia que era um marinheiro, dormindo numa rede que o empregado tinha armado entre duas árvores.
Kira sorriu consigo mesma enquanto passeava pelos caminhos que davam voltas pelo jardim, subiam e desciam, de modo que o mar podia ser visto de quase todos os ângulos.
Aleko era um menino divertido e criativo e a cada dia que passava ela ficava mais ligada a ele.
Sentiria muito quando tivessem que se separar, mas naquele momento tudo estava tranqüilo e o verão não ia terminar tão cedo.
Passou por uma touceira de azaléias, algumas cor de pêssego, misturando-se com os tons mais escuros dos rododendros.
Quase não tinham cheiro, ela percebeu, mas as cores compensavam. Abrigou-se embaixo dos galhos de um olmo enorme, que escondiam um pequeno mirante, onde às vezes se sentava para ler.
Na biblioteca da casa havia encontrado uma grande quantidade de livros, alguns tão românticos que ela se divertia em levá-los para aquele lugar, para ler sobre essa emoção que tinha sido excluída de sua vida com tanto rigor.
Ela achava os livros curiosamente absorventes e percebeu logo que não pertenciam ao homem que tinha alugado a casa para passar o verão.
Eram da proprietária, uma viúva que saía da Inglaterra todos os anos nessa época, para ficar com a filha em Florença.
Uma mulher solitária, kira deduziu, que encontrava consolação colecionando obras de ficção altamente imaginativas.
Era só ficção. Na vida real, ninguém se apaixonava tão profundamente quanto as pessoas nos livros.
Kira os lia com um sentimento de culpa, pois não eram do tipo de livro aprovado pela madre superiora.
Ela aconselharia kira a não acreditar em nenhuma palavra daquele exagero todo.
Kira parou para admirar uma moita de margaridas amarelas e de campainhas azuis.
Podia ouvir uma abelha zumbindo entre as flores, onde iria se cobrir de pólen e carregar o néctar para sua colméia.
O amor é o mel da vida.
As palavras dançavam em sua mente.
Seu patrão havia dito isso naquele dia no hotel, quando Colette entrara inesperadamente em suas vidas.
Mesmo agora kira se sentia surpresa.
Não imaginava que seu caminho pudesse cruzar novamente com o de Colette.
Quando se separaram no convento, parecia inevitável que seguissem rumos diferentes:
Colette para o mundo da moda, que sempre a atraiu, e kira presa num mundo onde não eram aprovados os enfeites do corpo.
Kira estendeu a mão para acariciar uma flor.
As pétalas eram macias e ela ficou comovida com a perfeição das flores.
Uma abelha enfiava o corpo numa flor, zumbindo, ocupada em se envolver no pó dourado.
Kira não podia imaginarA brisa soprava no jardim trazendo o cheiro do mar.
Kira pôs a mão nos cabelos longos, onde os raios de sol produziam reflexos.
Ela usava uma blusa aberta no pescoço e uma saia marrom.
Seus pés estavam calçados com sandálias novas e suas pernas nuas estavam bronzeadas pelo sol.
O céu começava a colorir-se.
A longa linha de penhascos perdia-se na distância.
Ela adorava a beleza e a melancolia do fim da tarde, a maneira como as gaivotas voavam e piavam nas pedras.
Por um instante, sentiu-se tranqüila, relaxada e livre da estranha tensão que a dominava quando estava na casa.
Estremeceu quando ouviu o barulho de passos: Zonar se afastava.
Virando-se, viu Colette, sozinha no jardim agreste, com um tailleur branco e uma blusa escarlate. O "C" de Chanel estava em sua bolsa e um lenço de gaze, colocado com elegância, protegia o cabelo da brisa do mar.
Seus lábios brilhantes curvaram-se num sorriso quando examinou kira da cabeça aos pés.
Nem parece que você ficou mais velha! Você nunca usa maquiagem para tirar o brilho do rosto?
Nunca me ocorreu, Kira admitiu.
Não sei me pintar e a madre superiora não iria aprovar.
Como vai ela? Sempre fiz o que queria com ela, mas acho que, no meu caso, ela sabia que era perda de tempo tentar me reservar para coisas melhores.
Ela vai muito bem.
Você sempre foi a favorita dela.
Você dava vida ao convento.
