Capítulo 14 - Gladíolo

89 14 2
                                    

Eu definitivamente estou ficando maluca, porque mais uma vez cheguei cedo o suficiente para qualquer um estranhar

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Eu definitivamente estou ficando maluca, porque mais uma vez cheguei cedo o suficiente para qualquer um estranhar.


Não encontrei ninguém dos meus amigos, o que me dá a entender que eu fui milagrosamente a primeira a chegar hoje.

E como sempre, caminho diretamente pro meu armário e assim que o abro, o encontro normal, sem nenhuma flor ou bilhetinho que de vez em quando fazem meu estômago ficar esquisito.


Veja só? Cheguei primeiro que o admirador também? Mas que sorte eu tive agora.

Como a maluca que sou, me escondi novamente para poder flagrá-lo de vez. Confiante que dessa vez daria certo.


De onde eu estava, dava pra ver certinho o meu armário e ninguém conseguiria me ver.

- O que está fazendo? - Me assustei e encarei Agustín que parecia segurar a risada.

- Eu cheguei e não tinha flor no armário, me escondi pra ver se alguém aparecia de novo.

- Pensei que tinha desistido disso - Riu e me deu um abraço - Mas já que não, vou te fazer companhia.

- Eu não pedi sua companhia - Ele me encarou sorrindo.

- Foda-se? - Revirei os olhos.


Voltei a encarar meu armário com ele ao meu lado, Agustín tinha os braços cruzados em frente ao corpo e a feição despreocupada, parecia que estava se divertindo com a minha novelinha mexicana.

Eu queria ver se fosse ele no meu lugar.

- Pensei que o objetivo era observar seu armário, não eu - Me encarou de forma divertida e eu senti minhas bochechas esquentarem ao notar que o encarava feito uma psicopata - Sei que sou bonito, Anjo. Mas tente se controlar, posso acabar te denunciando.

- Para de ser idiota - Seu sorriso aumentou - Babaca.

- Um babaca que você não tira os olhos, não é? - Provocou - Admite, Lis! Eu te distraio com a minha beleza, me sinto mal por isso.

- Meu Deus - Ele riu - Você é no máximo ajeitadinho.

Me arrependo amargamente do que disse, no segundo que ele se abaixou um pouco e ficou da altura do meu rosto. Com o maldito sorriso convencido.

- Tão ajeitadinho que te fiz esquecer do admirador - Mordi meus lábios com raiva, porque era verdade e eu não poderia negar - Presta atenção no seu armário, amor.

- Eu te odeio - Ele sorriu mais uma vez e apertou o meu nariz.

Voltei minha concentração ao armário, com meu coração quase saindo pela boca e a sensação de que ele me observava.

- Quer um calmante? - O encarei e ele soltou uma risada.

- Idiota - Resmunguei cruzando meus braços e congelei ao ver uma pessoa com uma flor em mãos passar pela porta do corredor e caminhar até meu armário - Agustín, ele está com uma flor.

- É, eu vi - Respondeu de forma esquisita.

- E está na frente do meu armário.

- Sim, eu estou vendo - O encarei.

- Agustín, você pode ir comigo até lá? Eu não quero ficar sozinha com ele.


Ele somente assentiu e me seguiu até Juan que segurava uma flor cor de rosa que eu não sabia o nome e nem o seu significado.

Juan me encarou e abriu um sorriso, na qual não foi retribuído porque eu estava preocupada demais com a sensação de desmaio que estava sentindo.

- Lis! É pra você - Me entregou a flor - É um Gladíolo, vi que significa desejo amoroso e bem...acho que não preciso prolongar.

Escutei Agustín resmungar algo atrás de mim e o encarei completamente perdida, ele encarava Juan com uma feição nada agradável.

- Então... é você que me manda flores? - Juan sorriu e assentiu.

Essa foi a revelação mais sem graça da minha vida. Porque com a criatividade que ele tinha ao me mandar flores, o mínimo que eu esperava era uma revelação cheia de pétalas sendo jogadas de um balão voando por aí.

Sim, eu sou perturbada.

De repente o girassol já não fazia mais sentido, a sensação de vazio se apossou de mim. Eu nunca poderia ser a alegria dele, nunca conversamos antes.


Então tudo foi da boca pra fora?

- Lis? - Juan se aproximou e eu acabei recuando, senti Agustín segurar meus ombros - Eu venho te observando há tempos, o que acha de tomarmos alguma coisa após a aula?

