capítulo 1

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    kira nunca tinha entrado antes numa limusine, por isso sentiu-se intimidada com o conforto e o luxo que viu. O carro era forrado de madeira, o estofamento de couro era muito macio e havia um vidro separando os passageiros do motorista uniformizado.
    Era incrível que ela estivesse ali, no carro prateado, pronta para ir à Costa Oeste, encarregada de cuidar do filho de um homem chamado Zonar Mavrakis.
    Com o respeito que os gregos tinham pela educação católica, ele tinha procurado a madre superiora do Convento de Santa Clara e pedido que lhe arranjasse uma jovem para tomar conta de seu filho durante o verão.
    Ele pretendia passar três meses na Inglaterra em companhia de Aleko, por isso queria contratar uma moça inglesa para que o menino pudesse treinar o idioma.
     A madre superiora mandou chamar Kira para que ele a examinasse, vestida com o uniforme do convento.
     Ela parecia asseada e discreta e, depois de observá-la cuidadosamente, ele disse que ela servia.
     Kira tinha passado toda a sua vida no Convento de Santa Clara, por isso achou o grego tão amedrontador que teve vontade de dizer que não queria trabalhar para ele.
     Mas o respeito e a obediência foram mais fortes e ela aceitou a decisão da madre superiora.
     O rosto daquele homem permaneceu em sua mente por muitos dias depois daquela breve entrevista na saleta.
      Lembrava do desafio que havia em seu olhar, das cicatrizes das lutas no mundo dos negócios, da aura de autoridade que o cercava.
      Olhar em seus olhos tinha sido um mergulho através da escuridão, em mundos que sua inocência não chegava nem a imaginar.
      A madre superiora lhe informara que ele tinha assumido a direção de um hotel enorme na costa de Devon, por isso precisava passar alguns meses no local.
      Ele havia alugado uma casa nos arredores e era lá que ela iria morar com Aleko, um menino de seis anos, órfão de mãe.
      Então aquele grego que tinha entrado no convento, passando a tomar conta de sua vida, era viúvo. — A família Mavrakis é muito respeitada na Grécia — disse a madre superiora. — É gente de posição e se eu tivesse alguma dúvida a respeito desse homem, minha menina, teria recusado seu pedido.
      Mas você já está pronta para ver alguma coisa do mundo e, além do mais, vai fazer alguma coisa de útil, tomando conta dessa criança.
      Você não está com medo, não é mesmo? Kira voltou a pensar no pai do menino, sentindo de novo um certo nervosismo.
      Quase se abriu com a madre superiora, mas ela a olhava com tanta tranqüilidade que pareceu loucura deixar escapar que o grego a deixara muito consciente de ser uma menina tímida, educada num convento e que, em seus dezessete anos, só tinha conversado com os padres que vinham receber confissões no Santa Clara.
      Os olhos escuros daquele homem haviam examinado seu rosto e descoberto como ela era ingênua. a companhia ideal para seu filho. — E claro que no começo você vai se sentir constrangida. — A madre superiora levantou-se para acompanhar kira até a saída do convento, o único lar que conhecera. Quando atravessaram o pátio, em direção do portão, ela apertou a alça da mala, sentindo-se agitadada,como se ela nunca mais fosse voltar, como se ela estivesse correndo um grande perigo.



Pecado E Amor :A Noviça E O Grego Onde histórias criam vida. Descubra agora