É mesmo, chérie.
Colette olhou em volta, franzindo as sobrancelhas bem-feitas.
Espero que aqui não haja mosquitos.
Não quero ser picada.
Eles não a perturbam, andando assim com os braços e as pernas nuas?
Uso um repelente. Quando vim aqui pela primeira vez, descobri que era propensa a ser picada e as picadas incomodavam e ficavam inchadas, por isso o Zonar sugeriu que eu comprasse um bom repelente, perto do porto.
Graças a Deus, funciona! ZONAR?
Os olhos oblíquos de Colette mostravam curiosidade.
É assim que você o chama?
Sim.
Você não deveria chamar ele de senhor?
Afinal você é empregada dele.
No início eu o chamava de senhor, mais ele insistiu,aliás me obrigou a chamar ele pelo primeiro nome.
Sim, ele é muito autoritário.
Os olhos oblíquos ficaram mais estreitos e brilharam entre os cílios escurecidos.
Você o acha sensacional, kira?
O. o que você quer dizer com isso?
O coração de kira batia descontrolado.
Chérie, você não é tão inocente assim! Colette deu uma risada de desprezo.
Você sabe muito bem o que quero dizer.
Você mora nesta casa e o vê sempre e deve ter percebido alguma coisa.
O que, por exemplo?
Energia, uma arrogância diabólica.
Ah, isso!
Dieu! ,Colette olhou para o céu, fingindo desespero.
Sei que você pretende tomar o véu, mas não me diga que pode viver na mesma casa com aquele grego e se sentir espiritual o tempo todo!
Os olhos dele me deixam com as pernas bambas!
Podia mergulhar neles e me afogar!
Eu tinha que vê-lo de novo, e quando vi você com ele. por um instante pensei que estavam casados!
Que absurdo! Já que gente como ele não se envolve com alguém como você.
Kira recuou como se tivesse levado um soco, sem perceber que o atalho atrás dela acabava na beira do penhasco.
Sua figura esbelta delineava-se contra o céu rosado e ela estava na defensiva.
Não entendo porque seria um absurdo, aliás ele me pediu sim,em casamento,EU a absurda aqui, que não quis, Kira pensou.
Colette deu uma risada.Uma risada fria e desprovida de humor.
Mas ele pensa tanto no menino que podia muito bem ter se casado só por causa de Aleko, sem considerar seus próprios sentimentos.
Os gregos gostam muito dos filhos e fazem qualquer coisa por eles.
Chegam até a se casar com alguém como eu para que eles tenham uma mãe?
A voz de kira estava fria.
Acho que o sr. Mavrakis não está precisando tanto assim de uma mulher. e eu me coloco no fim da lista de pretendentes.
Eu também a coloco, chérie .
Colette disse.
Você não é do tipo dele, mas foi porque estavam juntos.
Por um momento passou por minha cabeça que ele podia ter se casado com você. quero dizer, você não é do tipo que interfere na vida de um homem, ou que se impõe a qualquer preço.
Aleko teria uma mãe, mas Zonar ainda seria emocionalmente livre para,Colette interrompeu-se com uma risada significativa.
Você está me entendendo, não é?
Você se refere a uma mulher apenas no nome , kira disse com serenidade.
Um casamento de conveniência, acho que se chama assim.
É assim mesmo que se chama.
Colette parecia surpresa por kira saber disto.
De certa maneira, não é muito diferente de entrar para o convento, pois a mulher continua virgem.
É o que você sempre quis, não é?
Não vou discutir esse assunto,kira respondeu.
Nem aquela outra bobagem.
O sr. Mavrakis me empregou para tomar conta de Aleko por algumas semanas, por isso, Colette, não precisa se preocupar com a idéia, por mais remota que seja, de que ele quer se casar comigo.
Essa cobra 🐍🐍 ,mau amada mau sabe ela , que além de querer casar , ele não quer nada de conveniência. 🤫🤫🤫🤫
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Pecado E Amor :A Noviça E O Grego
عاطفيةEm sua inocência de noviça,kira nunca imaginou que seu corpo respondesse tão avidamente ao contato de Zonar, aquele demônio. "Um dia você terá de enfrentar o demônio". A madre superiora tinha avisado "E precisará de todas as suas forças para ex...