- E-eu não te conheço, eu não quero sair com você agora - Ele me encarou surpreso - Não quero beber nada com você.

- Lis, olha pra mim - Agustín me fez virar pra ele - Está tudo bem, Juan já estava indo embora.

- Caso mude de ideia, me encontra na lanchonete aqui na frente da faculdade. Vou te esperar por meia hora.


Saiu e eu respirei fundo.

- Eu não quero beber nada com ele.

- Você não vai beber nada com ele - Garantiu - Respira fundo, Lis.

- Tudo foi da boca pra fora, Agustín? As flores e seus significados eram tudo da boca pra fora? Ele não me conhece - Deixei uma lágrima escapar - Eu pensei que estava apaixonada pelo meu admirador, mas agora eu descobri que tudo...

- Lis - Ele me interrompeu - Você está apaixonada? Está apaixonada pelo seu admirador?

- Eu não quero mais - Ele riu descrente.

- E é assim? Você decide quando está e não está? - Assenti - Eu também queria ter esse poder.

- Gente, o que foi? Por que você está chorando? - Fede se aproximou preocupado.

- Fede! O Juan é o meu admirador - Ele fez uma careta.

- O Juan? Tá ficando doida? De onde tirou isso?

- Ele me entregou essa flor e confirmou que era ele.

- Ele confirmou? - Perguntou surpreso e eu assenti - Mas gente, não tem como ser ele. Ele estuda direito.

- O que isso tem a ver? - Agustín perguntou confuso.

- Eu sei que a gente ignora, mas o cara tem a chave do armário dela. Isso é invasão de privacidade, né? - Agustín riu - Um futuro advogado, juiz, delegado ou sei lá que porra ele quer ser. Não faria isso, faria?

- Faria? - Perguntei em um fio de voz.

- Tá, calma - Respirou fundo - Vamos pensar, vamos pensar e não surtar... Caralho, eu vou surtar.

- Ele me chamou pra beber alguma coisa após a aula, vocês podem ir comigo e observar o meu copo? - Eles se encararam - Eu só quero pôr um fim nisso e viver a minha vida.

- Eu vou com você, tá? - Fede garantiu.

- Eu tenho um compromisso, mas me manda mensagem qualquer coisa - Assenti - Eu vou indo.


Saiu sem se despedir.

- Ele parece atordoado - Fede observou e se virou pra mim - Mas você está mais, vamos distrair você com um projetinho arquitetônico.

- Ele parece atordoado - Fede observou e se virou pra mim - Mas você está mais, vamos distrair você com um projetinho arquitetônico

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


- Ele está ali - Apontei para Juan que estava sentado mais afastado na lanchonete.

- Ótimo, você vai lá e fala pra ele não te mandar mais flores e a gente vai embora - Assenti e puxei Fede comigo até Juan.

- Oi.

- Lis! Você veio - Seu sorriso desmanchou ao olhar pro lado - Com o Fede.

- Fico muito contente em ver a sua alegria, todos ficam alegres quando me olham.

- Menos, Fede.

- Sentem.

- Não, eu só vim aqui te pedir a chave do meu armário e não quero que me mande mais flores.

- Por que eu teria a chave do seu armário, Lis? - Indagou confuso.

- Não é você o meu admirador? Que coloca flores e bilhetes no meu armário e...

- Ah! Eu só te mandei um buquê de margaridas e a flor de hoje - Riu - Eu não seria idiota de ficar mandando flores todos os dias para uma garota.

- Nossa que felicidade! - Fede soltou e eu acabei sorrindo completamente aliviada.

- Eu fiquei sabendo que recebe flores todos os dias, você está bem famosa no campus e como eu fiquei interessado. Acabei me aproveitando do lance das flores e mandei um buquê pra você. Pensei que assim eu teria alguma chance.

- Ah.

- Bem, já que está esclarecido que ele não é o senhor flores, vamos embora? Esse papo embrulhou meu estômago.

- Sim, tchau.

- Espera, nós podemos sair juntos - O encarei.

- Sinto muito, mas você não faz o meu tipo - Acenei e puxei Fede comigo - Não era ele, Fede! Não era.

Pulei de felicidade do lado de fora e ele riu me puxando para um abraço.

- Mais um descartado da lista!

- Quem sobrou?

- Théo e Andrew.








FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora