Daddy issues - Joesar/Joaiser

☆ 20. Morte ☆

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Entro na casa de ar frio e luzes acesas já sabendo que não há mais esperança.

Ele não voltaria mais cedo por algo que apenas me renderia alguns tapas, não.

Se ele voltou, vai ser muito pior.

De todas as vezes que ele já voltou mais cedo de algum compromisso, todas acabaram em idas desesperadas ao hospital realizadas por minha mãe.

Mas agora não tenho mais ela para me ajudar.

Por esse e outros motivos sinto que dessa vez vai ser pior.

Ando mais um pouco, o silêncio é tão grande que consigo ouvir cada passo meu, cada batimento cardíaco nervoso, cada respiração...

Isso me dá caláfrios.

Finalmente chego na sala de jantar, onde tenho encontrado ele para todos os avisos que ele me dá, porém dessa vez, tudo parece mais sério.

Ele está de terno e com a barba bem feita como sempre, os cabelos castanhos já com vários fios grisalhos que ele nem se dá o trabalho de arrumar estão mais penteados que de costume, entretanto, algo em sua aparência me assusta mais que os outros aspectos:

Um sorriso macabro se abre quando eu chego, um sorriso que ele nunca abriu antes e que eu desejava que nunca o fizesse.

Ele olha para mim devagar, analisando minha aparência, ele não se dá ao luxo de se aproximar, mas quando me analisa muda expressão, acalma mais o sorriso, provavelmente em forma de um deboche.

- Está atrasado Jouki. - ele começa com a voz estranhamente serena.

- Creio que isso não seja importante agora senhor.

- Pois não é mesmo, você é perspicaz Jouki, uma pena que também é rebelde...

Rebelde?

Eu passei anos tentando agradar ele, fazendo de tudo por ele e agora só porque eu saí um pouco da linha ele me chama de rebelde?

É como se meu esforço todo fosse para o lixo.

Mas se tem uma coisa que eu aprendi tendo um pai violento é que a maioria das coisas que ele falar e fazer eu tenho que aguentar calado.

Mas hoje eu não preciso fazer isso, afinal, não vou gastar meus possíveis últimos momentos de vida abaixando a cabeça para ele.

- Vamos direto ao ponto, não quero perder meu tempo com enrolações. - digo sério.

- Certo então. Por um descuído seu, acabei tendo o desprazer de escutar uma ligação entre você e seus amigos cujo os nomes são insignificantes que acabou me chamando bastante atenção.

Tão insignificantes quanto sua existência pensei.

- Acabei escutando coisas - continua - coisas que me fizeram abrir os olhos sobre o ser que mora debaixo do meu teto.

Espera, ele ouviu a ligação que eu fiz logo depois que ele saiu?

Merda.

Eu sempre esqueço que ele liga as câmeras do meu quarto sempre que saí de casa.

Merda, merda, merda...

César-kun pode estar correndo perigo, sério perigo.

Nunca quis envolvê-lo nessa situação e agora por culpa minha ele pode correr perigo.

Eu me odeio.

- Eu te criei por anos muleque... anos. Para no final, eu descobri que você é apenas um viadinho de merda.