No nascer do sol

Capítulo 20

"Estava tudo escuro, os joelhos da Camila estavam no chão, assim como as suas mãos. Sua boca tinha um gosto amargo e seus olhos ardiam de dor. Eram lágrimas, mas não de tristeza. Sua barriga está embrulhada de sensação estranha, junção de medo e humilhação, mesmo assim ela engatinhava..."

Camila acordou-se tensa. Tentou mexer seus braços, seus dedos, mas não conseguia. O medo dominava seu corpo, sua respiração ficou pesada. Parecia que estava amarrada, ou que tinha toneladas em cima dela.

Uma sombra aterrorizante e desconhecida brincava com seus sentimentos de pânico. Camila tentava gritar, mas não conseguia, ela queria sair dali o mais rápido possível. A sombra estava chegando, O grito atirava dentro da camila diante do silêncio da sua voz. Sua respiração acelerava a cada segundo, o nervosismo tomou conta do seu consciente.

— CAMILA?? — Chamou sua irmã Luiza. — Meu Deus, você teve uma paralisia do sono!

Assim que tomou controle sobre seu próprio corpo, ela começou a chorar sem controle, misturado com os gritos de medo, das lembranças do seu sono estranho.

— Ai, Camila, estou aqui. — Luiza abraçou com força a sua irmã mais velha.

Um sentimento mais forte crescia dentro da morena: vingança. Ela queria desvendar quem era a pessoa por trás dos seus sonhos. Ou melhor: pesadelo.

— Luiza — chamou com firmeza e autoridade. — Me ajuda com a roupa, hoje eu vou para um almoço.

— Almoço? Onde?

— Na casa do Roux, fui convidada.

Luiza parecia chocada com aquilo. — POSSO IR? — perguntou ela empolgada.

— Não, Luiza, fui convidada! Não posso convidar.

Camila olhou-se no espelho, seu corpo estava todo suado, iguais os cabelos encharcados. Aquele sonho era constante, por isso, ela sentia que era uma das peças do quebra cabeça. Já se passaram dias, e Ryan não falou mais nada sobre a investigação. Ela queria terminar aquilo o mais rápido possível.

━ • ☀︎ • ━

A casa do Roux era enorme, só o quintal demoraria minutos para atravessá-lo.

— Está bem, Camila? Você está tão calada — perguntou o David.

— Sim.

— Olha, faz tempo queria ter dito isso a você.

David tirou em uma caixinha preta, uma pulseira. Era de formato borboleta-azul e estava escrito "Pequena Camila."

— Nossa! É lindo!

— Fico feliz que tenha gostado. — Ele deu um sorriso curto. — Uma prima minha fez. Minha mãe gostou muito de você, Camila, ela queria saber se você gostaria de viajar com ela para estudar no exterior.

Camila ainda teve um pequeno arrepio com a pergunta inusitada. — Posso pensar nisso? — Loucura ela nem a conhecia.

— Claro, mas não esqueça de dar-me uma resposta.

— AH! VOCÊ? — gritou a Chloé assim que viu Camila caminhando pelo seu jardim. — INACREDITÁVEL, THOMPSON ANDAR COM ESSA GENTE!

Angus, seu marido, colocou a mão na testa e confessou: — Você está fazendo eu passar vergonha, Chloé!

— Procura um terapeuta. — Com desprezo, respondeu Camila.

— Bem-vindo a nossa casa, Sr. Thompson! — tentou amenizar Angus.